quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

"Infelizmente Tomar já foi..."

De acordo com a peça do nosso prezado colega Tomar na rede, os turistas italianos tinham o carro parado em plena  via, enquanto descarregavam as malas, porque quando solicitada, a câmara se recusou a conceder um lugar cativo de estacionamento em frente ao Hotel Cavaleiros de Cristo, para cargas e descargas. 
Segundo informações que conseguimos obter, a autarquia indeferiu um requerimento solicitando um lugar cativo para o Hotel Cavaleiros de Cristo e outro para a Residencial União, mais acima na mesma rua. A fundamentação da recusa daria para rir, se não provocasse antes vontade de chorar, com pena dos tomarenses e de Tomar.

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Alegaram os senhores da câmara que já existem dois lugares reservados para cargas e descargas naquela área. Um frente aos Correios, outro ao lado da antiga Biblioteca. As respectivas chapas  identificadoras, unicamente em português, especificam que os ditos lugares só estão reservados para tal fim nos dias úteis, entre as 8 da manhã e as 8 da noite. Está-se portanto mesmo a ver que na autarquia pensaram devidamente nas unidades hoteleiras e nos turistas. Tanto naqueles que não entendem português, ou seja quase todos os estrangeiros, como nos que viajam habitualmente aos fins de semana, que são a maioria. E sobretudo  nos que, desconhecendo a cidade, ignoram que existem e onde se situam tais lugares reservados.
Convidada por Tomar a dianteira a comentar o incidente, uma empresa hoteleira local foi muito clara: -"Com muita pena nossa, estamos a investir no Porto. Consideramos que com políticos assim, infelizmente Tomar já foi." 
Desgraçada terra, que merecia melhor sorte!

Mais uma bronca nabantina

Mais uma bronca nabantina. Desta vez envolvendo dois turistas italianos. 13 comentários no nosso colega Tomar na rede. 25 comentários no Facebook, quase todos bem ao estilo da urbe. De que se tratou afinal? De algo pouco mais que anódino. Dois incautos turistas italianos pararam o carro em plena via, na Alexandre Herculano, para descarregarem a bagagem na Residencial Cavaleiros de Cristo. Quando regressaram tinham sido contemplados com uma multa. 60 euros. Algo que não se entende, numa terra que se julga civilizada, cujos responsáveis apregoam que trabalham para desenvolver o turismo, porém apenas a parte visível do iceberg. Que mesmo assim virou bronca porque, contrariando o habitual, que é comer e calar, uma cidadã resolveu assumir o seu dever de cidadania no Facebook, e fê-lo com muita qualidade. Explicou que tal aconteceu porque aquela unidade hoteleira não dispõe de estacionamento reservado para cargas e descargas, recusado pela autarquia.
Foi quanto bastou para causar bronca contra a Exma autarquia, que foi eleita para nos governar, mas afinal não denota ter planos cabais para tanto. Tomar na rede abordou o assunto ampliando-o e já antes, nestas colunas, um tomarense a viver em Sintra se queixara de um incidente homólogo, que só não deu multa porque falou tomarês com os polícias, coisa que os italianos não podiam obviamente fazer.
Há no Tomar na rede e no Facebook comentários bem contrastados. A maioria contra a PSP e contra a Câmara, mas também alguns defensores da polícia, contra os malandros dos turistas italianos, bem como os habituais lambe-botas, que consideram estar tudo muito bem com a Sra. Dª Anabela Freitas no comando..
Salvo melhor e mais fundamentada opinião, Tomar a dianteira considera o que se passou extremamente grave, não só pelo facto em si, mas por aquilo que revela. Na verdade, ocorrências assim são frequentes, havendo até bem mais graves. Sobretudo no Verão, sucedem-se as broncas lá em cima, junto ao Castelo - Convento, com problemas de estacionamento, falta de casas de banho e até alguns roubos. O que não surpreende porquanto, já com dinheiros europeus, a anterior câmara PSD destruiu a Cerrada dos Cães, para mandar fazer 3 parques de estacionamento. Dois para ligeiros, com pouco mais de 50 lugares no conjunto, e um para autocarros, com sete lugares (!!!). 
Para um monumento que recebe 300 mil visitantes/ano, a maior parte dos quais em Julho/Agosto/Setembro, não restam dúvidas de que fizeram obra asseada. Como é costume por estas bandas. No caso, com umas instalações sanitárias sem acesso para deficientes. Quanto aos outros cidadãos, só passando pelo interior da cafetaria, pois o respectivo concessionário (que de parvo não tem nada) resolveu manter fechado o acesso pelo exterior, naturalmente aproveitando uma lacuna do caderno de encargos da concessão.

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O estacionamento da Cerrada dos cães, antes da obras financiadas pela União Europeia. Onde se vêem os carros, do lado esquerdo, está agora a cafetaria. Ou seja: se já era acanhado, mais acanhado ficou.

Abrigados no confortável silêncio tradicionl dos dóceis eleitores tomarenses, alguns continuam manobrando no sentido de se perpetuarem nos lugares que ocupam. Uns comprando votos a prazo, outros agindo dissimuladamente para desencorajar qualquer tentativa de se autonomizar em relação à autarquia, o que poderia vir a ser-lhes extremamente prejudicial. Afinal, antes da crise de 2008 já tinham conseguido, respeitando sempre a legalidade, enxotar  os construtores civis do concelho. Bastou-lhes ir apresentando exigências e mais exigências, nem todas muito ortodoxas.
Uma década mais tarde, já com as empresas de construção civil de fora a virem trabalhar em Tomar apenas episodicamente, e jurando após a primeira experiência que nunca mais cá as apanham, porque não repetir o esquema com os hoteleiros e os turistas?
Apertar a legislação sobre ocupação da via pública, interditar o estacionamento gratuito quando possível, castigar os visitantes, discriminar os tomarenses, eis o que a nossa câmara está a fazer. Em parte por vontade de alguns técnicos superiores, cujas intenções não são muito cristalinas; em parte por manifesta desorganização, como é evidente na área do estacionamento.
A PSP não pode ser culpada, uma vez que os seus agentes se limitam a cumprir as tarefas que lhes são confiadas pela cadeia de comando. E quem dá ordens ao comando, frequentemente mal formuladas e pouco ponderadas, é a autarquia. Com o resultado que está à vista.
Avolumam-se assim os indícios de que os tomarenses, ou tomam consciência da alhada em que estamos metidos, e agem em consequência, ou o melhor será irem procurando outras áreas verdes, que a erva tomarense é cada mais escassa, salvo nalgumas vias da cidade antiga. 
Não queiram ter de clamar mais tarde, como Bocage há três séculos: Erros meus, má fortuna, amor ardente...


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Quem semeia ventos...

Quem semeia ventos, colhe tempestades, é um dito tradicional que pretende mostrar uma situação usual, sobretudo na agricultura, mas também na vida em geral. Aquando do recente seminário sobre turismo militar, que ainda não se entendeu porque foi parar ao Convento, uma vez que a Ordem de Cristo deixou de ser militar pela reforma de 1529, e havendo tanto local adequado cá em baixo, Tomar a dianteira anotou um erro gritante em termos de protocolo.
A senhora presidente da Câmara usou da palavra em 2º lugar, a seguir à senhora directora do monumento, mostrando assim que age como calha em termos de organização protocolar. Com efeito, sendo ela a representante eleita, e portanto legítima, de toda a comunidade tomarense, (na ausência do presidente da Assembleia Municipal), Anabela Freitas ou fala em primeiro lugar, na qualidade de anfitriã, ou tem a última palavra. Encerra os discursos. No caso em apreço, tendo cedido a qualidade de anfitriã a uma funcionária superior, em comissão de serviço já caducada, na categoria de chefe de divisão, a senhora presidente da edilidade devia ter proferido uma última intervenção, e não a segunda. Erros...
Dirão os acérrimos defensores da senhora (não há piores cegos que aqueles que não querem ver), e até outros, que a dita entorse ao protocolo não tem importância nenhuma. Realmente assim parece, tal como sucede com tantas outras normas sociais. Mas pensemos um bocadinho mais. É também uma norma social circular na estrada pela direita. Quando tal não acontece e surge um veículo com um condutor respeitador em sentido contrário...
Na verdade, a asneira protocolar verificada no Convento é apenas um indício daquilo que se vai passando na autarquia tomarense. A evidente ausência de planeamento sério e atempado leva a tomar decisões sem adequada ponderação. Quase sempre com a alegação, explícita ou subentendida, de que já não há tempo para outra coisa.
Assim surgiram projectos de obras cuja utilidade prática está por demonstrar, avolumando-se os indícios de que foram feitos e aprovados "em cima do joelho",  sem prévia e adequada definição de objectivos. Na Várzea Grande, por exemplo, só agora, já em fase de discussão pública, é que estão a pensar onde fazer a feira e num parque de estacionamento alhures, para tentar compensar os lugares que vão ser suprimidos, num arranjo sobretudo cosmético. O indispensável parque subterrâneo fica a aguardar melhores dias e outras gentes.

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No outro grande arranjo vincadamente ornamental, na Nun'Álvares - Torres Pinheiro - Combatentes da Grande guerra, vai ficar por fazer o único melhoramento prático que se impõe -uma rotunda no cruzamento...
Com menos de seis meses neste mandato, numa situação política que será tudo menos confortável, acaba de surgir mais um incidente, que naturalmente a eleita PS e os seus apaniguados vão procurar minimizar ao máximo. Trata-se da nega do administrador, encenador e actor  do Fatias de cá, Carlos Carvalheiro, que informou recusar a homenagem que lhe ia ser prestada, conforme pode conferir aqui. A desculpa será a de sempre -não tem importância nenhuma.
Não terá realmente, mas volta a pôr a nu a falta de adequado planeamento na autarquia. Noutra terra ou noutro país, conscientes do seu passado e da sua dignidade, as coisas teriam sido feitas de outro modo. Com deve ser sempre. Antes de o executivo deliberar sobre homenageados, a senhora presidente, ou outro eleito ou funcionário superior a mando dela, teria sondado  os escolhidos, indagando se aceitavam ou não a distinção. Não foi feito. Partiu-se do pressuposto que, oferecendo-lhe palha, qualquer ovelha do rebanho virá à manjedoura. Agora é demasiado tarde. Nunca há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.
Pelo que, ao finalizar o primeiro semestre de governança neste 2º mandato, ainda não se pode dizer com justeza que quem semeia ventos, colhe tempestades. Mas é já justo afirmar que a senhora presidente vai colhendo aquilo que antes tem andado a semear.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Um tomarense íntegro

 António Freitas

Carlos Carvalheiro não quer medalhas…
Quem não se sente não é filho de boa gente....

 Numa terra em que tudo se põe em bicos de pés e mete cunhas por uma tão almejada medalha, e muitos dariam tudo, mesmo sendo uns incompetentes, para a receber, é preciso ter carácter e ser um grande SENHOR,  a fazer lembrar José Saramago, para recusar a homenagem decidida pelo actual executivo.
O tomarense Carlos Carvalheiro acredita na bondade da decisão camarária, mas lembra a usual falta de apoio à companhia, ou seja o fundador e director artístico do Teatro Fatias de Cá, escreveu à presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, a informá-la que não irá receber, no dia do concelho, 1 de Março, a medalha de Valor e Altruísmo, que o executivo camarário lhe atribuiu pelo trabalho desenvolvido desde a criação do grupo em 1979. Depois de sublinhar que o Fatias de Cá "conviveu, desde sempre e quase sempre, com uma atitude a raiar o ostracismo, por parte do Município de Tomar", Carlos Carvalheiro pede compreensão para a sua decisão. "Embora a minha relação com quase todos os autarcas tenha sido pautada pela mútua simpatia, e embora reconheça como bondosa a actual decisão de me ser concedida uma medalha, não ficaria de bem com a consciência se aceitasse camuflar a memória.", escreve. E conclui: "Peço, por isso e por ora, ao Município de Tomar que não leve a mal por pedir escusa desta Medalha de Valor e Altruísmo que teve a gentileza de me conceder". 
Ficando a medalha sem dono, sabe-se que, por portas travessas, já houve muitos pretendentes à mesma. Não seria hora de João Victal receber a mesma pelo que tem dado à Festa dos Tabuleiros?
Com esta atitude coerente e corajosa de Carlos Carvalheiro, Bruno Graça, o outro contemplado pela sua acção em prol da Gualdim Pais, fica numa posição embaraçosa. Tanto mais que foi muleta de Anabela Freitas no mandato anterior. Se aceita... Se recusa...
Texto editado por Tomar a dianteira 3

O comentário de António Rebelo
Peço licença, Carlos, para me meter onde ninguém me chamou. Quando li a decisão de atribuir medalhas e vi o teu nome, disse para comigo: -O Bruno não sei, mas o Carlos não vai aceitar de certeza. E não é que acertei em cheio?!
Por isso aqui fica a minha sincera homenagem:
Homem de um só parecer
De um só rosto, de uma só fé
De antes quebrar que torcer
Muita coisa pode ser
Homem da corte não é!

Francisco Sá de Miranda - 1544

Sobre a futura concessão da Estalagem de Santa Iria

Nem de propósito 

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Castelo dos Templários e Convento de Cristo. Do lado direito, a antiga enfermaria conventual, mais tarde hospital militar, actualmente fechada ao público, na qual já por diversas vezes se alvitrou instalar uma unidade hoteleira. Por enquanto, a parte devoluta e vedada ao público do Convento de Cristo ainda não foi incluída no programa REVIVE, de concessão a privados. Até quando? Qual a posição da autarquia?

Quando há poucos dias aqui se escreveu sobre o futuro da Estalagem de Santa Iria, vincou-se a necessidade de elaborar um caderno de encargos consistente, no mínimo com um esqueleto de projecto, de forma a permitir conhecer a duração da concessão, a renda mensal, o investimento previsto, o período de carência e a remodelação a efectuar, nomeadamente o total de quartos. No Expresso online de hoje, um gestor de topo da empresa Pousadas de Portugal informa que nem todos os imóveis a concessionar, no âmbito do programa governamental REVIVE, interessam à empresa, mas sobre os que consideram mais susceptíveis de aproveitamento, pretendem conhecer antes pelo menos três factores. Ora leia:

"Castanheira Lopes diz também que uma futura tomada de posição dependerá de, pelo menos, três fatores, que ainda não são conhecidos: "Nesses casos [dos que têm interesse em estudar], evidentemente, teremos de saber qual é o prazo da concessão, qual é a renda que vamos pagar e o que é que poderemos vir ali a fazer". Por exemplo, "quantos quartos posso fazer? 10? Não estou interessado. 40? Talvez. 70? Certamente", explicou o responsável. "Sem termos estas situações definidas não nos podemos pronunciar [no concreto]. Aguardamos", refere."

Aqui fica o aviso. Com destaque para "10 quartos? Não estou interessado. 40 quartos? Talvez. 70 quartos? Certamente." Numa frase curta: Quanto mais quartos melhor. De forma que a nossa estalagem, com apenas uma dúzia de quartos...
Por conseguinte, se a Exma Câmara está convencida de que a questão da Estalagem de Santa Iria pode ser resolvida assim "estilo meia bola e força", como é habitual, podem ir tirando o cavalinho da chuva, para o animal não apanhar nenhuma pulmoeira. A hotelaria turística é uma área cada vez mais complexa, que não se compadece com amadores de circunstância.
Caso os respeitáveis senhores autarcas queiram evitar outra bronca, parecida com a do ex-Convento de Santa Iria, que há mais de uma década não ata nem desata, o melhor será fazer as coisas by the book. Como mandam as melhores práticas. E se não se sentem à altura das circunstâncias, peçam ajuda, sob a forma de assessoria.

Quem nos acode?!

Bem vistas as coisas, médicos, outros académicos, polícias, analistas políticos ou governantes eleitos, todos procedem da mesma forma nas suas funções principais. Examinam com cuidado o objecto de estudo, identificam os sintomas, fazem um diagnóstico e estabelecem uma terapêutica. Mais precisamente, os candidatos a governantes apresentam, ou deviam apresentar, num programa político, o seu diagnóstico, resultante de estudo aprofundado, naturalmente seguido da terapêutica que propõem.
Como bem sabem todos os que se interessam pela política local e têm capacidade para raciocínios de grande amplitude, em Tomar quase nada disso foi feito. Apareceram realmente uns programas, quase todos feitos à pressa e mal fundamentados. Com a notável excepção da CDU, cujo candidato nem sequer foi eleito e do BE, idem idem. Assim vai a política tomarense.
Apesar de tal estado de coisas, ou se calhar por causa dele, as mazelas nabantinas são agora bem conhecidas, nomeadamente graças aos novos meios de informação, que permitem ultrapassar a tradicional autocensura. Eis uma lista sucinta dos sintomas: Hemorragia demográfica, falta de postos de trabalho, falta de investimento, falta de sanitários públicos em quantidade e qualidade, falta de saneamento adequado no ângulo sudoeste do centro histórico, falta de estacionamento na área urbana mais central, falta de estacionamento junto ao Convento de Cristo, falta de uma ligação rápida e não poluente entre o centro histórico e o conjunto Castelo dos Templários - Convento de Cristo, falta de adequada sinalização, tanto turística como rodoviária, falta de um plano municipal de turismo devidamente estruturado, excesso de despesas permanentes do Município, fraca qualidade de vida, custos excessivos, taxas municipais exageradas, excesso de burocracia.
Face a este rol de desgraças, resultado de anos de deixa andar, todas interligadas, como não podia deixar de ser, que propõe a actual maioria autárquica? Sobretudo, senão mesmo exclusivamente, que se aproveitem os fundos europeus, na área da reabilitação urbana. Tratando-se no caso tomarense basicamente disso mesmo, de reabilitação de uma cidade que já foi um exemplo, verificou-se que, apesar de muita conversa, não existiam quaisquer planos feitos. Nem bons nem maus.

Foto Rádio Hertz

Ao cabo de mais de quatro anos de mandato, lá acabaram por surgir alguns projectos. Os principais são o realojamento dos ciganos do Flecheiro, o arranjo da Várzea Grande, o arranjo da Avenida Nun'Álvares, o arranjo da Rua Torres Pinheiro, o arranjo da Praceta Raul Lopes e o arranjo da estrada do Prado.
Exceptuando o realojamento dos ciganos, que se impunha e está em curso, o resto é muito controverso. Trata-se sobretudo de obras de fachada, para basicamente ornamentar, enfeitar, decorar, maquilhar, porém sem grande utilidade prática. Dois exemplos: 
1 - No caso dos arranjos da Nun'Álvares e da Torres Pinheiro, o mais importante em termos práticos era a construção da rotunda, no cruzamento com a Combatentes da Grande Guerra. Pois fica para melhor oportunidade. Não se sabe porquê, uma vez que o executivo não explica.
2 - Havendo já evidente falta de estacionamento, sobretudo no centro histórico, e dando-se o caso da prevista requalificação da Várzea Grande ir suprimir mais algumas centenas de lugares, está-se mesmo a ver que se impunha um grande parque de estacionamento subterrâneo naquele largo, já integrado no tal plano municipal de turismo, que por enquanto não há, mas é inevitável e inadiável. Pois também não senhor, com uma muito curiosa justificação, em plena reunião do executivo. Segundo Anabela Freitas, "Há cinco milhões de fundos comunitários, verba que até poderia não chegar para o parque de estacionamento, pelo que o Município preferiu aplicar esse valor noutros projectos na cidade."  Por outras palavras ao alcance de todos, o paciente padece de cancro em estado avançado, pelo que se impunha uma intervenção cirúrgica. Mas como a verba disponível "até poderia não chegar" para essa intervenção, preferiu-se aplicá-la num arranjo das unhas, num corte de cabelo, num vestido e nuns sapatos de marca, mais umas coisas de fachada, que é para se verem. Quanto à operação, está-se a elaborar outra solução equivalente.
Com uma análise tão cuidada e rigorosa que até permite expressões do tipo "poderia não chegar", o que significa que tal hipótese nem sequer foi alguma vez estudada em detalhe, qualquer cidadão minimamente consciente só pode ficar preocupado. Mas que se há-de fazer? A oposição não protesta. Limita-se a falar de "oportunidade perdida", quando seria mais adequado dizer "asneira monumental". A Assembleia Municipal é uma evidente inutilidade. Os tomarenses são um dócil rebanho do Senhor. E o concelho vai de mal a pior. A doença é bem conhecida, com  sintomas que só podem agravar-se. Até que seja demasiado tarde.
Perante isto, quem nos acode?! Em último caso, até eu que sou baptizado católico, porém não praticante há muitos anos, não consigo evitar uma exclamação bem sentida: Valha-nos Deus!!! 

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Um safanão no Politécnico de Tomar

A notícia é da Rádio Hertz e pode ser lida aqui. O Município do Entroncamento acaba de assinar um protocolo de colaboração com o Instituto Politécnico de Lisboa. Para que não restem quaisquer dúvidas, o documento subscrito especifica "acções nos domínios do ensino, formação, investigação e prestação de serviços".

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Ligada por comboios directos a três Institutos Politécnicos (Tomar a 19 quilómetros, Santarém a 50 quilómetros e Lisboa a 110 quilómetros), a cidade do Entroncamento optou pelo mais afastado. Porque terá sido?
Quando nestas colunas se tem chamado a atenção para a evidente degradação do Instituto Politécnico de Tomar, nomeadamente em termos de reputação académica, cada vez mais visível na redução anual das candidaturas e no fraco nível dos candidatos, os visados avançam para desculpas tipo insulto. É mentira, o gajo é sempre do contra, isso não passa de má-língua, e outras pérolas do mesmo viveiro. Quanto a desmentidos fundamentados ou explicações plausíveis, era bom era. Mas não há.
Este protocolo agora celebrado entre o Município do Entroncamento e o IPL, vem demonstrar, sem margem para dúvidas, que pelo menos um autarca da região não acredita nas qualidades do IPT, sempre alegadas, mas raramente demonstradas. Constitui portanto um safanão nos responsáveis académicos tomarenses. Para não dizer uma autêntica bofetada de luva branca. A exigir medidas urgentes, no sentido de melhorar a qualidade do ensino superior em Tomar, sob pena de, dentro de algum tempo, deixar de haver IPT autónomo. Assim como quem diz, façam pela vossa vida futura, que nós já conseguimos abrigo num porto bem melhor.
A cúpula politécnica nabantina vai finalmente ouvir a mensagem, ou prefere acentuar a fingida surdez?
Para situações como esta, a sabedoria popular usa geralmente dois provérbios. Um deles refere que "a mentira tem a perna curta". O outro diz que "apanha-se mais depressa um aldrabão que um coxo". Tomar a dianteira prefere este.
Porque a ignorância remedeia-se aprendendo. A óbvia falta de massa cinzenta não tem solução.

Tratando- se de obra meritória, todos devemos ajudar


             Peditório Nacional da Cáritas

Nos próximos dias 1,2,3 e 4  de Março, vai ter lugar o peditório nacional levado a cabo pela Cáritas em todo o país.
Sob o lema “Cuidar da casa comum”, as Cáritas Diocesanas de todo o país vão estar a celebrar a Semana Nacional da Cáritas, de 26 de Fevereiro  a 4 de Março. Inserido nesta iniciativa, a Cáritas leva a cabo o Peditório Nacional que visa recolher fundos para poder dar continuidade ao trabalho de apoio às muitas famílias e pessoas em situação de fragilidade que procuram a Instituição.  Milhares de voluntários vão estar em diversas cidades de norte a sul o país, em muitas superfícies comerciais e em todas as dioceses portuguesas. Participar é um gesto de corresponsabilidade que é determinante para o apoio diário a muitas famílias que actualmente atravessam dificuldades.
Em Tomar, a Cáritas efetuará o peditório nas ruas mais movimentadas da cidade e em algumas superficies comerciais.

Pela extrema importância desta campanha, a Cáritas apela: Ajudem-nos a ajudar!

A Direção da Cáritas de Tomar



sábado, 24 de fevereiro de 2018

Turismo em Portugal: Prémios comprados?

O tema é incómodo, porque mexe com muitos interesses, mas já foi abordado nestas colunas aquando da atribuição de duas medalhas de não sei quê aos SMAS - Tomar, cujas qualidades todos conhecemos tão bem. Volta agora à ordem do dia, com os sucessivos prémios atribuídos recentemente a Portugal na área do turismo.
Surpreende e questiona um bocado, confrontar os tão propalados prémios disto e mais aquilo, atribuídos a Portugal em matéria de turismo, quando afinal pouco ou nada se fala do nosso querido país nos vários rankings internacionais.. Aqui há dias foram os vinte melhores destinos para 2018 que nenhum viajante deve perder, e Portugal não fazia parte. Agora são as dez melhores cidades para visitar em 2018, e nenhuma é portuguesa. 
Simples azar? Ou há algo que não bate certo na propaganda nacional? Serão afinal prémios comprados, para iludir o pagode? Quais? Estes da Lonely Planet, que resultam da votação dos seus milhões de leitores? Ou os atribuídos a Portugal, não se sabe bem como nem por quem?

As 10 melhores cidades a visitar em 2018, segundo a Lonely Planet
(Copiado do El País online)

Vista del proyecto Metropol Parasol, conocido como las Setas de Sevilla, proyectado por el arquitecto Jürgen Mayer en la plaza de la Encarnación.
1 - Sevilha - Espanha
O ano de Murillo e muito mais

Vista del 'downtown' de Detroit desde Brush Park, uno de las zonas que han renacido en la ciudad norteamericana.
2 - Detroit - Estados Unidos da América
Explosão criativa após a catástrofe económica

Una de las zonas comunes del Hotel Hotel, en el barrio de New Acton de Canberra.
3 - Camberra - Austrália
Espírito 100% australiano

Vista de la Elbphilharmonie (Filarmónica del Elba), de los arquitectos Herzog y de Meuron, en Hamburgo.
4 - Hamburgo - Alemanha
A nova filarmónica e outros encantos portuários

5 - Kaohsiung - Taiwan
A bela vida estilo taiwanês

6 - Antuérpia - Bélgica
O grande ano do barroco flamengo

Vista de la ciudad italiana de Matera, al sur de Italia.
7 - Matera - Itália
Uma cidade troglodita a caminho da fama

Una calle del centro histórico de San Juan de Puerto Rico.
8 - S. Juan - Porto Rico
Encanto colonial com ares de vanguarda

Vista de la ciudad mexicana de Guanajuato desde la colina de San Miguel.
9 - Guanajuato - México
Prata, estudantinas e arte colonial

Museo Astrup Fearnley, en el rehabilitado astillero de Tjuvholmen, en Oslo.
10 - Oslo - Noruega
Bodas de ouro reais e ópera por todo o lado

Se teve paciência para chegar até aqui, se gosta de relambório, se lê e entende castelhano e se tem alma de viajante, pode ler aqui a descrição rápida de cada cidade. A tal storytelling, que foi debatida por conceituados especialistas de elevadíssima craveira em matéria de turismo, durante um seminário sobre turismo militar no Convento de Cristo...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

É de artista!

Quem sabe sabe, costuma dizer-se para gabar alguém que é realmente artista com letra grande na sua tarefa. Como o cronista Rui Ramos, por exemplo, uma das melhores "canetas" do momento que escreve regularmente no Observador. Na sua crónica de hoje, sobre a movimentada e exaltada situação interna no PSD, usou esta frase requintada: "O primeiro efeito do corrente jogo será, portanto, uma grande cacafonia." 
Repare-se no detalhe. O termo normal é "cacofonia". Ao mudar uma letra, escrevendo "cacafonia", Rui Ramos conseguiu dar aos leitores uma ideia mais precisa e odorante do actual ambiente entre os laranjas. Realmente, Rui Rio ainda agora começou, mas o ambiente já é mais caca que fonia.
Ou terá havido apenas um lapso de linguagem da parte do cronista Rui Ramos? Se assim aconteceu, bem se poderá dizer que foi um acaso bastante feliz em termos informativos.

Excelente decisão para tentar evitar o naufrágio

A informação local e a grande informação nacional noticiaram que a empresa Critical Software, com sede em Coimbra, vai abrir quatro novos polos, em Vila Real, Viseu, Tomar e Évora. Para esse efeito está já a contratar 60 engenheiros informáticos, quinze para cada nova localização, admitindo-se que esse número possa vir a aumentar até ao final do ano.
Um dirigente da Critical Software esclareceu que esta expansão, feita em estreita colaboração com as autarquias e os estabelecimentos de ensino superior, visa contrariar a tendência de desertificação do interior, sobretudo no que concerne às camadas mais jovens e preparadas.
Face a tais dados, sentindo-se muito honrado por Tomar emparceirar assim com três capitais de distrito, embora por uma má razão, o escriba destas linhas foi averiguar o que se tem passado em termos de hemorragia populacional desde 1976, comparando as quatro cidades, agora contempladas pela citada empresa tecnológica. Eis o resultado:

EVOLUÇÃO DO ELEITORADO INSCRITO NOS CADERNOS ELEITORAIS DESDE 1976

CONCELHOS               1976             2001            2017

Évora                          36.966          44.847         47.510
Tomar                         32.432          39.338         34.814
Vila Real                    28.522          43.432          50.693
Viseu                         52.203          80.297          94.329

Donde se pode concluir, entre outros dados, que de 1976 a 2001, (25 anos), a evolução foi a seguinte:

Évora registou mais 7.881 eleitores inscritos
Tomar registou mais 6.900 eleitores inscritos
Vila Real registou mais 14.910 eleitores inscritos
Viseu registou mais 28.094 eleitores inscritos

Ou seja, entre 1976 e 2001, Tomar registou  a mais baixa percentagem de acréscimo populacional, mas apesar de tudo cresceu.

Vejamos agora a evolução dos eleitores inscritos entre 2001 e 2017, (16 anos):

Évora   inscreveu mais 2.663 eleitores
Tomar perdeu 4.524  eleitores
Vila Real inscreveu mais 7.261 eleitores
Viseu inscreveu mais 14.032 eleitores

Fontes:
Para os dados referentes a 1976 e 2001:
https://www.portaldoeleitor.pt/Paginas/HistoricodeResultados.aspx
Para os dados de 2017: https://www.eleicoes.mai.gov.pt/autarquicas2017/

Perante tais dados, que concluir? As 4 cidades consideradas estão situadas no interior do país, mas enquanto Évora, Vila Real e Viseu continuam a crescer em termos demográficos, Tomar tem perdido população. Porquê?
Alguns cérebros nabantinos -os habituais- vão continuar a afiançar que estamos no caminho certo e, calhando, que neste caso preciso as três outras cidades crescem porque são capitais de distrito e Tomar não é. Além de não se conseguir enxergar, no contexto actual, a relação entre a capitalidade distrital e a evolução populacional, uma vez que por exemplo Portalegre, outra capital de distrito do interior, também tem perdido população, contando até menos eleitores que Tomar (20.835 em 2017, 22.268 em 2001) cabe lembrar que só Évora, a 134 quilómetros de Lisboa, está a uma distância comparável à de Tomar em relação à capital do país, a menos de duas horas de viagem. As outras duas, Viseu e Vila Real estão muito mais afastadas. Viseu fica a 329 quilómetros ( mais de 3 horas de trajecto) e Vila Real a 420 quilómetros, (4 horas e 15 minutos) . Conviria por isso que os tomarenses com responsabilidades se deixassem de lamúrias, de tautologias e de fantasias, encarando finalmente as coisas como elas são.  Se o não fizerem, pode dar-se o caso de os de fora, que são geralmente educados, nada dizerem frontalmente, mas fazerem constar, uma vez mais, que no vale do Nabão há óbvia escassez de massa cinzenta.
Deve ser do clima. Ou será da água?

Adenda

Todos os leitores entenderam perfeitamente o texto, incluindo o vocábulo tautologias. Ainda assim, não custa nada explicar. Segundo os dicionários, tautologia significa redundância, pleonasmo, repetição. Em termos políticos, usa-se em geral no sentido marxista: há tautologia quando se tenta explicar o efeito com a causa e vice-versa. Exemplo: A população tomarense está a diminuir devido à migração para a faixa costeira. Há migração tomarense para a faixa costeira devido à diminuição da população.



                   

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

No melhor pano cai a nódoa

Decorre hoje no Convento de Cristo, numa sala que já foi do seminário, um seminário sobre narrativa e turismo militar. Os organizadores usam a americanice storytelling em vez de narrativa, decerto por acreditarem que é mais fino, logo mais credível.
Os intervenientes são todos de alto coturno. Do melhor que temos, até prova em contrário. La crème de la crème, como dizia o Herman José há uns anos atrás. Lendo o programa, só não se lhes tira o chapéu porque  esse tempo já lá vai, embora nem todos de tal se dêem conta. Desgraçadamente. 
Presidente da Câmara de Tomar, Directora do Convento de Cristo, (cujo mandato já terminou há meses, mas não há maneira de ser substituída), Presidente do Politécnico, Director do Museu Militar de Lisboa, Director do departamento de gestão turística do Politécnico, vereadora do turismo da autarquia tomarense, chefe da divisão de turismo da Câmara de Tomar... Tudo personalidades de primeira água, que certamente proporcionarão momentos bastante enriquecedores nas áreas restritas que pretendem abordar.
Infelizmente, numa publicação ligada aos organizadores, a página sobre o Convento de Cristo tem um curioso resumo inicial. A tal narrativa, neste caso sucinta:

Cidade: Tomar
Tipologias: Pontos de Interesse | Locais
Categorias: Museus

Descrição

"Fundado por Dom Gualdim Pais, o Convento de Cristo era a sede da Ordem Templária em Portugal. Em conjunto com o Castelo, representam o culminar da Ordem sob a direção do Grão-Mestre Gualdim Pais." 

O Convento de Cristo fundado por Gualdim Pais ?!? O ponto alto da Ordem de Cristo sob a direcção de Gualdim Paris ?!? Tenham santa paciência, mas é falso. Rotundamente falso!

É pena, porque a descrição que segue e pode ser lida aqui:

https://www.turismomilitar.pt/index.php?lang=pt&s=pois&id=48&title=Convento_de_Cristo

está muito bem feita e respeita escrupulosamente a História. Mas quê?! Com semelhante dislate logo a abrir, o pessoal só pode ficar de pé atrás. Tanto mais que, tratando-se de turismo, não se vê no programa do dito evento nenhum operacional da área. Só eleitos, funcionários e teóricos. O costume.
Caso para dizer portanto que no melhor pano cai a nódoa e que com realizações assim não vamos longe, nem como concelho nem como país. Mas é apenas uma opinião sem importância nenhuma, conforme o futuro confirmará. Ou não???





quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Santa Iria, sinónimo tomarense de infelicidade

Apesar de mártir, santa e padroeira de Tomar, não se pode dizer que Santa Iria seja sinónimo de êxito. Pelo contrário. A Feira de Santa Iria já conheceu melhores dias e agora até vai ser forçada a abandonar o seu terreiro de séculos. Se nem no tradicional campo de feira -o rossio da vila- conseguiu impôr-se, imagina-se como vai ser na nova localização, seja ela qual for.
O pego de Santa Iria, ali à ilharga do Nabão, tem tido tão pouca sorte que, aquando do mais recente restauro da fachada, só para inglês ver, nem sequer teve direito a uma limpeza, seguida de pintura. Porquê tanto abandono? Ninguém sabe, e a câmara também não explica.

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Do ex-convento de Santa Iria resta agora uma capela e um monte de ruínas. Há mais de uma década, o executivo municipal, então liderado por António Paiva, deliberou que ali será edificado um "hotel de charme" de pelo menos quatro estrelas. Só não disse quando nem como. Posto à venda em conjunto com o ex-colégio feminino, pela módica soma de 2,5 milhões de euros, não apareceram interessados.
Numa segunda tentativa, com o preço reduzido para milhão e meio de euros, vieram representantes de pelo menos duas empresas hoteleiras interessadas, que colheram elementos informativos, mas não mais deram notícias, tal terá sido o susto. Mais recentemente, numa fase já algo desesperada, membros do executivo camarário falaram na eventualidade de uma concessão por qualquer preço, desde que a entidade interessada demonstre capacidade para construir o anunciado hotel de charme. Pois nem assim apareceu o ansiado investidor temerário. Falta de sorte? Ou nítida falta de habilidade e de empenhamento da autarquia?

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Aparece agora com mais acuidade a questão da Estalagem de Santa Iria. Ao cabo de quase cinco anos de mandato, a actual presidente ousou atacar e venceu.A câmara prepara-se nesta altura para receber de novo aquele património do município, abusivamente ocupado durante pelo menos 11 anos, uma vez que a empresa concessionária deixou de pagar as rendas a que se comprometera.
Pelo que transpareceu na reunião do executivo do passado dia 19, é o vice-presidente Hugo Cristóvão que está com a bola nos pés. Mau sinal. Não porque Cristóvão seja incompetente, longe disso. Simplesmente porque, se a presidente Anabela Freitas se virou para outros objectivos, terá sido por intuir que do problema da estalagem nada de bom poderá resultar.
Resta aguardar, sendo porém evidente desde já que se perfilam duas hipóteses principais: 
A - A câmara apresenta um caderno de encargos bem elaborado, com pelo menos o esqueleto de um projecto de requalificação vinculativo, e condições financeiras atractivas, conseguindo assim convencer um investidor;
B - A câmara repete os erros do ex-convento de Santa Iria, mas mesmo assim tem a sorte de lhe aparecer um investidor ousado, como por exemplo o dono da unidade hoteleira da margem oposta.
Caso nenhum destes cenários se venha a verificar, que é o mais provável, vamos ter mais um asilo de ratos na estalagem, como já acontece há anos com o Palácio Alvim (ex-sede da PSP), o ex-Convento de Santa Iria, o Complexo  museológico da Levada ou o ex-Museu municipal João de Castilho, sala João Martins de Azevedo.
Mas estamos no bom caminho. Parece ser quanto basta, porquanto a população não protesta. E quem cala, consente. Se calhar ignorando que, conforme reza o adagiário tradicional, "quem não se sente, não é filho de boa gente."