sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3.

Presidente fura greve

A traição de um "compagnon de route" 

Num comunicado muito bem elaborado, (TOMAR – Câmara nega ter violado direito à greve. Hugo Cristóvão justifica decisão de abrir portas do mercado com a defesa de dezenas de vendedores e respetivas famílias | Rádio Hertz (radiohertz.pt), o sr. presidente da Câmara responde a um comunicado do STAL, procurando justificar-se, perante a oposição de extrema-esquerda e junto dos seu eleitorado, àcerca da sua atitude aquando da recente greve da função pública regional e local, o que se compreende. O facto de ter assumido pessoalmente a tarefa de abrir as portas do mercado municipal deu-lhe protagonismo, louvado por vendedores e outros, mas foi também fortemente criticado pelos sindicalistas e pelo próprio aparelho do PCP. 
Num comentário publicado no Tomar na rede, sob o pseudónimo João Batista, e que terá passado relativamente despercebido, pode ler-se "Mas que disparate enorme cometeu o presidente da Câmara. Derespeitou o direito à greve, derespeitou a dignidade do cargo, derespeitou os princípios democráticos... da Câmara. O presidente da Câmara deixa-nos cada vez mais dúvidas se está preparado para o cargo. Tem atitudes egocêntricas, prepotentes e irrefletidas."
Quem já andou ou anda na política usando a cabeça para pensar, sabe muito bem que estamos perante a linguagem  usual do PCP, mais precisamente da Comissão política do seu Comité central. Aquele "colectivo" "...deixa-nos cada vez mais dúvidas..." é inequívoco. Trata-se de uma condenação por traição de um "compagnon de route", no qual o partido depositava alguma esperança.
Bem pode Cristóvão vir agora, num bom comunicado, exaltar a sua atitude favorável aos trabalhadores em geral e a defesa intransigente dos direitos de todos e de cada um dos cidadãos. São duas linguagens incompatíveis, faltando apenas saber até que ponto poderá ir a condenação expressa no referido comentário, tendo em conta a relação de forças existente em Tomar.
O PS dispõe de maioria absoluta no executivo, mas não na Assembleia municipal, o que o tem levado a procurar os votos da extrema-esquerda (CDU, BE e Carregueiros) nos momentos difíceis, caso das transferências para a Tejo ambiente, da nomeação do provedor do munícipe, ou da aprovação do orçamento. Como contrapartida natural, pessoas e agremiações mais próximas das citadas formações esquerdistas têm contado com generosos subsídios e sumarentos ajustes directos, por vezes até a título extraordinário, conforme antes negociado.
Com este choque, inesperado mas inevitável em período pré-eleitoral, acabou a relação fraterna entre as partes, mas persistem os interesses mútuos. O mais tardar aquando da votação do próximo orçamento municipal, vamos saber o que prevalece -a condenação definitiva ou o realismo político local. Oxalá o PSD não venha a ter a ideia de dar o corpo à curva, assumindo uma atitude mimética em relação à política governamental. Já tem havido deputados municipais do PSD com incontinência urinária durante votações renhidas...

ADENDA  (27/09/2024 às 12H00 de Lisboa, 08H00 em Fortaleza - Ceará - Brasil)

O comunicado do STAL-CGTP, a que o presidente da Câmara respondeu, é assaz peculiar. Apesar de se saber que foi o próprio líder da autarquia a decidir e executar a acção que de facto furou a greve no Marcado municipal, o documento apenas critica a vereadora do pelouro, que se limitou a acolitar o seu chefe hierárquico. 
Qual a intenção de tal silêncio? Obviamente evitar agravar ainda mais o diferendo, assim procurando manter abertos os habituais canais de diálogo entre as partes, que tão bons resultados têm facultado. Mostra também que a iniciativa eleitoralista de Cristóvão foi um sucesso para ele, a tal ponto que inibe os seus adversários, mas é também um autêntico murro no estômago para muitos eleitores de extrema-esquerda. Paciência! Há Tomar e há a greve; há furar e negociar. (O comunicado do STAL pode ser lido na íntegra no Tomar na rede).

1 comentário:

  1. O facto do PS estar em maioria relativa na assembleia não quer dizer nada pois os outros abstêm-se e passa tudo o que o executivo quer. Como aconteceu com a Tejo ambiente, rasgaram as vestes, o deputado PSD Lourenço dos Santos mostrou-se muito indignado e depois abstiveram-se e passou, mas ao menos dizem que não votaram a favor!!! É que tem passado tudo mesmo!!!! Quanto ás regras e regulamentos é conforme os óculos, para umas coisas seguem o que está estabelecido mas não há regra sem excepção e quando convém passasse por cima de tudo e todos, e depois vêm dar música para fora, dizer que é do interesse geral, que defendem o interesse comum, que há sempre uns que ficam prejudicados e outros beneficiados, é a vida!!!

    ResponderEliminar