domingo, 31 de janeiro de 2016

PRESIDENCIAIS 2016 - Uma leitura pessoal

Não votei na recente eleição presidencial. Estava fora do país. Deliberadamente? Claro que não. Saí contudo sem problemas de consciência. Tinha a clara noção de que, para Marcelo, não era sequer uma eleição. Apenas uma aclamação. 
Amigos meus podem confirmar que até previ a vitória do célebre comentador logo na primeira volta. O que não era difícil e veio a acontecer. Arrisquei mesmo acrescentar que venceria com mais de 60% dos votos expressos. Enganei-me em menos de 7%. E só em 8 das 11 freguesias que integram o concelho de Tomar. Nas outras três -Casais/Alviobeira, Olalhas e Serra/Junceira- praticamente aceitei. Até pequei por defeito no caso das Olalhas e da Junceira, onde Marcelo ultrapassou os 70% dos votos entrados nas urnas.
A partir dos resultados oficiais, montei este conjunto de resultados:

Freguesias                              Marcelo       Marisa Matias         Edgar Silva          SN + MB

Madalena/Beselga                  43,89%             16,11%                   3,67%                30.25%
Asseiceira                              44,87%             15,01%                   1,56%                31,26%
Paialvo                                   45,93%             10,70%                   5,03%                33,30%
Sabacheira                              50,52%             10,19%                   1,46%                33,47%
Além da Ribeira/Pedreira          50,76%             11,97%                   3,48%                28,03%
Carregueiros                           52,91%              12,21%                   2,91%                26,94%
S. João/Santa Maria                54,22%              11,21%                   2,05%                26,79%
S. Pedro                                 56,55%              10,50%                   2,28%                24,98%
Casais/Alviobeira                    59,46%              11,30%                    1,06%                23,51%
Olalhas                                   71,01%               7,54%                     0,89%                14,35%
Serra/Junceira                        72,04%                6,81%                     0,80%               14,73%

Daqui me parece resultar que: 1 - Marcelo só não venceu à primeira volta em três freguesias -Asseiceira, Madalena/Beselga e Paialvo. Exactamente aquelas em que predominam os pensionistas e os funcionários públicos ou de empresas públicas. 2 - A soma dos votos dos dois candidatos implicitamente apoiados pelo PS só ultrapassa os 30% em 4 freguesias: as três antes mencionadas mais a Sabacheira. 3 - Marisa Matias conseguiu um resultado extraordinário em todas as freguesias. Mesmo naquelas tradicionalmente mais à direita, como a Serra/Junceira e as Olalhas. 4 - O PCP sofreu uma autêntica derrocada, com 5,03% como melhor resultado, numa freguesia há longos anos governada pela CDU, o nome artístico do dito partido.
À luz destes resultados, tornam-se nítidas, pelo menos para mim, algumas bizarrias nabantinas. Desde logo a importância eleitoral do Bloco de Esquerda, que todavia não tem qualquer representante no executivo camarário. Ao contrário do que acontece com a CDU/PCP, que até governa, apesar do seu evidente descalabro eleitoral e não só. Segue-se a lenta mas continuada erosão eleitoral do PS, que só venceu, acedeu ao poder e continua a fingir que governa por manifesta inoperância do PSD e de Pedro Marques. Finalmente, julgo que os social-democratas tomarenses só não ganham as próximas autárquicas se não souberem nem quiserem aprender a conseguir traduzir em votos entrados nas urnas a evidente grande maioria de que dispõem no concelho. E sem a tal eleição primária vão deixar fugir o poder outra vez. 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Para quem gosta de jornalismo de qualidade

"A troika está de volta a Portugal

O país saiu do plano de ajuda internacional em Maio de 2014, mas esta visita dos "homens de negro" constitui um teste para o novo primeiro-ministro, o socialista António Costa

Os "homens de negro" estão de volta ao país de Fernando Pessoa. Na passada quarta-feira, 27 de Janeiro, os representantes da troika iniciaram uma visita técnica de uma semana a Lisboa. Missão principal: vigiar o estado de saúde económica de Portugal -sobretudo o seu rigor orçamental, cerca de dois anos após a saída do país do plano internacional de ajuda, iniciado em 2011. Contra um empréstimo de 78 mil milhões de euros, o governo português comprometeu-se então a implementar uma série de reformas drásticas, destinadas a corrigir as finanças públicas e a sair da recessão.
Desde então, Portugal conseguiu regressar com êxito aos mercados financeiros e ao crescimento económico. Mas esta terceira visita "pósprograma" surge mesmo assim como um grande teste para o primeiro-ministro socialista António Costa, que começou a governar em Novembro de 2015.
"O seu antecessor de centro-direita, Pedro Passos Coelho, que dirigiu o país entre 2011 e 2015, era o bom aluno da troika, lembra António Costa Pinto, politólogo na Universidade de Lisboa. Aplicava as reformas exigidas sem discutir, pois estava convencido da necessidade de liberalizar o país."
Já António Costa conseguiu o segundo melhor resultado eleitoral prometendo acabar com as sequelas da austeridade. A sua coligação sustenta-se graças ao apoio (todavia sem participação no governo) do Bloco de Esquerda e dos comunistas, que reclamam medidas sociais. Mas o primeiro-ministro prometeu também controlar as finanças públicas, em conformidade com as exigências de Bruxelas..."O que quer dizer que, para satisfazer os dois campos, será obrigado a fazer um delicado exercício de equiibrista", analisa António Barroso, especialista de Portugal na empresa financeira Teneo Intelligence.
Para o chefe do governo, que foi presidente da Câmara de Lisboa, cidade onde continua a ser muito popular, o desafio é claro: tem de convencer os seus parceiros europeus da necessidade de voltar a dar um pouco de oxigénio à economia portuguesa, favorecendo o consumo. A troika, por sua vez, dá a entender por meias palavras que receia ver Portugal regressar às "maleitas de antes da crise", segundo foi possível apurar junto de fonte próxima dos credores.
Na realidade, a Comissão Europeia mostra-se inquieta ao ver o governo português encarar a possibilidade de reverter várias medidas implementadas nestes últimos cinco anos, tais como alguns cortes nos vencimentos dos funcionários e nas pensões de aposentação. Outro tanto acontece com o aumento do salário mínimo (de 505 a 530 euros, em 14 meses), que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2016 e fez ranger os dentes em Bruxelas.
Tal como o FMI, os funcionários europeus pensam que Portugal deve continuar com as reformas estruturais. Por exemplo com a redução da burocracia que pesa sobre os empresários, ou abrindo ainda mais o mercado do trabalho, implementando uma fiscalidade que favoreça o investimento em vez da dívida...
A Comissão de Bruxelas aproveitará igualmente a sua presença em Lisboa para examinar detalhadamente o orçamento para 2016, no quadro do "semestre europeu", prática corrente em todos os paises membros da UE, a qual visa evitar que algum deles deixe aumentar o défice. "É um teste importante para a credibilidade de António Costa", adianta uma fonte europeia.
Conseguirá o primeiro-ministro honrar os seus compromissos? Como é que vai financiar as novas despesas já previstas? Poderá renunciar a algumas delas, sem desencadear os protestos da esquerda radical? As discussões prevêem-se muito agitadas.
Teoricamente, Portugal regressou à normalidade orçamental em 2015, reduzindo o défice para 3% do PIB, de acordo com as primeiras estimativas. Mas essa taxa sobe para 4,2% quando se acrescentam os recursos públicos usados no caso do banco BANIF, em Dezembro de 2015. Apesar disso, o governo comprometeu-se a reduzir o défice para 2,6% em 2016, contando com um crescimento económico de 2,3% do PIB. Uma previsão considerada demasiado optimista pela Comissão Europeia, que prevê um crescimento de apenas 1,7% do PIB. "A redução da austeridade deverá contudo favorecer o crescimento económico, o emprego e, por conseguinte, as receitas fiscais", matiza Jesus Castillo da financeira Natixis.
Outro ponto de tensão: a dívida pública, a qual atingiu 130,5% do PIB no terceiro trimestre de 2015. O governo de António Costa conta poder reduzi-la para menos de 126% do PIB, no fim deste ano. Trata-se de um objectivo credível, pensam os economistas. "Mas Portugal continua muito frágil em termos de dívida pública. Qualquer aumento das taxas de juro será fatal para as finanças públicas", considera com inquietação António Barroso, entre outros.

Marie Charrel - Le Monde Economie et Entreprise, 28/01/2016,  página 4,
Tradução e adaptação de António Rebelo

Argumentação de sanita

Na política, como na vida em geral, é sempre conveniente procurar manter um certo nível. O das boas maneiras, no mínimo. Na recente entrevista ao Cidade de Tomar, a nossa simpática presidente parece ter tido um momento de menor atenção. Falando do mandato anterior, declarou que "...nos deixaram muita coisa por fazer. Designadamente estradas para alcatroar, casas de banho que deviam estar abertas ao público, como aquelas que existem atrás da câmara, que nós abrimos."
Ó senhora presidente! Tenha paciência. Argumentação rasteira e negra como a do alcatrão, ainda vá que não vá. De sanita é que não. Porque se trata mesmo de um assunto de merda.
Com cenas destas, bem se pode dizer que a política nabantina está cada vez mais como o crocodilo daquela conhecida história de origem russa -voa mas é assim muito baixinho. Ao nível do alcatrão e das sanitas turcas, que como se sabe são encovadas no pavimento respectivo... Triste sina a nabantina!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Mazagão/El Jadida - Marrocos

Dez aspectos da antiga cidade portuguesa de Mazagão, abandonada por ordem do governo de Lisboa em 1769. Os cerca de 2 mil habitantes vieram para a capital portuguesa, sendo mais tarde levados para Nova Mazagão, a norte do rio Amazonas, no actual Estado de Amapá - Brasil.
As fotos falam por si, excepto duas:1 - A da Porta do Mar, que dá nome ao actual café, situado em frente. 2 - A cisterna portuguesa, de 1542. Para visitar paga-se 10 dirhams = 1 euro. A sua irmã gémea, no Claustro da Micha - Convento de Cristo - Tomar, nem sequer é visitável, apesar de igualmente Património da Humanidade. É o progresso tomarense...











ESPERANÇA > DESALENTO > ESPERANÇA

Regressei de Marrocos com alguma esperança. Ainda em Mazagão (actual El Jadida), li o comunicado do PSD Tomar e não desgostei. Pelo contrário. Não sendo uma obra-prima, nem uma beleza de argumentação, também não envergonha. Demonstra ânimo, vontade de mudar e de acertar. Só aquela ameaça oca do final é que era, quanto a mim, escusada. Mas eu não sou do PSD e os actos ficam com quem os pratica. Vinha portanto com uma réstea de esperança...


Chegado a Tomar, levei logo com um balde de água fria. Lá se foi a esperança e lá voltou o desalento. Falo da estrambótica entrevista da nossa presidente ao Cidade de Tomar. Senhora simpática, educada, geralmente bem vestida e penteada, com evidente facilidade de palavra, confesso que não esperava dela tanto dislate em tão pouco tempo. "Acredito no meu projecto para Tomar", afirma a dado passo. Mas qual projecto?!?! Algumas ideias avulsas do tipo abertura do museu da Levada, Tabuleiros a património da humanidade, turismo judaico? Visivelmente a respeitável autarca confunde ou finge que confunde um monte de tijolos com um muro. Porque algumas medidas descosidas, sem articulação e mal fundamentadas, não constituem nenhum programa. São apenas alibis para tentar entreter o eleitorado. E logros, que saem em geral muito caros, porque raramente têm retornos.
Se bem percebi aquilo que li e reli , Anabela Freitas está convencida de que governou bem até agora. Julga que vai conseguir melhorar a situação local a curto/médio prazo, embora não explique como. E para cúmulo, vê-se como vencedora das futuras eleições locais, o que a levou a apresentar extemporaneamente a sua candidatura. Para garantir o lugar, evitando inoportunas ultrapassagens. Parece-me francamente de quem não tem os pés bem assentes na terra que pisa, nem compreende bem o contexto político em que age.
Agravando a questão, resolveu a simpática senhora autarca usar uma linguagem de soberano absoluto, só ela saberá com que fito: "Porque não admito que quem concorre a eleições... ... saia a meio. A equipa tem que ir até ao fim." ... ... "E a distribuição de pelouros é competência exclusiva minha, quer os vereadores gostem quer não."
Sendo assim, a senhora assume-se como rainha. Fica então por explicar o caso do príncipe consorte, que ao fim de pouco mais de dois anos, teve afinal tão pouca sorte. Caso perdido, portanto?
Resta a esperança PSD. Se quiserem ter a coragem de trabalhar politicamente como se faz por essa Europa aberta fora, julgo que o melhor será marcar até Outubro uma eleição primária aberta para escolher o candidato à autarquia, bem como a restante lista. Eleição primária aberta = todos podem ser candidatos e todos podem votar, filiados ou não no partido, desde que sejam eleitores no concelho, Vamos a isso???

sábado, 16 de janeiro de 2016

Até ao meu regresso


É verdade. Tomar a dianteira 3 vai arejar. Ver como estão as coisas do turismo ali para as bandas de Marrocos, que por aqui já está visto. Marraquexe, Telouet, Ait Benhaddou (foto da capa), Essauira, El Jadida/Mazagão e Casablanca. Organização pessoal, viagem individual. Rebanhos, só quando não há outra solução viável.
Salvo imprevisto, o próximo texto poderá ser lido na tarde de 28 de Janeiro. Até lá deseja-se que tratem de viver o melhor possível. O que nem sempre é simples...

Informação, jornalistas, toalhas e panos de cozinha

Nunca fui, não sou, nem tenciono vir a ser jornalista. Mas nada tenho contra os jornalistas. O que não me impede de escrever o que penso. Como os leitores bem sabem, tenho aqui referido bastas vezes a pouca qualidade da informação local, que me parece ser ao mesmo tempo uma causa e uma consequência da triste situação a que Tomar chegou. Estou equivocado? É possível. Mas a ser assim, agradecia uma demonstração séria e sem margem para dúvidas.
Dos vários manuais de jornalismo que li, concluí que, para haver boa informação/bom jornalismo, é necessário: 1 - Ter os meios para saber; 2 - Ter talento para dizer/escrever; 3 - Ter coragem para noticiar; 4 - Nunca confundir toalhas com panos de cozinha, nem alhos com bugalhos ou bosta de vaca com tijeladas. Numa frase incisiva -Boa informação só com bons profissionais.
Recebi de António Feliciano, jornalista numa das rádios locais, um comentário devidamente assinado ao meu texto Vivemos numa aldeia global. Publico com todo o gosto. Sempre defendi a liberdade de expressão e o direito à informação. O leitor fará o favor de tirar as suas conclusões. E se quiser comentar, já sabe. É só escrever e assinar por baixo. Aqui tem o meu contacto: anfrarebelo@gmail.com



sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Vivemos numa aldeia global


Infelizmente, a crise económica que assola a cidade e vai continuar a agravar-se não é só local. É também regional, nacional e mundial, embora mais ou menos grave consoante as cidades, as regiões e os países. A demonstrar que vivemos afinal numa aldeia global, onde os problemas de uns são também os dos outros. No que concerne à crise nos Centros históricos, eis o que noticia o Le Monde (o grande jornal francês de esquerda, com uma tiragem diária de 300 mil exemplares), na página 6 do seu caderno Economia, datado de 12/01/2016:




Tradução: "Centros históricos à venda - Os centros históricos das cidades médias francesas estão confrontados com o encerramento de estabelecimentos comerciais, uns a seguir aos outros. Em causa a dispersão urbana e o desenvolvimento das grandes metrópoles. As zonas turísticas são as únicas excepções."
"O turismo para salvar o comércio tradicional e lutar contra a desvitalização - O turismo como tábua de salvação ? A hipótese é séria. Entre as cidades que ainda escapam à desvitalização figuram as grandes metrópoles, mas também as cidades turísticas, tais como Nice, Saint Jean de Luz ou Sables d'Olonne"

Em resumo: Em França, os centros históricos também definham a olhos vistos e só o turismo os pode salvar. Sucede que -precisão importante para os tomarenses que gostam muito de se vangloriar com a multidão que vem assistir aos Tabuleiros- não é bem o turismo de forma abstracta que pode salvar a economia de centros históricos condenados. A salvação está nas despesas dos turistas. O que é bem diferente.
A experiência demonstra que Tomar está muito mal posicionada nessa área. E vai continuar a estar, caso os responsáveis pelo seu futuro -que somos afinal todos nós- não tenham a coragem necessária para avançar. Para alterar o que está mal. Para mudar para melhor.
Por outras palavras, pouco ou nada adianta, em termos económicos, atrair milhares de visitantes, se depois não sabemos, não queremos ou não podemos agir de modo a levá-los a abrir os cordões à bolsa. Comendo, bebendo, comprando...
Alcobaça, Batalha, Évora, Óbidos ou Coimbra, por exemplo, já vivem também do turismo e dos turistas, porque os seus pontos de interesse se situam nos respectivos centros históricos. Como bem sabemos, não é de todo o caso de Tomar. Cada vez mais turistas vêm visitar o Convento de Cristo = Património da Humanidade = grande atracção a nível internacional. Mas muitos nem sequer chegam a visitar o Centro Histórico. Por isso pouco gastam cá. Os comerciantes locais que o digam...
Porque assim é, se queremos realmente desenvolver a economia turística tomarense, é mesmo imperativo alterar para melhor a situação actual. Fixar como objectivo a alcançar que todos, ou quase todos os visitantes, venham passear e gastar no Centro Histórico. Exactamente aquilo que proponho no meu anterior texto Uma proposta honesta. Trazer os turistas até ao centro da urbe, antes e depois de visitarem o Convento, cobrando-lhes estacionamento e deslocação ida e volta. Incentivando-os assim a consumir. Não por opção política. Simplesmente porque não há outro modo relativamente rápido de revitalizar o Centro Histórico, incrementando em simultâneol o turismo local.
Aqui deixo o meu apelo aos tomarenses de verdade e aos autarcas: Por favor, acudam à cidade. Avancem ou deixem avançar. Não tornem ainda mais difícil o que já não é fácil. É o nosso futuro como comunidade local viva e dinâmica que está em causa. Saibamos todos ser dignos da nossa história e dos nossos antepassados ilustres!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A passo de cágado reumático

Há cerca de cinco anos atrás procurei alertar os responsáveis locais para a necessidade urgente de proporcionar aos visitantes e aos residentes instalações sanitárias decentes. Na sua edição de amanhã Cidade de Tomar inclui uma reportagem assinada por Elsa R. Gonçalves sobre o mesmo tema. Cinco anos mais tarde! Que mudou entretanto? Pouco ou nada. As retretes de S. Gregório fecharam. As da Calçada de S. Tiago foram arranjadas e estão agora apresentáveis. As da Cerca idem idem. As situadas junto à Abegoaria Municipal e à Estação da CP vão de mal a pior. As da Cerrada dos Cães originam problemas frequentes, devido à sua péssima localização. As de Santa Maria dos Olivais estão fechadas quando são mais necessárias. As do ex-estádio raramente estão asseadas. E é cá um fedor...
É o progresso nabantino. A passo de cágado reumático. E depois alguns eleitos locais ainda têm o desplante de se lamentar. Como se a culpa não fosse deles.
Pobre gente. Pobre terra.

anfrarebelo@gmail.com

Quantos vieram afinal à Festa dos Tabuleiros ???

Logo a seguir à  mais recente edição da Festa Grande de Tomar, vulgo Festa dos Tabuleiros, a informação local que temos deu largas à habitual megalomania nabantina. Foi noticiado que a festa tinha atraído a Tomar mais de um milhão de visitantes. Leu bem. Mais de um milhão de visitantes. Como não houve bilhetes de entrada para assistir ao cortejo, nem qualquer outra forma de contagem, cada qual disse o que lhe deu na real gana. 
Publica agora Tomar na rede uma peça sobre as entradas anuais nalguns monumentos, que pode ser lida aqui  Conquanto se trate de uma notícia a ler com cautela, é muito útil para tentar aferir o total de visitantes que vieram mesmo assistir aos Tabuleiros.
Trata-se de uma notícia a ler com cautela porque, como quase sempre sucede, comporta algumas ratoeiras. Neste caso e antes de mais, porque se refere apenas aos monumentos explorados pelo IGESPAR, o que exclui, entre outros os palácios e o Castelo de Sintra, o palácio de Queluz, a Sé de Lisboa,  a Capela dos Ossos, em Évora, a Universidade de Coimbra ou o Palácio da Bolsa, no Porto, por exemplo. O que naturalmente torna qualquer comparação bastante problemática.
Depois porque, mesmo no ãmbito dos monumentos geridos pelo IGESPAR, há discrepâncias a ter em conta. Esta, por exemplo, que altera singularmente as estatísticas: Enquanto o Convento de Cristo emite e portanto contabiliza bilhetes pagos e bilhetes gratuitos só para fins estatísticos, Batalha e Alcobaça, por exemplo, só emitem bilhetes pagos, excluindo por conseguinte dos totais anuais os milhares de alunos de todos os graus de ensino, que Tomar inclui. Por isso anuncia mais visitantes do que Alcobaça.
Ainda assim, a notícia de Tomar na rede permite ter uma ideia mais fundamentada sobre o total de visitantes por ocasião da Festa dos Tabuleiros. uma vez que fornece dados verificados e documentados, em vez de meras hipóteses mirobolantes, oriundas de cérebros nem sempre devidamente formatados. 
Sendo certo que, como já escrevi alhures, a grande maioria dos turistas que vêm a Tomar visita o Convento e tendo em conta que em 2015, ano de festa, a antiga sede da Ordem de Cristo registou um acréscimo de 55 mil entradas em relação ao ano anterior, pode-se dizer que isso se deveu aos que vieram para assistir ao Cortejo dos Tabuleiros.
Por conseguinte, se a informação local tivesse noticiado a verdade ao estimar mais de um milhão de visitantes, apenas menos de 5,5 visitantes em cada 100 teriam visitado o Convento. Convenhamos que é manifestamente pouco. Mais razoável será, digo eu,  partir de um elementar cálculo de probabilidades, em que um visitante tanto pode ir ao convento como abster-se. Porque já conhece, porque custa 6 euros ou porque é preciso subir ou porque são só pedras velhas... Teremos então uma hipótese 50/50, o que nos dará à volta de 100 mil visitantes durante toda a festa tomarense. O que já é muito bom. Mas desmente com factos provados os génios locais, que não há meio de conseguirem distinguir e separar a realidade e a fantasia. Por isso estamos como estamos.
Pobre gente. Pobre terra.

anfrarebelo@gmail.com

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Naufrágio de uma comissão regional de turismo

Ponto prévio

Peço licença para relembrar aos leitores o principal motivo porque escrevo -para tentar despejar e assim limpar parcialmente  a cabeça. Na triste série de episódios  que vem a seguir, decidi omitir os nomes dos actores. Uns já estão sepultados, outros procuraram terras mais acolhedoras, outros ainda continuam a sua labuta, espero que com mais qualidade e melhores resultados. De qualquer maneira, seria inútil citá-los nominalmente, sabido como é que nesta terra e neste país nunca ninguém erra e portanto também ninguém se arrepende. Somos assim, que se há-de fazer?

No início da década de oitenta, era eu deputado municipal na bancada do PS, veio o então vereador com o pelouro do turismo, que era também bancário e delegado sindical, pedir-me ajuda. Disse-me, visivelmente temeroso, que ia haver uma reunião em Santarém de todos os autarcas do distrito com o pelouro do turismo, para discutir a criação de uma comissão regional de turismo. Acrescentou que não se achava minimamente preparado e por isso me pedia a minha ajuda técnica.
Após ter trocado ideias sobre a matéria com o então responsável local da actual CDU, que me garantiu a neutralidade dos autarcas daquela formação política, resolvi aceitar. Dias mais tarde, lá fomos os dois, o referido vereador e eu, no velho Mercedes da autarquia. Levava comigo alguma documentação técnica, que entretanto reunira e relera, habituado que estava e estou a fazer sempre em tempo útil o trabalho de casa.
Feitas as apresentações, começou a reunião no salão nobre da Câmara de Santarém, com os autarcas do PS sem perceberem muito bem qual era ali o meu papel. Explicações dadas e aceites, o vereador que me convidara alegou que tinha aulas na Faculdade de Direito, em Lisboa, despediu-se e deixou-me sozinho.
Durante cerca de três horas fiz o possível para demonstrar aos intervenientes que das autarquias presentes a de Tomar era a única com recursos turísticos indiscutíveis e a comissão de turismo mais antiga da região centro, de 1936 (foto 1)
.

Mostrei a seguir, de forma comparativa, aquilo que referiam os grandes guias de turismo sobre a região do Ribatejo. Terminei indicando a posição da nossa Câmara : Só integrar uma comissão regional de turismo com sede em Tomar e que não se chamasse do Ribatejo, com o qual nada temos a ver geograficamente.
Algum tempo depois, estava eu lendo o jornal no café Pepe, ali na Praça da República,  quando um ex-presidente e então vereador me  disse que estavam um pouco atrapalhados para encontrar um nome para a nova comissão regional de turismo que ia ser criada, e indagou se eu tinha alguma ideia. Escrevi-lhe num guardanapo de papel três hipóteses: A - Comissão Regional de Turismo dos Templários; B -Comissão Regional de Turismo da Floresta Central; C - Comissão Regional de Turismo das Albufeiras. Acrescentei que a primeira é mais histórica, a segunda mais ecológica e a terceira mais desportiva.
Li depois que os nossos ilustres e brilhantes autarcas tinham resolvido adoptar as três designações em bloco. Ficou assim a nova entidade com um nome bem pomposo e pretensioso, que manteve até ser extinta por manifesta inutilidade: Comissão Regional de Turismo dos Templários, Floresta Central e Albufeiras. Rir ainda é o melhor remédio e foi o que fiz na altura. Agora já tenho mais vontade de chorar. Deve ser da idade...
Seguiu-se o que já é do domínio púbico, pelo menos parcialmente. Instalada no edifício do turismo municipal (foto 2), o mesmo onde antes funcionara a Comissão de Iniciativa e Turismo mais antiga da região centro,

a novel entidade de turismo era presidida pelo vereador da cultura da Câmara de Tomar, da AD, e tinha dois funcionários municipais destacados.
Vieram então os anos de vacas gordas, durante os quais os sucessivos presidentes governaram a vidinha com pouco esforço, sendo que todos tinham um ponto em comum: nenhum sabia muito bem o que fazer com os poderes e as verbas disponíveis.
A fartura era tanta que o primeiro presidente, o já mencionado vereador da AD, resolveu arranjar uma sede para alojar dignamente o órgão regional a que presidia. Comprou a ex-sede da agência local do Banco de Portugal, ao fundo da Corredoura (foto 3) por 49 mil contos = 245 mil euros, pagos em função da respectiva importância populacional pelas 9 autarquias que integravam a citada comissão.


Após anos e anos sem obra que se visse, resolveu o governo acabar com o regabofe das verdadeiras vacas leiteiras que eram as comissões regionais de turismo. Só aqui na região havia três, uma em Leiria, outra em Tomar, outra em Santarém, sendo certo que Leiria e Santarém não são propriamente grandes cidades turísticas...
Reduzidas pelo governo a cinco, uma em cada região plano (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve), a usual mania tomarense das grandezas levou a integrar a nossa região de turismo no Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, que herdou todos os bens das extintas comissões, entre os quais a sede tomarense ao fundo da Corredoura, paga pelas câmaras da zona, com destaque para a de Tomar.
Só mais tarde as sumidades que fingem que nos governam se deram conta de um pequeno detalhe importante. Por ser a zona mais desenvolvida do país, em termos de PIB per capita, a região de Lisboa e Vale do Tejo só tem direito a 50% de participação comunitária nas várias empreitadas, enquanto que a zona Centro recebe 75 ou 80% consoante a natureza do empreendimento. Foi quanto bastou para Tomar integrar o Turismo do Centro, com sede em Aveiro, enquanto que Santarém optou pelo Turismo do Alentejo, sediado em Évora. Mas o património, esse ficou no Turismo de Lisboa, que agora o quer vender ou arrendar (foto 4).


 E a nossa Câmara cala-se muito bem calada, porque não quer meter-se em alhadas.
Mais comentários para quê?

anfrarebelo@gmail.com

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Uma proposta honesta

Uma proposta honesta, para resolver um problema cada vez mais grave. Refiro-me ao desenvolvimento do turismo em Tomar. Como é sabido, praticamente todos os turistas estrangeiros e a esmagadora maioria dos visitantes nacionais vêm a Tomar apenas para visitar o Convento de Cristo. Que é de muito longe o nosso melhor cartaz, seguido pela Festa dos Tabuleiros, infelizmente só a cada quatro anos, o que lhe retira muita visibilidade no painel nacional e internacional de destinos.
Procurando não ofender ninguém, é-se mesmo assim obrigado a constatar que a autarquia é uma entidade inerte na área do turismo. Se exceptuarmos as desastradas obras paivinas, mal planeadas, mal projectadas, mal executadas e depois mal utilizadas, que já fez a autarquia em prol do turismo local, a actividade económica que mais cresce no Mundo? A resposta é NADA. Até o primitivo parque de estacionamento da Cerrada dos Cães foi obra da extinta JAE - Junta Autónoma de Estradas. E abstenho-me de falar do tristérrimo caso da ex-Comissão regional de turismo dos templários, que fica a aguardar melhor ocasião...
Além do já vindo a público, nomeadamente o problema dos autocarros de turismo que estão erradamente proibidos de descer a Estrada do Convento, bem com os dois acidentes, felizmente sem gravidade, que essa estúpida medida já ocasionou, há todo um rol de inconveniências que a fraca informação local tem silenciado, por falta de meios e não só. Também para não incomodar, que a autarquia é um bom cliente...
Das inconveniências antes referidas, destaca-se o mal estar dos motoristas de turismo, que detestam passar por Tomar, devido aos muitos problemas que isso acarreta sempre; a falta de estacionamento para autocarros junto ao Convento (há apenas 7 lugares, se bem arrumadinhos...), a falta de estacionamento para ligeiros durante a estação alta, os roubos nos parques existentes, a invasão de terrenos privados para estacionamento, as altercações provocadas por veiculos mal estacionados...
No meu entender, apoiado na minha experiência como ex-profissional de turismo, e num razoável conhecimento do Mundo, a melhor solução para resolver os problemas mencionados e contribuir para melhorar a imagem de Tomar no mercado turístico não é muito cara nem demasiado complexa. Eis as suas grandes linhas: 
A - Instalar dois parques de estacionamento pago na cidade, vocacionados para turistas, um na     Várzea Grande, outro no Vale Pereiro, (o vale entre a Anunciada e a Estrada de Leiria); 
B - Instalar um duplo tapete rolante, subterrâneo e tarifado, entre o terraço do ParqT e a Cerrada dos Cães; 
C - Proibir o trânsito automóvel ascendente na Estrada do Convento. (Excepto moradores, bombeiros, ambulâncias e outras excepções justificadas.)
Para que não julguem que é só conversa, estou pronto a assumir as minhas responsabilidades. Obtido o acordo prévio do Município, criarei uma empresa que implementará e explorará as novas estruturas, sem recurso ao orçamento municipal, entregando à autarquia uma percentagem dos lucros obtidos, a determinar em tempo oportuno.
Fico aguardando a reacção dos senhores eleitos, que sei nesta altura muito ocupados com a sua própria sobrevivência política. Ainda mais problemática após a crítica certeira do ex-vereador Becerra Vitorino. Que colaborou na farsa e depois tardou a demarcar-se, mas lá acabou por perceber... (Ver tomarnarede.blogspot.com)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Mais um caso escandaloso


Esta notícia do autocarro com turistas que se atolou na Venda da Gaita é mesmo uma grande gaita.
Primeiro porque passou praticamente despercebida. Só Tomarnarede a publicou. A demonstrar mais uma vez a fraca eficácia da informação local. Depois, porque uma matéria que causaria escândalo em qualquer cidade ainda viva, aqui em Tomar só teve até agora o silêncio e a inacção como resposta. E no entanto, atente-se na enormidade da coisa.
Um motorista de turismo, mais cioso do seu profissionalismo, resolve trazer os seus clientes à cidade, depois de terem visitado o Convento de Cristo. Como mandam a regras da profissão, pois turista vem para visitar, não para passar de autocarro. Dado que não podia descer pela Estrada do Convento e não conhecia a cidade, tentou resolver da melhor maneira. Caiu numa bifurcação sem as mínimas condições operacionais ou de segurança, pondo os turistas transportados em alvoroço. Foi vítima da armadilha engendrada pelos senhores técnicos superiores da autarquia. Péssima imagem da cidade, péssima imagem da autarquia. E já é o segundo acidente do género em pouco tempo naquele local, desde a infeliz ideia de interditar aos autocarros de turismo a descida da Avenida Vieira Guimarães, vulgo Estrada do Convento.
Os senhores autarcas que temos estão à espera de quê para tomar providências? Não me parece que seja assim tão complicado inverter a presente situação. Basta proibir que os autocarros subam, mas autorizar que possam descer pela citada artéria citadina. E providenciar a necessária sinalização. Ao cimo da Rua da Graça, na Estrada de Paialvo, no ramal para o Convento e na Venda da Gaita. E também não lhes ficaria nada mal ordenar quanto antes a requalificação do local do acidente, que bem precisa, assim como mandar colocar sinalização adequada pela cidade, a indicar um parque de estacionamento para autocarros. Que poderia muito bem ser no local da antiga messe de oficiais...
Acessoriamente, conviria que, de uma vez por todas, fosse apurado o que querem realmente os tomarenses. Um armazém de funcionários mais ou menos úteis e mais ou mais ou menos competentes? Ou uma autarquia ao serviço da comunidade que a sustenta com os seus impostos? Autarcas politicamente capazes, com projectos e com capacidade de liderança efectiva? Ou pessoas simpáticas que apenas procuram melhorar os seus fins de mês? 
Como estamos não vamos longe.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Câmara CDUPS ?

Ainda continuam revoltas as águas políticas nabantinas. É salutar. O passado já demonstrou que em clima de marasmo andamos para trás. Ao que Tomar a dianteira conseguiu apurar, naturalmente sujeito a confirmação, poderemos vir a ter a curto prazo um executivo CDUPS. Assim mesmo, sem barra (/) nem hifen (-). Eis a explicação possível nesta altura da refrega.
Atacado por tudo e por todos, Luís Ferreira ainda não terá dito a sua última palavra. Parece contudo mais conformado, mais consensual. Também porque a sua saúde física não é infelizmente das melhores. O que sinceramente aqui se lamenta. Porque nunca convém confundir diferendos políticos com zangas pessoais. Os eleitos e funcionários locais farão o favor de tomar boa nota deste detalhe.
Se tudo correr como previsto por fontes muito credíveis, contactadas por este blogue, Ferreira vai mesmo afastar-se de Tomar, deixando vago o tal lugar de técnico de informática, que tanta polémica causou. Nesta altura há duas hipóteses em cima da mesa: Ou vai finalmente ocupar o seu lugar de técnico de informática na Câmara de Alpiarça, ou vai para assessor do grupo parlamentar do PS, na A.R.
Em qualquer dos casos, não é líquido que deixe de intervir nos assuntos tomarenses. Embora devido ao seu afastamento forçado deixe de ter acesso directo e imediato a todos os processos municipais, continuará ainda assim a dispôr com total liberdade do conteúdo do computador da presidente e sua companheira. E da sua tribuna como deputado municipal. O que no meu fraco entendimento pode bem significar que, no essencial, tudo vai continuar na mesma. Veremos...
Conseguido o afastamento físico do ex-chefe de gabinete, vai seguir-se o retorno de Rui Serrano ao lugar de vice-presidente, naturalmente condicionado pela indispensável condescendência de Hugo Cristóvão. Tomar a dianteira pode garantir contudo que as coisas parecem estar bem encaminhadas, lideradas pelo vereador da CDU.
Sem a sombra tutelar do motor local do PS e com as coisas nos seus devidos lugares, anteriores à mini-tragicomédia, chegará então o tempo das reuniões de coordenação PS/CDU, que Bruno Graça almeja praticamente desde sempre: "Em Novembro de 2013, a CDU apresentou à Senhora Presidente uma proposta para ser criada uma equipa de trabalho que elaborasse um estudo sobre a situação financeira do Município e perspectivasse a sua reestruturação/saneamento... ... ... As reuniões dos vereadores com a Sra. Presidente da Câmara, para coordenação e articulação da acção política continuam a não ocorrer. Há mais de três meses que não se realiza nenhuma reunião entre os quatro eleitos." (Recente comunicado da CDU, sem data).  
Sendo as coisas aquilo que são, não seria correcto esconder o óbvio. As futuras reuniões periódicas de coordenação entre a presidente e os TRÊS vereadores serão, em termos práticos e usando linguagem desportiva, como um jogo entre o Benfica, que também é vermelho mas joga na primeira divisão, e o União de Tomar, agora na segunda distrital.
Mas se for para o progresso de Tomar, porque não? Para pior já basta assim!

anfrarebelo@gmail.com

sábado, 9 de janeiro de 2016

Isto quanto mais muda...

Isto quanto mais muda, mais está na mesma. Reproduzo a mensagem de um leitor, recebida ontem: "Vejo que a situação política em Tomar está "animada". Faz-me recordar os últimos tempos do executivo camarário anterior. Continua a intrigar-me como é que Tomar, com tanto potencial, continua estagnada desde há anos. Será correcta a analogia com aquele tipo de famílias aristocráticas decadentes, que gerações atrás detinham poder, riqueza, prestígio, mas agora vivem só dos louros do passado?"
Muito pertinente este seu curto bilhete, caro leitor. Que denota sem querer aquilo que me parece óbvio: foi escrito por um cidadão que não é tomarense nem vive em Tomar. Se assim não fora, se calhar andaria cego, como quase todos os de cá.
Disse-o Lavoisier, mas afinal sucede o mesmo na política como na química: "As mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos." Não deve por isso surpreender ninguém a similitude entre a triste situação deste executivo e a tragédia que foi o anterior. Também agora estão, ou simulam estar, equivocados. Antes, a culpa fora do Paiva e do Corvêlo, agora o bode expiatório é Luís Ferreira. Que tudo tem feito, é bem verdade, para ser assim crucificado, com a sua excepcional inteligência prática desbaratada em bazófias, arrogância, cabotinismo, manipulações várias...Uma pena. Mas daqui não resulta que o ex-chefe de gabinete tenha sido o único ou sequer o principal factor da grave crise nabantina.
Dizia-me há dias um dos intervenientes activos no presente imbróglio: "Todos os problemas internos e externos da câmara têm origem no Luís." Esta perfeita ilustração do aqui já antes referido complexo de Édipo é extremamente grave, pois esconde o essencial. Luís Ferreira causou imensos problemas mas o fulcral, que afinal condiciona tudo o resto, continua sem ser mencionado ou tido em conta: O município de Tomar arrecada cada vez menos receitas, mas gasta cada vez mais com encargos permanentes. Exactamente como acontece com o governo de Lisboa...e o de Atenas. Por conseguinte, não nos iludamos. Algo terá de mudar mesmo. E quanto mais tarde pior.
Sucede que no actual executivo camarário me parece haver um único eleito que, tal como a seu tempo o Botas de Santa Comba, sabe o que quer e para onde vai. O Botas era de extrema-direita; o dito autarca é do extremo oposto. Mas na política os extremos tocam-se, tal como na física nuclear os átomos iguais se repelem e os contrários se atraem. Isto para dizer que, no meu fraco entendimento, o projecto implícito do dito vereador não tem qualquer viabilidade nos tempos mais próximos. Estamos portanto condenados à permanência na estaca zero, caso insistam em não provocar eleições intercalares.
Sobre a sua alusão às velhas famílias aristocráticas decadentes, caro leitor, julgo útil referir que, no caso de Tomar, há um enorme equívoco quanto à nossa herança sociológica. Apregoamos os Descobrimentos como a grande epopeia do país, quando afinal se tratou apenas e só de um empreendimento levado a cabo primeiro pelo Infante D. Henrique, com os dinheiros da Ordem de Cristo;  depois pela própria Ordem, até ao final do reinado de D. Manuel. mestre da Ordem antes de ser rei. Quando a coroa, na pessoa de D. João III, tomou conta da Ordem e dos descobrimentos, sucedeu o mesmo que tem acontecido com as nacionalizações .Foi o descalabro e a multi-secular agonia, que nos trouxe até onde hoje estamos: Pobres, tristes, sem ideias, sem esperança, porém arrogantes e com afigurações. Tanto em Tomar como no país...
A mudança afinal é para quando?!?!

Contacto: anfrarebelo@gmail.com

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

E agora???

E agora??? perguntam em tom angustiado aqueles tomarenses interessados nas coisas da sua terra. Que também não são assim tantos. Os da esmagadora maioria estão como sempre foram: amorfos, imobilistas, medularmente conservadores e seguidistas. Agora, para tentar perceber o que aí vem na área política nabantina, parece-me indispensável proceder como na medicina -efectuar um diagnóstico tão completo quanto possível e só depois prescrever uma terapêutica.
Uma vez que no fim de contas isto anda tudo ligado, começo por ter em conta que também desta vez a informação local escrita (que a outra nem a oiço) esteve ao seu nível habitual. Só o Mirante é que apresenta uma cobertura escorreita e suficiente da crise em curso. Mas o Mirante não é um semanário tomarense...
Indo à crise. Sejamos argutos: Esta crise tem afinal duas componentes que convém separar. Há por um lado a luta política de Bruno Graça, visando afastar Luís Ferreira, por já ter percebido há muito que é ele a cabeça e o motor da actual maioria relativa. E o único travão eficaz no que se refere às legítimas ambições da CDU a nível local. Por outro lado, em simultâneo, vai-se desenrolando um drama edipiano, que a CDU tem sabido aproveitar. Os filhos políticos de Luís Ferreira, que são afinal todos os membros do executivo, excepto a CDU e o PSD, apaixonaram-se pela mãe, não em termos físicos, mas apenas enquanto símbolo do poder, e tentam por isso "matar" o pai. Não por mero sadismo. Como condição indispensável para se verem finalmente livres de um tutor demasiado exigente e excessivamente prepotente, porque ultra-inteligente e com enorme traquejo político, mas infelizmente também cabotino até à medula. O que retira protagonismo aos tutelados...
Para já, graças à tenacidade obstinada do vereador Bruno Graça, ambos os sectores conseguiram uma vitória importante, porém parcelar e transitória. Atingiram o companheiro e tutor da presidente na carteira, sem contudo lhe retirar a sua capacidade principal -governar por interposta pessoa. Gravemente ferido onde menos lhe convinha, o ex-chefe de gabinete dispõe contudo de recursos intelectuais como nenhum outro (excepto talvez Bruno Graça) para tentar "dar a volta por cima". Não me surpreenderia por aí além se fosse o próprio PS a provocar eleições intercalares, aproveitando a evidente anemia das restantes forças locais, bem como a manifesta incapacidade da CDU para ir além de um vereador.
A não ser assim, vamos continuar neste lamaçal até final do mandato. Com todos os intervenientes agarrados à gamela, uns por isto, outros por aquilo, outros ainda por isto e mais aquilo.
Haveria ainda, é verdade,  a hipótese de fortes protestos da população, susceptíveis de forçar uma mudança a curto prazo. Mas isso aqui em Tomar é como esperar calor tórrido num dos polos...

Contacto: anfrarebelo@gmail.com

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Um mártir para conseguir mais votos ?

Em plena crise política tomarense, José Gaio, o mais arguto jornalista tomarense, apesar de emigrado na Suiça, faz no seu Tomarnarede algumas perguntas muito pertinentes. Destaco esta: "Qual o papel de Bruno Graça (CDU) no meio de toda esta disputa política?" Embora discordando da expressão "disputa política", por considerar que se trata antes de mera disputa familiar entre os filhos políticos de Luís Ferreira e o seu pai ditador e abusador, reconheço ser ainda assim uma interrogação fundamental. Porque a câmara tem sobrevivido e continua em funções exclusivamente graças à evidente abnegação de Bruno Graça. Que não é nenhum ingénuo e muito menos um analfabeto político. Por conseguinte...
Procurando responder à justa interrogação de José Gaio, fui reler o longo comunicado da CDU e dele respigo o seguinte:
1- Em Novembro de 2013, a CDU apresentou uma proposta sobre a situação financeira do município e manifestou-se contra a nomeação de Luís Ferreira como chefe de gabinete. "Nem a proposta nem a opinião foram tidas em conta" informa agora a dita coligação.
2 - "Em Dezembro de 2014, as contradições entre os vereadores do PS e o chefe de gabinete agudizaram-se... ... Face à situação, a senhora presidente assumiu o afastamento do seu chefe de gabinete como uma decisão indispensável ao bom funcionamento e imagem do executivo, primeiro até à Assembleia Municipal de Fevereiro de 2015, depois até à Assembleia Municipal de Abril, depois  até à Festa dos Tabuleiros, depois até à semana seguinte às eleições de 4 de Outubro e finalmente até 1 de Novembro de 2015."
3 - Em 2 de Outubro de 2015 a CDU entregou à presidente da câmara uma declaração da qual Tomar a dianteira destaca o seguinte: "A CDU considera que a decisão do sr. Luís Ferreira de concorrer ao procedimento de mobilidade interna na sua carreira, passando de funcionário do Município de Alpiarça para o de Tomar, é uma decisão do seu foro pessoal.
Contudo, a CDU de Tomar manifesta a sua total discordância em relação a este processo e dele se demarca, por considerar que ofende os mais elementares princípios da ética democrática e política."
4 - Supostamente em Novembro ou Dezembro de 2015, Bruno Graça é taxativo: 1. - "As reuniões...continuam a não ocorrer. Há mais de 3 meses que não se realiza nenhuma reunião entre os quatro eleitos"; 2. - "Nada foi avançado sobre o posicionamento do sr. Luís Ferreira na estrutura do município; 3. - A redistribuição de competências continua por realizar. ... ... ..."
Face a este rol de problemas da mais variada espécie, lógico seria que o vereador da CDU já tivesse renunciado aos pelouros que exerce e assim acabado com a coligação apenas nominal (tanto mais que nem precisa do inerente vencimento), precipitando a realização de eleições intercalares. Mantendo-se por assim dizer a meio da ponte, dá a ideia de estar a compor uma imagem de mártir, como forma de vir a conseguir mais votos em futura consulta eleitoral. Todavia, manda a verdade acrescentar que também deixa a porta escancarada à restante oposição: "A CDU tomará posições autónomas nas reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal, face a propostas e posições apresentadas pelas diferentes forças políticas presentes nestes órgãos."
O PSD e o os IpT estão à espera de quê para convocar uma reunião conjunta visando um acordo tácito para deixar o  executivo sem quorum, forçando assim eleições intercalares? Não lhes convém?
Os IpT ainda nada disseram sobre o o actual momento, o que não pode deixar de surpreender. Quanto ao PSD, publicaram um comunicado mal amanhado, todavia com uma frase excelente sob todos os pontos de vista: "Temos uma câmara espartilhada, limitada, desorganizada, sem rumo e sem projectos para o concelho de Tomar." Eu não diria melhor. E então? Avançam ou saem de cima?

Contacto: anfrarebelo@gmail.com


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Caso PARQT: Mais um balde de água fria

Conforme deixei claro na mensagem de 27/12 sobre o escândalo PARQT, a esperança é sempre a última a morrer. Estava então convencido que, após quase três anos de espera, iria finalmente poder consultar um dos processos mais controversos da autarquia nabantina. Engano meu. Ingenuidade a mais. Esta resposta da senhora presidente oficial da edilidade é como o célebre algodão do anúncio -não engana ninguém:


Vou portanto ter de aguardar que a justiça siga o seu curso, para depois, se ainda estiver vivo e com  a cabeça a funcionar normalmente, poder aceder ao âmago da questão. Entretanto, esta carta da autarquia, certamente já influenciada pelo manifesto clima de crise que reina ali para as bandas da Praça da República, denota um outro factor importante: a grosseira agressividade desencadeada pelo meu pedido insólito, inoportuno e inconveniente. Escrevo isto porquanto, para pasmo meu e como o leitor pode verificar, contrariando todas a regras da boa educação e do protocolo, a dita resposta não contém qualquer fórmula final de cortesia, que devia de ter. Nem cumprimentos, nem saudações, nem adeus, nem passe muito bem. Nada. Apenas a assinatura e o cargo.
Tomei nota e tenciono continuar a incomodar, sempre com a devida correcção, tentando honrar o meu dever de cidadania. Entretanto, qualquer político local que deteste ser incomodado e mesmo molestado com as minhas iniciativas, tem um excelente remédio ao seu alcance -renunciar ao cargo. Tudo visto e ponderado, penso que ontem já era tarde.  

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A lenta erosão da câmara nabantina

Após a reunião de ontem, ficou a saber-se que Luís Ferreira deixou oficialmente de ser o chefe de gabinete de Anabela Freitas, Hugo Cristóvão é promovido a vice-presidente e o vereador Serrano deixou os seus pelouros, deixando de estar em regime de permanência. Soube-se também que Virgílio Saraiva passa a ocupar o lugar de Ferreira e Hugo Cristóvão a gerir os pelouros de Serrano.
É para já o culminar do modus operandi de Luís Ferreira.  Nas autárquicas de 2013, para robustecer uma lista fraca, foi convencer Serrano, antes vice-presidente de Abrantes, a integrar a candidatura PS em Tomar. Apesar de tomarense, Serrano hesitou. Ferreira ofereceu-lhe então perspectivas aliciantes: vice-presidente e, mais tarde, já com Anabela como deputada, a presidência e futuro cabeça de lista. Serrano aceitou, o PS ganhou, instalaram-se no poder.
Pouco confortável com a escolha de Ferreira para chefe de gabinete, Serrano confessou em roda de amigos que o demitiria logo que pudesse. Confissão imprudente, que logo chegou aos ouvidos do pouco estimado Ferreira. Que, politicamente muito ágil, foi lesto na decisão: Anabela seria substituída como candidata a deputada. e Serrano não passaria a presidente substituto nem conseguiria a cabeça da lista.  A conclusão provisória aí está. Um empate técnico. Ferreira vai continuar a ser o presidente efectivo, mas deixa de receber à roda de 3 mil euros mensais + despesas de representação. Serrano continua vereador, mas perde os pelouros e também cerca de 3 mil euros mensais + despesas de representação. E agora?
Como por aí se diz, a previsão é uma ciência difícil, sobretudo quando se trata de prever o futuro. Apesar disso, julgo não ser complicado prever novos solavancos no executivo tomarense e, sobretudo, um final de mandato caótico. Numa curta frase: O PS já perdeu a próxima eleição, desde que entretanto o PSD ou os IpT consigam arranjar um candidato em condições. Porque com cavalos cansados e outros cabeçalmente pouco escorreitos, não vamos longe.
Ameaçador, Luís Ferreira já declarou que vai "continuar a partir a espinha à direita". Mas até nisso está enganado. Infelizmente, para o bem e para o mal, a direita local não tem nesta altura coluna vertebral. E não se pode partir o que manifestamente não existe.
Pobre gente. Pobre terra. Ou, como desabafava o outro: Só nos faltava mais esta! Chiça!!!

Para contactar o autor: anfrarebelo@gmail.com

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sobre o PDM de Tomar

Em reacção ao seu texto "Ele há coisas", gostaria de lhe dar a minha visão, como técnico da área e como cidadão.
Revejo-me na cultura do planeamento. Entendo que é um pilar importante para a construção de sociedades mais desenvolvidas, capazes de reagir melhor às incertezas que o futuro sempre reserva. Ainda me recordo de quando cheguei a Tomar, para trabalhar na revisão do respectivo PDM. Tendo terminado o curso escassos meses antes, estranhei e fiquei surpreendido com o grau de improvisação com que se abordavam as coisas. (Não havia, por exemplo, dados sistematizados que resultassem em informação para apoiar o processo de planeamento...) Aqui pode residir uma das causas para que o PDM se torne um grande monstro, quando à partida não há levantamentos actualizados e geralmente as poucas actualizações que existem, ou não estão datadas ou foram efectuadas sem critério explícito.
Perguntará decerto: Mas então, o que fazem os técnicos e técnicos superiores do município? No meu entendimento e pelo contacto que tenho tido com outras autarquias locais além da CMT, o problema reside na gestão dos recursos humanos. Os elementos competentes estão "atulhados" de trabalho até aos cabelos. Os outros passeiam-se alegremente pelo local de trabalho, sem que sejam alvo de qualquer penalização remuneratória, de progressão na carreira...
No que se refere à utilidade do PDM, consigo perceber que enquanto cidadão o veja como inútil. Infelizmente, até hoje a administração central e a local ainda não foram capazes de se concertar para verterem a utilidade deste instrumento na vivência das populações. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o PDM não é só um regulamento de parâmetros urbanísticos. A meu ver essa é até a parte menos relevante de um instrumento de planeamento à escala municipal. Verdadeiramente importante é não hipotecar, traçando um quadro de futuro para o concelho. Ou seja: A - Deixar espaços-canal para infra-estruturas relevantes, mesmo que estas só venham a ser executadas ao fim de 20 ou 30 anos; B - Dar orientações para a estruturação e requalificação das áreas de actividade económica existentes, reservando espaços para novas áreas, na eventualidade de virem a ser necessárias; C - Programar uma rede de equipamentos colectivos, ajustada às necessidades da população e reservar espaços para a sua edificação, para evitar os erros que se têm cometido, localizando os citados equipamentos nas "sobras" das áreas de cedência dos loteamentos mais recônditos, com condições de acessibilidade que deixam muito a desejar; D - Tentar minimizar a ocupação dispersa do território, altamente nefasta para a gestão das infra-estruturas e do próprio espaço florestal. E poderia acrescentar tantos outros assuntos, muito mais relevantes do que se o muro pode ter uma altura máxima de 0,90m ou 1,00m. Ou se a cércea deve alinhar com as edificações confinantes, ou com a média do alinhamento da frente dessa rua.
A difusão no seio da população do PDM enquanto instrumento de gestão territorial, devia ser encarada como prioritária. Ou seja: não custaria nada ter um fluxograma apelativo, com a estratégia do plano, uma planta com o modelo de ordenamento (a estratégia vertida territorialmente), bem como um outra planta de ordenamento de grande formato no balcão de atendimento ao munícipe.. Tudo completado com um sistema de monitorização básico, com verdes, amarelos e vermelhos, alimentado por contributos da população, de investidores e contínuo trabalho técnico.
Quanto ao processo de revisão, apesar de até agora ter registado várias debilidades, há nele um aspecto que deve ser destacado: A participação pública. Dos muitos processos de revisão do PDM que conheço (uns em que estive integrado, outros que colegas meus me transmitem), é difícil encontrar algum que tenha tido tanto envolvimento das Juntas de freguesia. Foram elas que colectaram as intenções e preocupações dos seus fregueses, que agora constam detalhadamente na proposta de plano a apresentar oportunamente.
Desculpe este texto longo e maçudo, mas este projecto é muito importante para mim. Foi com ele que iniciei a minha actividade profissional. E foi aí em Tomar que vivi durante ano e meio. Por isso, gostaria de contribuir activamente para um futuro melhor para esse concelho.
... ... ...

João Pedro Reis

domingo, 3 de janeiro de 2016

Prá mentira ser segura...

Disse o grande Aleixo que:
Prá mentira ser segura
 E atingir profundidade
Deve trazer à mistura
        Qualquer coisa de verdade

Em recentes declarações à informação local que temos, a senhora presidente oficial da câmara disse ter sensibilizado o ministro da saúde para a necessidade de voltar a  haver Medicina interna no hospital de Tomar. Argumentou que o nosso hospital serve também os doentes dos concelhos de Ferreira do Zêzere e Ourém. 
Impávidos, serenos e obedientes como sempre, os periodistas nabantinos ouviram, calaram e noticiaram. Contudo, se no que toca a Ferreira os doentes vêm mesmo para Tomar, nitidamente à falta de melhor, quanto a Ourém a música é outra e bem diferente por sinal.
Se a senhora presidente eleita tivesse ouvido com atenção o que lhe disse o seu camarada ministro, teria tomado a devida nota de um detalhe que muda tudo. Disse aquele governante que está a desenvolver esforços para que os utentes possam ter plena liberdade de escolha do seu médico e do seu hospital. Exactamente aquilo que desde há muito reivindicam os cidadãos de Ourém.
Com mais população que Tomar, pagando mais impostos ao estado e com muito menos desemprego, Ourém não tem um verdadeiro hospital. Durante anos sacrificados aos caprichos administrativos do governo, resolveram começar a enviar os seus doentes para o hospital de Leiria, bem superior a qualquer um dos que integram o Médio Tejo. E foi isso o que referiu o camarada ministro. Doravante Ourém passará a fazer oficialmente o que já faz há muito particularmente -mandar os seus doentes para Leiria. Por conseguinte, a senhora presidente oficial mentiu dizendo a verdade. A tal técnica denunciada pelo poeta Aleixo.
De resto, para aqueles tomarenses mais teimosos, que são a grande maioria, avanço uma pequena comparação fotográfica Tomar - Ourém. Para ver se começam finalmente a encarar a realidade tal como ela é.
As 6 fotos seguintes são do Agroal. As 3 primeiras mostram aspectos da margem situada no concelho de Ourém. As 3 últimas focam aspectos da margem nabantina...
Aquele prédio com fachadas a azul, amarelo e branco, se estivesse no concelho de Tomar, já teria custado chatices sem fim ao seu proprietário. Admitindo que os empatas nabâncios alguma vez tivessem aprovado semelhante projecto, herético para a santa inquisição local. É por isso que não há prédios na margem nabantina. Já houve. Em tempos que já lá vão...







A nódoa no melhor pano

Nos idos de 80, os principais monumentos deste pobre país foram transferidos da Direcção-Geral da Fazenda Pública para o então recém-criado IPPAR, antepassado do actual IGESPAR, que depende da Direcção-Geral do Património, por sua vez parte integrante do nouvel Ministério da Cultura. Posso testemunhar, por ter sido participante directo, que nessa ocasião da transferência de tutela, a Cãmara tomarense só não chamou a si a gestão do Convento de Cristo porque não quis. Era então presidente Amândio Murta e vereador da cultura Duarte Nuno de Vasconcelos. Ambos eleitos pela AD - Aliança Democrática (PSD+CDS+PPM).
Volvidos todos estes anos, é forçoso concluir o óbvio. Sediado no Palácio Nacional da Ajuda, o que também não ajuda nada, o actual IGESPAR tem revelado competência na área da conservação e restauro, mas tem sido um desastre em termos de gestão turística e cultural dos monumentos à sua guarda. No que concerne ao Convento de Cristo -Património da Humanidade desde 1992- o estado geral é bom e a sua manutenção razoável. Até estão em curso neste momento vistosas obras de reparação de toda a fachada norte.
Infelizmente, como bem reza a frase feita, no melhor pano cai a nódoa. A parte mais nobre e mais rica da antiga sede da Ordem de Cristo -o conjunto Charola - Coro Manuelino- foi atingido pelo tornado de há 6 anos. Desabou parte importante do coroamento do chamado Coro Alto. Pois imagine-se que decorrido todo este tempo -seis anos!!!- tudo continua na mesma, conforme mostram as fotos.

                               Antes do tornado...

                               e o péssimo aspecto actual. E já passaram seis anos!

Simples desmazelo? Falta de recursos disponíveis? A Câmara já protestou, como lhe compete? E a Assembleia Municipal, já debateu o assunto, como é seu dever?
Da informação local nem falo. Não vale a pena continuar a gastar cera com ruins defuntos. Que manifestamente não sabem nem querem aprender.

sábado, 2 de janeiro de 2016

A Cerca a saque?

Falo da antiga Cerca conventual. A actual Mata nacional dos 7 montes. Nome pomposo para mais uma miséria tomarense. Nos anos 50 do século passado havia hasta pública anual para atribuir o direito de apanhar a azeitona daquele então vasto olival. 
Passaram os anos. Já bem depois depois do 25 de Abril, algum génio em silvicultura resolveu mandar decapitar todas as oliveiras. Ou terá sido apenas um funcionário mas despachado, a necessitar com urgência de boa lenha para a lareira? Certo certo é que as oliveiras ficaram conforme documentam estas fotos. Todas as pernadas antigas foram à vida... Outra forma do conhecido direito de pernada?





 Nunca se viu tal coisa numa propriedade privada, mas enfim, Estado é Estado. O que não justifica semelhante tratamento em oliveiras multicentenárias de boa saúde.
Passaram mais anos. Se calhar porque nessa altura ninguém se preocupou com o caso, alguém resolveu agora "completar o trabalho". O mesmo ou outro, pouco  importa. Mas qual a explicação para tal abate indiscriminado, documentado nestas fotos? Outra vez a necessidade de boa lenha a bom preço para a lareira doméstica?






Estavam doentes os exemplares abatidos? Não brinquem com coisas sérias. As fotos demonstram o contrário.
Não seria boa altura para a Câmara, a Assembleia Municipal e/ou a comunicação social que temos, tomarem uma posição? Preferem pactuar com a ignorância e a impunidade? Ajudar quem rouba descaradamente bens públicos? Lavar as mãos, como Pilatos? Mas a ser assim, então servem para quê? Simples ornamentações de Carnaval?




sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Ele há coisas...

Um leitor que amavelmente respondeu ao meu convite para colaborar, abordou a questão do PDM, um assunto da sua área profissional. Referiu dois aspectos fulcrais: a revisão do monstro faz que anda mas não anda; a autarquia devia pagar atempadamente mas não paga.
Nunca entendi a utilidade de um PDM, a não ser como bíblia para os senhores técnicos superiores autárquicos, muitos dos quais se consideram soberanos nos seus micro-reinos. Para o comum dos mortais é apenas mais uma daquelas coisas para mobilar. Para os investidores um impecilho que obriga em geral a prestações por debaixo da mesa.
Aqui em Tomar, a engenhoca nunca foi levada muito a sério. O que não surpreende, pois a sua elaboração foi, segundo várias fontes contactadas, muito deficiente. E mesmo algumas personalidades então convidadas a participar, melhor fora que tivessem ido tomar banho na albufeira do Bode. Teriam ficado menos sujas. Mas agora, já está já está, dizem os mais entendidos.
Trata-se do mesmo raciocínio que permitiu a sobrevivência entre nós dessa monstruosidade chamada Santa Inquisição, durante perto de três séculos. Três longos séculos! E há semelhanças entre as duas criações humanas. Desde logo, ambas foram concebidas com a melhor das intenções. A Santa Inquisição para preservar a religião católica. O PDM municipal para preservar a visão oficial e centralista do planeamento.
Ambas surgiram igualmente em momentos de grande convulsão social, associada ao desenvolvimento político e económico. A Inquisição praticamente no auge dos descobrimentos, os PDMs com a adesão à Europa e a vinda dos respectivos biliões de euros. Porque será?
Tal como sucedeu com as repúblicas socialistas e com o seu símbolo maior -o muro de Berlim- também os PDMs, estou convencido, acabarão por colapsar. Terão o mesmo fim dos saurópodes, que, segundo uma das teorias em voga, desapareceram porque a respectiva boca era demasiado pequena para alimentar tão grande corpansil. Tal com sucede agora com os PDMs. As cadelas autárquicas, mal nutridas pelo governo central (que só pode distribuir aquilo que antes consiga cobrar), têm cada vez mais dificuldade para alimentar tanto cão...