quarta-feira, 9 de maio de 2018

Hotéis de topo

Numa altura em que se iniciam as obras do primeiro cinco estrelas tomarense, um investimento bem vindo e muito corajoso, pareceu útil e oportuno publicar a perpectiva que segue, esclarecendo que o Hotel dos Templários, de quatro estrelas, dispõe de piscina e spa desde a última remodelação:

"A corrida à água dos palaces parisienses"

"Spa e piscina foram considerados obrigatórios,  a partir de 2010, para os hotéis de cinco estrelas poderem usar a designaçãol "palace". Desde então, entre piscinas sumptuosas e tratamentos dérmicos de excepção, os grandes hotéis parisienses rivalizam sem concessões."

M le magazine du Monde, Eléonore Théry


A piscina do Hotel Crillon, em Paris, com um mosaico de 17 mil componentes. Foto Hotel Crillon

"Os tapumes publicitários já foram retirados, mas os operários ainda trabalham no interior da fachada arte nova do Hotel Lutecia, célebre unidade hoteleira do 6º bairro parisiense, que reabrirá em Abril, após quatro anos de obras de remodelação. A obra mais importante foi a criação de um terceiro subsolo, destinado a instalar um spa de 700 metros quadrados e uma piscina aquecida de 17 metros.
"Era uma necessidade urgente, para poder oferecer aos nossos clientes um espaço de bem-estar à altura do prestígio do estabelecimento", disse-nos o seu director, Jean-Luc Cousty. Um investimento ainda mais necessário, porque desde 2010 os pretendentes à distinção de "palace" devem ter obrigatoriamente piscina e spa. Depois dos quartos, do restaurante, do bar e da portaria, a guerra entre os hotéis parisienses trava-se agora na água. Vai daí, escava-se e redecora-se.
Inaugurado em 2017, o novo Hotel Crillon foi aumentado com dois níveis, para a piscina e o spa. Quanto ao George V, reabrirá em Junho, com espaços aquáticos totalmente modificados. Trata-se, para os mais antigos, de enfrentar com êxito os mais modernos, como os Shangri-La, os Mandarin Oriental e os Península, cujos equipamentos faustuosos, já testados e aprovados na Ásia, aumentaram o nível.


A piscina do Hotel Bristol, com uma panorâmica sobre Paris. Foto Jamie Beck

Vista panorâmica, cascata...

"Na década de 70, o facto de ter uma piscina tornou-se um elemento distintivo para qualquer hotel. Trinta anos mais tarde, a partir de 2000, aconteceu outro tanto com o spa. Actualmente, os clientes preocupam-se cada vez mais com o seu bem-estar, esperando dispor das referidas instalações, mesmo se paradozalmente as não utilizam", refere-nos Demian Hodari, professor de gestão estratégica na École Hotelière de Lausanne - Suiça.
Os níveis de qualidade estão à altura do prestígio dos estabelecimentos. Cada hotel tem o seu detalhe espectacular. Rodeada por um piso em teca, a imitar os antigos paquetes, a piscina do Bristol oferece uma vista incrível sobre Paris. O Hotel Royal Monceau propõe uma piscina de 23 metros (a maior de todos os hoteis de Paris), enquanto no Península há uma cascata a partir do tecto alto.
Um mosaico de 17 mil elementos "em escama de peixe" decora o fundo da piscina do Crillon, ao mesmo tempo que o Ritz difunde música subaquática.
Nestas piscinas de luxo pode-se usar calção de banho, tanga ou mesmo fio dental, desde que antes se passe pelo chuveiro. Para compensar tal contrariedade, o pessoal cuida dos menores detalhes: toalhas aquecidas, sumos de hibiscus-mentol, botija de água quente para o pescoço...Um dilúvio de atenções, que continua no spa, com frequência associado a uma prestigiada marca de cosméticos. Para o Hotel Bristol, La Prairie imaginou um cuidado para o rosto com  "caviar volumisante" e nos hotéis Plaza Athénée, Dior propõe uma "micro-abrasão com cristais de safira".


A piscina do Hotel Shangri-La, em Paris. Foto Markus Gortz

Rentabilização difícil

Por seu lado, o Crillon avança a carta dos eventos, convidando gente de renome. "Alguns clientes reservaram quartos devido à presença do mestre internacional de Kiyindo Shiatsu, na primavera passada", assegurou-nos a directora do spa, Sophie Demaret. Já o Lutecia tenciona desenvolver uma estratégia global: o spa vai ser um centro "holístico", com a natação acompanhada  de sessões de meditação, de yoga e de nutrição.
Para rentabilizar tais equipamentos, alguns palaces tentam atrair a clientela parisiense. No inverno passado, o Shangri-La ofereceu uma fórmula de post-réveillon composta por massagens "re-escultantes" e chás biológicos. Enquanto que os membros do Ritz clube podem aceder ao hotel, à piscina e ao spa durante todo o ano, após pagarem uma quota anual de 7 mil euros, na sequência de uma selecção drástica, sobre a qual o hotel é pouco esclarecedor: "Conversamos com o cliente várias vezes e depois decidimos sobre as admissões, em função do processo de candidatura apresentado",  disse-nos a directora do clube, Katia Schaffhauser.
Não é nada certo que tudo isso seja suficiente para ganhar dinheiro. "Os investimentos, a manutenção e o pessoal custam muito caro, anota Demian Hodari. Em geral, a recuperação do investimento e muito lenta e demasiado fraca."
Afinal a água não tem todas as virtudes." Mesmo nos hotéis de luxo de Paris.

Tradução e adptação de António Rebelo, UPARISVIII

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