segunda-feira, 7 de maio de 2018

Duas notas sobre a eleição no PSD

Não tenho o gosto de conhecer o cidadão Paulo Mendonça. Nunca fui, não sou, nem tenciono vir a ser filiado no PSD, mas tão pouco partilho do hábito estalinista do processo de intenções. Vou portanto limitar-me por agora  a duas notas sobre o seu comentário, que pode ser lido aqui. Uma é sobre a forma, outra sobre o respectivo conteúdo. 
Sendo do conhecimento geral (ou devia ser), que o discurso é a montra do pensamento, a respectiva forma elucida sobre o rigor do raciocínio, ou a falta dele. No caso, digamos que o português do referido comentário é assaz expedito e muito contemporâneo. Exemplos: "militantes que à muito se não viam e outros pela primeira vez" (1ª e 2ª linhas); "foram porta-voz dos anseios e desejos..." (5º parágrafo, 2ª linha);  "o caminho pela frente será longo" (15º parágrafo);"será vos pedido que participem" (10ª linha a contar do fim).
Para evitar dúvidas, as formas correctas, em português canónico, seriam, respectivamente, militantes que há muito se não viam e outros que apareceram pela primeira vez; foram porta-vozes dos anseios e desejos; o caminho será longo; ser-vos-à pedido que participem".

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Passando à segunda nota, a do conteúdo ou substância, cumpre reconhecer que os principais sintomas são mesmo os enumerados: 
"São as maiores [dificuldades] dos últimos tempos -um partido na oposição, uma forte crise económica e um concelho sem dirigentes, sem políticas e sem projectos capazes de captar e fixar os jovens, embrião e condição primeira para ganhar o desafio que considero o maior e mais difícil: a inversão da diminuição demográfica do concelho, sem a qual não daremos o salto necessário para o progresso."
Sucintamente, é isso mesmo. Falta agora a indispensável elaboração do diagnóstico (porquê?), seguida da indicação da terapêutica (como fazer para conseguir a cura?). Porque essa ladaínha da discussão, do empenhamento, do respeito pelas ideias contrárias, da luta, do árduo caminho a percorrer, e assim sucessivamente, foi chão que já deu o que tinha a dar.
Agora os eleitores, mesmo quando o não verbalizam, têm a mesma atitude dos nossos antepassados latinos. Anseiam pelo velho dito milenário Res non verba: Factos, obras, chega de palavras!
Lourenço dos Santos tinha e tem um projecto robusto, bem como os meios humanos para o levar à prática, mas foi vencido. Qual é o projecto da candidata vencedora?

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