Gestão partilhada do Convento de Cristo?
A senhora presidente da câmara de Tomar manifestou recentemente, na presença do senhor ministro da cultura e no próprio monumento, o desejo de que a futura gestão do Convento de Cristo venha a ser partilhada entre o IGESPAR e a câmara de Tomar. Foi uma surpresa na cidade, pois praticamente ninguém reconhece a autarquia como boa gestora. Nem lhe credita qualquer competência para vir a gerir um monumento Património da Humanidade desde 1992.
É minha convicção que o súbito empenho da autarquia em conseguir aquilo que já lhe foi oferecido e que então recusou em 1993, aquando da transferência da Fazenda Pública para o então IPPC, assenta exclusivamente nas mais de 200 mil entradas anuais a 6 euros cada. Um milhão e duzentos mil euros assim de bandeja, seriam como água fresca no deserto orçamental nabantino.
Estou enganado? Pois então que o demonstrem. Cheguem-se à frente. Dêem a cara. Reclamem. Mostrem planos capazes para aquele tão maltratado conjunto monumental. Entretanto, não seria má ideia fazer chegar ao senhor ministro uma lista de mazelas de resolução pouco complicada e que só nos envergonham como comunidade:
1 - A iluminação da Torre de Menagem não funciona há mais de 6 meses. À noite o castelo templário não tem cabeça.
2 - Nenhuma das várias instalações sanitárias existentes dentro e fora do monumento permite o acesso de cadeiras de rodas, em desconformidade com as normas europeias que a todos obrigam.
3 - O estacionamento existente é manifestamente insuficiente durante os meses de verão.
4 - O horário do monumento não é o mais adequado aos tempos que correm. Fecha às 6 da tarde em pleno Verão, quando ainda há sol às 9 da noite. Abre às 9 quando às 7 da manhã já o sol vai alto. A título de exemplo, o museu do Vaticano abre às 8 da manhã...
5 - As instalações sanitárias do parque da Cerrada dos Cães são públicas. Não é por isso aceitável que o actual concessionário da cafetaria as tenha privatizado de facto, fazendo depender o respectivo acesso de prévia despesa.
6 - O actual acesso ao Convento é um verdadeiro atentado ao bom senso. Não permite o acesso em cadeira de rodas, nem a pessoas obesas.
7 - Não existe sinalização adequada para os visitantes que prefiram ir a pé da cidade para o Convento, e vice-versa.
8 - Visitar o Convento sem o acompanhamento de um guia competente, é assim mais ou menos como assistir a um bom filme russo sem dobragem nem legendas. Mas só há visitas guiadas mediante requerimento prévio...
9 - A limpeza do antigo Chouso conventual, mais tarde campo de jogos do seminário, já conheceu melhores dias. Em caso de incêndio, a Mata dos 7 Montes é mesmo ao lado...
10 - A Festa Templária teve pelo menos um mérito: durante a sua preparação e realização a porta junto à Torre da Condessa, que permite passar do castelo para a mata e vice-versa, esteve sempre aberta. Desde então está de novo fechada. Porquê?
Andamos todos fartos de conversa. E até já os antigos latinos diziam RES NON VERBA. Actos, chega de palavras, senhora presidente.
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