Turismo e reumatismo ideológico
Tomar a dianteira -3
sábado, 29 de março de 2025
Turismo e reumatismo ideológico
Em Roma, até para ir à Fonte de Trevi
se passa a pagar dois euros/pessoa
Pela ponta da Europa, onde a terra se acaba e o mar começa, como escreveu o zarolho há cinco séculos, duas notícias retiveram a atenção deste vosso servidor na área da escrita. A nova brigada do reumático, e os 200 mil visitantes nos monumentos e locais geridos pela autarquia.
No caso da nova brigada do reumático, pensei para comigo que quanto mais o país muda, mais estamos na mesma. Há cerca de 60 anos, atrapalhado perante uma inesperada e insistente contestação dos militares, o então chefe de governo convocou para S. Bento todos os brigadeiros e generais, numa espécie de beija-mão forçado e ultrapassado, que ficou conhecido como o episódio da brigada do reumático, que foi apoiar o governo, mas não evitou o 25 de Abril algum tempo depois.
Inconveniente ou vantagem da idade, depende do ponto de vista, foi com espanto que tomei agora conhecimento do regresso à política activa de três fundadores do Bloco de Esquerda (Louçã (68 anos), Fazenda (67 anos) e Rosas (79 anos), como cabeças de lista em círculos eleitorais importantes. É, na minha opinião, a nova brigada do reumático, agora de extrema esquerda, tentando evitar a todo o custo a derrocada eleitoral. Conseguirão?
Enquanto isto, a Câmara tomarense procurou alardear mais uma vitória na área da promoção do turismo, mandando publicar na informação local que em 2024 200 mil visitantes entraram nos monumentos e locais tutelados pelos serviços municipais, todos com entradas gratuitas.
Só algum tempo depois, O Mirante, com sede em Santarém, veio acrescentar que afinal o Convento de Cristo registou 315 mil entradas em 2024, a 15 euros por pessoa, salvo isenções, o que dá um total superior a meio milhão, em vez dos 200 mil anunciados.
Temos assim registados mais de meio milhão de turistas em Tomar. 315 mil pagantes e 200 mil aproveitantes da compra de votos pelos socialistas. E vem a terreiro mais uma vez, a questão dos eventos a pagar e das entradas idem. Sobretudo quanto à Festa dos tabuleiros.
Andam agora todos muito entretidos com a candidatura a património imaterial da UNESCO, que tem evoluído a passo de caracol com problemas de locomoção, enquanto vão fingindo que esquecem o essencial. A última edição custou à autarquia um milhão e trezentos mil euros, pelo menos, e foi tudo à borla. Nada de entradas pagas, para não se vir a constatar putativamente que no fim de contas os tabuleiros nem atraem assim tanta gente. E para escamotear outras coisas.
Como bem escreveu o Gedeão, o mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança, e felizmente nem todos padecem de reumatismo mental na gestão do turismo. Se calhar porque não precisam de comprar votos encapotadamente para se manterem no poder.
Segundo o Le Monde, uma das principais bíblias da informação mundial, a Câmara de Roma já decidiu. O acesso à conhecida Fonte de Trevi, em plena cidade da qual é símbolo, (ver imagem) vai passar a custar 2 euros por visitante. Decorrem nesta altura estudos para apurar a melhor maneira de cobrar essa taxa de acesso, com um mínimo de perda de tempo.
O governo italiano é de extrema-direita, e mais não sei quantos? É sim senhor. Mas a Câmara de Roma é de esquerda, tal como o nosso PS diz que é.
Tendo em conta tudo indicar nesta altura que os tabuleiros 2027 vão custar mais de dois milhões de euros à autarquia, quem é que ainda pensa ser possível voltar fazer a festa nos moldes tradicionais, sem entradas pagas?
Tabuleiros à borla, Janela do capítulo a 15 euros? Justiça e equidade, por onde é que vocês andam, no vale nabantino?
sexta-feira, 28 de março de 2025
Imagem alusiva, acrescentada por TAD3.
SDF e outros sem abrigo
"A população em situação de rua no Centro"
Assis Cavalcante - Presidente da Associação Comercial de Fortaleza CE (CDL)
"O crescente contingente de "pessoas que não têm uma moradia convencional regular e utilizam os logradouros públicos como espaço domiciliar e de sustento", representa desafio social e económico significativo para a gestão municipal. Uma portaria no Diário Oficial da União [Diário da República brasileiro], de Março/2024, mostra que Fortaleza tem 8.404 moradores em situação de rua, numa população superior a 2 milhões. A maior parte (36%) concentra-se sobremodo na Área Regional 12, bairros do Centro, Moura Brasil e Praia de Iracema.
A capital cearense é uma das 59 cidades brasileiras que estão na lista prioritária divulgada pelo Governo Federal para receber apoio técnico no combate à fome e na promoção de alimentação saudável. Somente um conjunto de ações coordenadas, incluindo os governos estadual e municipal, o Ministério Público e a iniciativa privada, poderá reduzir os impactos dessa realidade.
Entendo que a criação de políticas públicas voltadas para a ressocialização e a qualificação profissional, permitirá a reinserção no mercado do trabalho. Que tal fortalecer os centros de acolhimento com capacitação profissional, através da Faculdade CDL? Que o município amplie o número de abrigos temporários e invista na oferta de cursos técnicos e oficinas, para que os indivíduos adquiram novas faculdades.
Parcerias com o setor privado podem mobilizar programas de estágio e aprendizagem, com oportunidades concretas para que os cidadãos conquistem autonomia financeira. Necessário é também orientar melhor a distribuição diária de alimentos no local. Comerciantes do Centro relatam dificuldades decorrentes da falta de infraestruturas, e do aumento de moradores vulneráveis com reais impactos económicos.
Que a abordagem a essas pessoas seja humanizada, combinando ações de segurança com assistência social, garantindo acesso aos serviços básicos sem comprometer a segurança de comerciantes e consumidores.
Urgem campanhas de conscientização para a sociedade entender a complexidade do problema e contribuir ativamente com soluções. Ações educativas, associadas a programas de voluntariado, podem fortalecer a rede de apoio e gerar uma transformação verdadeira na vida dessa gente.
Que Fortaleza avance na redução da população em situação de rua, com mais dignidade e qualidade de vida para todos."
(Copiado do jornal O Povo de 28/03/2025, página 16)
ADENDA DE TAD3
O Brasil não faz parte da UE. Só recebe ajudas de Bruxelas para a preservação da Amazónia.
Por isso o texto não fala de realojamento, subsídios, rendimento mínimo ou outros abonos, comuns em Portugal e na Europa. Só menciona formação profissional, alimentação, abrigo temporário e assim.
Há outra explicação possível. A Prefeitura (Câmara) de Fortaleza é do PT - Partido dos Trabalhadores. Seria por isso algo anómalo que um Partido de trabalhadores distribuisse pensões e outros rendimentos a gente que não trabalha nem paga impostos, em muitos casos porque não querem. Ou não?
quinta-feira, 27 de março de 2025
Mais alojamentos sociais na Choromela. Imagem Rádio Hertz com os agradecimentos de TAD3.
Alojamento social e votos na esquerda
O equívoco da maioria PS nabantina
O assunto é complexo, por conseguinte difícil de explicar em termos simples e de leitura agradável. Trata-se do alojamento das camadas mais modestas da população. "Direito à habitação", proclamam os comunistas.
Na sequência do ocorrido por essa Europa fora, após a 2ª guerra mundial, em Portugal e com o natural atraso devido à tardia democratização, os partidos de esquerda e extrema-esquerda concluíram que obtinham os melhores resultados eleitorais, já não nos centros industriais com numeroso proletariado, mas sobretudo nas periferias das grandes cidades, nomeadamente nos bairros de alojamento social.
Daqui resultou entre nós, ao nível do país, o incremento na construção de alojamentos sociais, com o realojamento de camadas da população vivendo até então em acampamentos e outras habitações precárias. Como sabemos, em Tomar foram realojadas cerca de 250 pessoas de etnia cigana, que até então viviam num acampamento ilegal no Flecheiro, sem as indispensáveis precauções neste tipo de casos, e quando já se sabia que no Entroncamento, por exemplo, a apenas 20 kms, os sucessivos incidentes e outros percalços já tinham levado a oposição de direita a votar contra a edificação de alojamentos sociais, devido aos inconvenientes daí resultantes, para os vizinhos e a população em geral. Está n'O Mirante. Basta consultar.
Em Tomar, alheios a toda esta envolvência, como se o vale nabantino fosse um território autónomo em pleno deserto, a maioria PS apostou num ousado plano de construção de habitação, sem ter em conta as normais condições de mercado. 32 alojamentos na Choromela, 12 alojamentos em Marmelais, 60 alojamentos, podendo chegar a 200 junto ao Politécnico, é demasiada fruta numa árvore tão pequena. E o IHRU não esteve pelos ajustes, por uma questão de prudência e caldos de galinha, que nunca fizeram mal a ninguém.
E vieram os dissabores, como sempre acontece com os empreendimentos mal planeados e pior executados. A Câmara acaba de perder o financiamento a 100% para a empreitada de Palhavã, tendo agora de contentar-se com um empréstimo bancário bem mais gravoso. (accionar link inicial), mas nem assim modera a sua acção manifestamente mal preparada. Porquê?
Em vez de parar para pensar, a seis meses das próximas autárquicas, os socialistas locais resolvem insistir numa empreitada de alojamento social para a qual não parecem preparados, designadamente para a hipótese de os alojamentos a construir, depois não encontrarem ocupantes socialmente aceitáveis pela restante população, numa terra em que a dita está a diminuir de ano para ano, há mais de duas décadas.
Uma notícia da Hertz, com origem na Câmara, mostra bem o embaraço que reina nas hostes socialistas, embora o não queiram admitir:
"Por outro lado, em andamento está a obra da Choromela, com a construção de 32 fogos também destinados a arrendamento a custos acessíveis, desde logo a jovens casais, e à chamada classe média. Ou seja, nada a ver com habitação social."
Como bem sabem todos os que se interessam pelos problemas do alojamento urbano, há habitação social logo que o arrendamento ou compra estão sujeitos a condições particulares de rendimento mensal, composição da família, estado de saúde, idade ou nacionalidade, e não só às condições do mercado.
Temos assim que, procurando fugir à polémica sobre o eventual realojamento de famílias problemáticas, que afastaria as outras famílias, a Câmara já começa a tentar enganar os cidadãos eleitores mais pacatos, asseverando que "nada a ver com habitação social", quando pelo contrário devia admitir lealmente que se trata disso mesmo, de alojamentos sociais, para quem não pode aceder a outros, por uma infinidade de razões, a principal das quais é a falta de recursos monetários.
Deste embuste camarário só podem resultar mal entendidos de toda a ordem, que desde já aqui se denunciam. A Câmara está neste caso como o sr. Jourdain, de Molière, que durante mais de 40 anos escreveu prosa, convencido de que era poesia. No caso, mandam construir alojamentos que julgam "para a classe média", mas afinal são sociais, com todos os inconvenientes eventuais daí resultantes. Com o tempo logo veremos. Fica o aviso, para memória futura.
quarta-feira, 26 de março de 2025
S. Gregório ainda com o catavento manuelino, desaparecido no tempo do padre Mário Duarte.
Património histórico edificado - Capela de S. Gregório
Usurpar é fácil. O pior é depois.
Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair | Tomar na Rede
A notícia está no Tomar na rede, (accionar o link supra) e o respectivo contexto é de tal forma torpe, que hesitei bastante antes de abordar o tema. O problema começa logo no título: "Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair", escreve o jornalista, um pouco equivocado. Na verdade aquilo não é uma ermida, que por definição só pode existir num ermo, o que não é o caso, nem nunca foi. Trata-se antes de uma capela, arrabaldina se quisermos ser mais precisos.
Com origem no século XVI, o pequeno templo tem um duplo interesse -a sua forma exterior, com a galilé ou alpendre, e o portal em manuelino tosco. Nacionalizado em 1834, em conjunto com todos os bens das ordens religiosas, o monumento passou para a alçada da Câmara, que detinha a respectiva chave na Comissão de Turismo, até muito recentemente.
Veio até a servir de arrecadação para as pedras lavradas da capela de S. Miguel, situada ao fundo do Mercado, e que veio a ser demolida para a construção do lavadouro público e central leiteira, no local onde agora está parte da Ponte do Flecheiro. As referidas pedras foram mais tarde transferidas para o museu lapidar da UAMOC, no Claustro da lavagem do Convento de Cristo, onde ainda estão.
A dada altura, em circunstâncias ainda por esclarecer, a Comissão fabriqueira das paróquias urbanas de Tomar descobriu que, tal como os outros monumentos do Estado, a capela de S. Gregório não tinha registo matricial nas Finanças, situação que se compreende, uma vez que, sendo do Estado, não pagam imposto, e se não pagam imposto, para quê o registo de propriedade, que é do domínio público?
Assim não o entenderam alguns servidores das paróquias nabantinas. Liderados pelo falecido padre Mário Duarte, registaram a capela nas Finanças em nome das Paróquias urbanas (ver imagem na notícia do TNR), após o que substituiram no telhado o catavento manuelino em ferro forjado, do século XVI, por um tosco Cristo crucificado em calcáreo da região. Ignora-se ainda hoje onde estará o catavento primitivo.
Já depois da usurpação ou apropriação indevida, uma das cabeceiras da galilé cedeu, e foi a câmara que teve de providenciar o seu escoramento e posterior consolidação. A situação repete-se agora, com o telhado em mau estado, a necessitar reparação urgente. (ver imagens)
Tão lestos a subtrair património público, os piedosos servidores da Igreja, em vez de mandaram reparar os estragos, usam o velho subterfúgio que consiste em alertar para alarmar, e assim conseguir que sejam os poderes públicos a pagar as obras. Os contribuintes do costume...
Já assim aconteceu em S. João Baptista, em que a câmara assumiu quase dois milhões de euros de restauro, encargo que afinal cabia ao Estado, que tutela aquele monumento, e a maior parte deles em todo o país. Andam agora a preparar nova intervenção camarária, desta vez sem qualquer justificação válida, na parte norte do ex-Convento de S. Francisco, propriedade de legalidade duvidosa de uma associação privada, a Irmandade de S. Francisco de Tomar.
Tudo parece indicar portanto que, reverenciando S. Voto e Nª Srª da Vitória, a Câmara vai meter mãos à obra e mandar arranjar todo o telhado de S. Geegório, apesar da capela ser agora oficialmente um templo privado por usurpação praticada por funcionário público no exercício das suas funções. E não há ainda assim razão assaz forte para protesto, segundo a Câmara, entidade esbulhada que se cala. E quem cala consente.
Agora, mesmo limpando e reparando todo o telhado, sempre deve ficar mais barato que o concerto dos Xutos & Pontapés, já contratados para final de Outubro. E até é capaz de vir a render mais votos, que em Tomar o rebanho do senhor, por enquanto, é mais numeroso que os admiradores da citada banda...
Cultura de trazer por casa
Muito bem!!! Um forte aplauso!!!
Por uma vez acertaram em cheio.
Fiquei desvanecido, logo que li o texto do Tomar na rede. Que desta vez nem menciona custos, decerto porque a cultura, a grande CULTURA, não tem preço. É inestimável!
Dada portanto a evidente relevância dos eventos previstos, era realmente o mínimo a fazer, com meses de antecedência, para promover tão enormes e retumbantes acontecimentos culturais, em duas grandes metrópoles como Ferreira do Zêzere (6.846 eleitores) e Tomar (33.346 eleitores). Dois enormes faróis culturais no centro do país. Que seria da própria Universidade de Coimbra, sem a reputação cultural de Ferreira e de Tomar?! Tomar na rede não hesitou nas tintas e fez muito bem: CULTURA - DESTAQUE XUTOS & PONTAPÉS ACTUAM EM TOMAR E FERREIRA DO ZÊZERE. Está de parabéns.
O primeiro concerto, em Ferreira, é só em Agosto, e o outro, em Tomar, no final da Feira de Santa Iria, em 25 de Outubro, mas acontecimentos de tal transcendência até já deviam estar anunciados há muito mais tempo, uma vez que tudo indica que as entradas venham a ser francas, como é uso local, um paraíso para os borlistas cada vez mais cultos deste país, que não são poucos e que gostam de programar as suas ilustres comparências, muito solicitadas e rentáveis, como se entende.
Calo-me quanto a Ferreira, para não me acusarem de meter a foice em seara alheia, Quanto a Tomar, só posso aplaudir com entusiasmo e até com apito estridente de apoio. Por uma vez, a Filipinha acertou em cheio! -Aí são contra os concertos e festarolas à borla?!? Pois tomem lá Xutos & Pontapés no traseiro, em final de 3º mandato, que eu estou farta de vos aturar!
Previsto para logo após as próximas autárquicas, o concerto tomarense dos Xutos será forçosamente de consagração, qualquer que venha a ser entretanto o resultado das urnas. Se o PS perder finalmente, como espero, poder-se-à dizer com inteira propriedade, que foram corridos a Xutos & Pontapés. Se, pelo contrário, conseguirem mais uma vitória local, desta feita algo inesperada, será porque, apesar de corridos a Xutos & Pontapés e outros mimos, conseguiram vencer, por serem de tendência socialismo pegajoso. Tipo Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Em qualquer caso, parabéns senhora vereadora! É mais um indiscutível triunfo seu, na longa e árdua, mas indispensável, caminhada propedêutica com este povo bruto, que nunca está contente, e tende a só ver € à sua frente. Uma calamidade!
terça-feira, 25 de março de 2025
Tabuleiros a património imaterial da UNESCO
Ministra de que cultura?
Cá vai a 2ª notícia mencionada na crónica anterior.
Lê-se o fica-se banzado. Em visita à região, a srª ministra da cultura espalhou-se ao comprido, ao procurar iludir a população tomarense e agradar à sua autarquia. Conforme link supra, para que não haja dúvidas, declarou a sua admiração pela Festa dos tabuleiros e prometeu fazer pressão pela positiva, tanto quanto possível, junto da UNESCO, para que aprovem a candidatura tomarense.
Leu bem. Uma ministra de um governo europeu, da cultura ainda para mais, admite publicamente que vai fazer pressão tanto quanto possível junto da UNESCO, para aprovação de uma candidatura. Diplomaticamente é um desastre e na prática uma verdade relativa. Um desastre porque estas coisas nunca se admitem abertamente, e ainda menos se dizem.
Uma verdade relativa porque, quando o processo de candidatura dos tabuleiros a Património Imaterial chegar à UNESCO - Paris, o que ainda não se sabe quando vai acontecer, vai ser registado e entregue para estudo e apreciação a cada uma das quase duzentas delegações, que depois o votarão, numa reunião geral ainda a marcar. A deste ano está fechada, vai ser em Dezembro e tem 72 candidaturas, entre as quais a dos barcos moliceiros de Aveiro, agora dedicados aos circuitos com turistas, cuja candidatura começou muito depois da dos tabuleiros.
Nestas condições, alguém acredita que a srª ministra possa vir a ter alguma influência positiva junto dessas delegações nacionais, ciosas das suas competências? Está-se mesmo a ver que a senhora falou sobretudo para agradar aos tomarenses, sem se dar conta de que se calhar estragou mais do que facilitou. Logo veremos, quando a srª já não for ministra de uma cultura muito portuguesa -a da cunha, do jeitinho, da empenhoca e da aldrabice.
segunda-feira, 24 de março de 2025
Turismo e património
Apedeutas a liderar dá nisto...
TOMAR - Gestão municipal. Sinagoga foi o Monumento mais visitado em 2024 - Rádio Hertz
Duas notícias na informação local chamaram a minha atenção, no sentido de as esclarecer, designadamente porque o povo, embora nada diga a respeito, está farto de ser enganado. Uma dessas notícias tem origem na Câmara, informando que duzentos mil turistas visitaram os locais tomarenses tutelados pela autarquia, em 2024, seguindo-se o detalhe por monumento.
As informações sobre a actividade turística são sempre úteis, conquanto neste caso possam carecer de fiabilidade. Não há entradas pagas, nem sistemas automáticos de controlo de acesso, pelo que os dados são recolhidos "a olho". E sendo assim...
Este total de visitantes, ao que parece com um acréscimo de 7% em relação a 2023, poderia ser extremamente útil aos senhores eleitos e respectivos técnicos de apoio (quando os têm) para comparar com as entradas no Convento de Cristo, muito mais numerosas, e dai sacar conclusões operativas. Esta, por exemplo: A entrada no Convento é paga (15 euros/pessoa), mas gratuita em todo o património gerido pela autarquia. Sendo assim, como se explica que o Convento tenha todos os anos muito mais visitantes que os outros monumentos citadinos? Em 2020, Tomar na rede noticiou que apenas 13% dos visitantes conventuais visitavam também os monumentos do centro histórico.
Porquê? O que levará os visitantes, designadamente os estrangeiros atraídos pelo prestígio internacional do Convento de Cristo, a não visitarem a cidade, que atravessam para chegar ao seu objectivo? Tendo em atenção que, no turismo o que conta realmente não é a quantidade de viajantes, mas a despesa de cada turista nos locais visitados, quantos milhões de euros deixam de ganhar os comerciantes e industriais tomarenses todos os anos, porque os turistas em grande parte não descem à cidade para visitar? Quais são os obstáculos?
O turista, seja qual for a sua nacionalidade ou estatuto económico, só pode comprar ou consumir nos estabelecimentos das vias urbanas nas quais circula a pé. Nestas condições, só pode surpreender que até hoje ninguém em Tomar se tenha incomodado com tal anomalia comportamental, procurando conhecer-lhe as causas, para depois propor soluções.
Há por aí um ou dois comentadores que vão escrevendo não ser o turismo uma aposta suficiente para o desenvolvimento económico da cidade e do concelho, nomeadamente por causa dos baixos ordenados Poderá não ser suficiente, ninguém sabe no actual estado de coisas. Mas é seguramente necessário e obrigatório, porque não podemos fechar os acessos à cidade. Estamos portanto numa situação de apedeutas em matéria de turismo (e noutras), todos ufanos porque em 2024 tivemos 200 mil visitantes nos locais visitáveis citadinos, enquanto o Convento de Cristo terá tido muito mais e arrecadado a soma das entradas. É a política à tomarense.
A outra notícia que referi no início fica para a próxima crónica, que esta já vai longa.
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