Água e saneamento
A salganhada da Tejo Ambiente
Recebeu TAD3 um longo comunicado do PSD-Tomar, que se agradece mas não se publica, por já ser do domínio público e para melhor esclarecimento das partes envolvidas e do público em geral. Aqui bem longe de Tomar, com agradáveis 29 centígrados todos os dias, há a sensação de que a salganhada Tejo Ambiente é tão complicada que nem todos os implicados de mais perto percebem bem qual é o seu papel na peça, ou sequer qual é a peça.
Com o único intuito de ajudar, eis a visão de TAD3, com a ajuda dos satélites europeus.
1 - O problema
Tal como nos anos 80 do século passado, verifica-se que a Câmara de Tomar não consegue gerir capazmente os vários serviços públicos cuja exclusividade detém por lei. Nos idos da primeira Aliança Democrática houve a questão da dívida colossal do Município à fornecedora de electricidade de então, resolvida com a transferência da rede e da concessão para a EDP. Quase meio século depois, pode dizer-se que tudo correu bem, uma vez que não há queixas. de funcionários nem de consumidores.
Temos agora uma situação semelhante com a distribuição de água. Não há grandes dívidas, mas uma perda constante de metade da água comprada, devido a anomalias numa rede distribuidora obsoleta e a roubos. Incapaz de resolver o problema de outra forma, Anabela Freitas conseguiu transferir a batata quente para uma nova empresa intermunicipal, a Tejo Ambiente, que não parece ter pernas para andar porque:
a) - há dois sócios macro e quatro sócios micro;
b) - o maior dos sócios macro tem parte dos ovos (a distribuição de água) debaixo de outra galinha chamada BE WATER, a quem compra a água mais barata;
c) - o outro sócio macro tem graves problemas com perdas de rede, ultrapassáveis apenas com investimentos de milhões, que a Tejo Ambiente não tem;
2 - As diferentes posições
A - Ourém: preside nesta altura, e já anunciou que não tem nada que levar com os problemas dos outros, pelo que pondera abandonar a médio prazo a Tejo Ambiente;
B - Maioria PS: considera que foi correcta a extinção dos SMAS e a transferência dos serviços para a Tejo Ambiente. Apenas quer que os consumidores tomarenses continuem a pagar sem reclamar, pois é também para isso que a Câmara lhes faculta eventos à borla, que alguém tem de pagar;
C - PSD - Tomar: Entendem igualmente que a transferência dos SMAS para a Tejo Ambiente foi correcta e se deve manter, mas exigem mais informação, outro comportamento da nova empresa, fim das sucessivas avarias na rede, e manutenção do tarifário aprovado na AM. Quanto às elevadas perdas de rede, acham que depois logo se vê.
D - Extrema-esquerda: Agora livres dos compromissos da geringonça local até à eleições, podem dizer abertamente o que pretendem -o fim da Tejo ambiente e a imediata refundação dos SMAS, que nem eram assim tão maus.
Parece ser isto, visto de longe. Agora, cada interveniente fará o favor de assumir as suas responsabilidades, tendo em conta que os eleitores vão pronunciar-se em Outubro próximo.
Apesar da euforia inicial, em 2019, logo a seguir as coisas deram para o torto:
ResponderEliminarhttps://radiohertz.pt/tomar-camara-anuncia-reducao-no-tarifario-da-agua-a-partir-de-janeiro-preco-desce-1538/
Não conseguiram levar o desconto da água para as eleições e culparam o tal EVEF, do descontrolo de contas, orçamentos e tudo o mais. Chefias da Câmara alertaram para o que estava a acontecer.
A administração, presidida pela Anabela, insistia que tudo se resolvia com o EVEF corrigido. A "oposição" queria uma auditoria, apesar de não haver verba para a contratar. Resumindo uma barafunda total que se mantém até aos nossos dias e se tem agravado, não só na água como no saneamento e nos resíduos. Curiosa a posição da CDU que começou por invocar a situação dos trabalhadores para não se criar a empresa e agora não invoca nada a não ser os preços altos para se sair. Anseia voltar à administração do SMAS?
Na campanha de 2021, no debate dos candidatos, tomei posição e mantenho o que pensava na altura: façam contas, explorem os cenários e tomem opções. Tomem rapidamente decisões.
https://www.youtube.com/watch?v=yHPB1hbdHWw, min 2:27:30
Apontei alguns modelos que podiam substituir a TA, como a sua partilha em 2, com Tomar e outro município mais pequeno (para garantir financiamentos).
Sou portanto a favor de que se considere o fim da Tejo Ambiente. Deve ser estudada a separação de ativos, incluindo funcionários, e avaliado o impacto da separação nos preços finais. Ao mesmo tempo está na altura de se reverem os contratos a montante e considerar o regresso às captações municipais como forma de pressão. Os investimentos têm de se focar nas perdas e na poluição. É incompreensível a substituição dos contadores neste contexto.
A solução para o saneamento é admissível mas nos resíduos há muito para fazer, nomeadamente a valorização energética.
O PSD devia ter mais cuidado com o que projeta: não pode dar nenhuma garantia que se dirigisse a Câmara as coisas não fossem exatamente iguais, a menos que colocasse em causa o modelo TA. E isso não querem fazer, pelo menos em Tomar.
É interessante verificar que até as pessoas bem informadas , continuam a dizer que tem de haver pelo menos 2 municípios para garantir financiamento. Porquê?
ResponderEliminarAbrantes, Torres Novas por exemplo não estão associados com nenhum município e têm financiamento.
Têm é de haver projetos bem feitos e necessários !!
Qual a dúvida de Tomar sair da Tejo Ambiente?
Não há dinheiro para pagar a saída ?
Tenho a certeza que se for feito um inquérito aos tomarenses a pergunta, a grande maioria , independentemente da cor política, querem sair da Tejo Ambiente. Porquê?
Primeiro o preço da água é escandaloso, e só tem tendência para aumentar!
Segundo as constantes faltas do abastecimento de água , por roturas!!
Terceiro o débito de saneamento a quem tem fossa sépticas , feitas pelos próprios e nem tem ligação à rede.
Quarto e talvez a mais importante, não foram feitos nenhuns investimentos em novas condutas de abastecimento de água, nem há previsão de os haver.
Por fim a atitude prepotente da Tejo Ambiente , com os clientes e até com os eleitos dos outros partidos políticos que não o PS.
Se só em perdas de água paga se gasta mais de 1 M€ por ano , só isto é suficiente para pagar a saída e a médio prazo baixar as tarifas.
Estou convencido que se houver algum partido político que coloque no seu programa a saída da Tejo Ambiente ( excluo o PCP pela sua irrelevância eleitoral ) vai ter seguramente uns votos extra.
Se os senhores procurarem no google "perdas de água no sistema de abastecimento de água a lisboa" obtém o resultado de 1/3, 33.3333%, portanto em todo o lado são muito elevadas, não é só em Tomar!!! Quanto aos roubos já é outra estória, não sei o que a câmara faz para os fiscalizar e combater.
ResponderEliminarQuanto ao comunicado do PSD foi um "aliviar a água do capote", tinham o orgulho ferido e tinham de retaliar de alguma maneira.
Hélder Silva, tem um google desatualizado!!
ResponderEliminarA EPAL é um exemplo da boa gestão da água e tem inferior a 10% que a colocam entre as entidades com melhores desempenhos no setor.
Para se informar melhor envio um artigo um pouco antigo mas elucidativo do caso.
https://www.ordemengenheiros.pt/fotos/editor2/epal.pdf
O estudo já é antigo (2014) e salvo erro na página 3 dizem que as perdas na rede em baixa, que é o caso de Tomar, são na ordem dos 30%, logo não sei onde é que você vai buscar os 10%. E também é sempre que desconfiar desta informação institucional, é tudo maravilhoso. Eu ouvi recentemente um gestor franco-brasileiro, o Sérgio Habib, dizer que quando estava a tirar o MBA em Stanford, nos EUA, o professor de contabilidade disse-lhe o seguinte:"desconfiem sempre dos números, se uma empresa for pública, ou seja se tiver o capital aberto na bolsa, o lucro real é sempre menor do que eles anunciam. Se a empresa for privada o lucro real é de certeza maior do anunciado". Se eles em 2014 davam 40M€ de lucro imagino quanto não darão hoje!!! Quem paga são os bananas que o professor Rebelo aqui mencionou há uns dias...
ResponderEliminarhttps://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/salganhada-vs-salgalhada/2001
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