domingo, 24 de julho de 2016

Crónica estival 5

As contas das festas

Noticia o sempre bem informado Tomar na rede que, passado um ano, ainda não se conhecem as contas da última edição da Festa dos Tabuleiros. Agora imagine-se o tempo que vamos ter de aguardar para conhecer as contas da recente Festa Templária. Se alguma vez vierem a ser publicadas. Porque as coisas são o que são. A contabilidade criativa, como a própria designação indica, leva o seu tempo de gestação...
De forma mais clara: Vá-se lá saber porquê, desde sempre que os organizadores das festas urbanas tomarenses procuram esconder o óbvio -que elas são pagas por todos os contribuintes, via orçamento do Estado. Para manter tal segredo, do tipo gato escondido com o rabo de fora,desenvolvem esforços prodigiosos na área da contabilidade e da comunicação. Omitem grande parte das despesas, conseguindo assim transformar prejuízos evidentes em saldos positivos confortáveis.
No caso da Festa dos Tabuleiros, entre outros itens, nunca são mencionados nas respectivas contas finais o uso de meios da autarquia (veículos, combustível, pessoal, energia, terrados, transferências para as juntas, cedência de locais, cadeiras, palcos, sonoplastia...), o que permite depois apresentar contas com um pequeno fundo de maneio..
Até a família Azinhais Nabeiro, dos cafés Delta, que são o motor da economia de Campo Maior há mais de 40 anos, e por isso mesmo financiadores de todas as actividades de animação a nível local, já perceberam o óbvio: numa sociedade capitalista, tudo é pago; ou directamente por quem beneficia (os espectadores, por exemplo), ou indirectamente por todos os contribuintes de IVA, IRS, IRC ou IMI. É por isso que doravante a Festa da Flor que consiste na ornamentação das ruas, tal como na nossa festa, terá entradas pagas.
Outro tanto sucede em Óbidos, onde foram beber os honrados organizadores da tomarense Festa Templária, que todavia não perceberam ou perceberam mal o que viram e/ou lhes explicaram. Lá, há uma Feira Medieval, em recinto fechado, com animação a condizer e entradas pagas. Dura perto de um mês. Aqui fizeram uma palhaçada dita templária, sem entradas pagas. Com uma espécie de feira aciganada, dita medieval,  a título de animação, que durou um fim de semana. E degradou ainda mais o já bem castigado Mouchão. Mas houve jantarada dita real no refeitório do Convento. Os contribuintes pagam tudo, porque não têm outro remédio. Mas continuo convencido de que virá o dia em que... 
Afinal o salazarismo também durou quase meio século, até que, numa manhã radiosa de Abril, o até aí impensável aconteceu mesmo. Haja esperança! Porque os piores cegos são aqueles que têm olhos mas não querem ver.

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