domingo, 31 de dezembro de 2017

O PS Tomar e o "chumbo" do orçamento dos SMAS

Ameaças descabidas

Tomar a dianteira teve acesso ao comunicado do Partido Socialista local sobre o "chumbo" do orçamento dos SMAS, que publica na íntegra, agradecendo a quem lho facultou:


O COMENTÁRIO DE TOMAR A DIANTEIRA


Trata-se de um comunicado estranho, num estilo pouco comum, com algo de atamancado. Começando por assegurar, no ponto 1, que aceitam as decisões democráticas, acabam por mostrar exactamente o oposto, nomeadamente no ponto quatro, ao proclamarem, em tom ameaçador, que "saberemos identificar os responsáveis perante a população". Será que os opositores que reprovaram o orçamento cometeram algum delito? Não? Então para que serve a ameaça? Só para tentar intimidar?
Outro aspecto lamentável é a segunda parte do ponto 2, atirando mais uma vez a responsabilidade do custo da água para o PSD. Sendo verdade que Paiva celebrou contratos "leoninos", porque é que, ao cabo de quatro anos no poder, o PS ainda nada conseguiu na área da urgente e indispensável renegociação? Falta de capacidade? Falta de vontade? Falta de contexto? Aos consumidores tomarenses não interessa nada saber de quem é a culpa pelo exagerado preçário dos SMAS e respectivas taxas obrigatórias agregadas. Querem é que os custos baixem e quanto antes melhor. Não só por conveniência pessoal, mas também porque isso será bom para o desenvolvimento local.
Veja-se a enorme diferença de procedimentos entre Ourém, onde a população aumenta, e Tomar, onde a população diminui. Ourém dá prémios monetários às famílias que vierem fixar-se no concelho, e decidiu reduzir a derrama para metade. Tomar mantém os encargos fiscais tal como estão, não dá prémios a ninguém e resolve aumentar o custo da água, que já é das mais caras do país. É assim que esperam que o concelho cresça?
Tentando intrujar uma vez mais os leitores, o PS garante que o orçamento nada tem a ver com o tarifário aprovado, pois este é da competência da Câmara. Simula assim não ter percebido que a oposição, ao não poder "chumbar" o tarifário no lugar próprio -o executivo municipal- porque aí os socialistas têm maioria absoluta, aproveitou o único órgão democrático em que tinha hipóteses de vencer - a Assembleia Municipal. E venceu! E convenceu!
Essa amarga e inesperada derrota do PS significa que, caso a maioria presidencial esteja realmente "disponível para encontrar as soluções para aprovar o orçamento dos SMAS", conforme está escrito no ponto 6, já sabem os seus responsáveis  as concessões a fazer: 1 - Avocar, em sede de executivo, o preçário já aprovado, e alterá-lo substancialmente, reduzindo tarifas e, por arrastamento, taxas; 2 - Reorientar prioridades, designadamente modernizar as redes do centro histórico, antes de alargar no meio rural, onde há menos habitantes; 3 - Deliberar no sentido de encetar diligências urgentes para renegociar, ou mesmo impugnar judicialmente, pois as cláusulas leoninas são ilegais, os contratos em vigor com as entidades fornecedoras de água em alta.
O resto não passa de "música". Tanto mais que, segundo informações fidedignas, as ditas fornecedoras em alta nunca cumpriram algumas cláusulas dos contratos ainda em vigor. Apesar disso, a autarquia nunca as accionou judicialmente. Porquê? Decorridos quatro anos no poder, ainda não tiveram tempo? Não sabem? Haverá convénios implícitos, não escritos? Se há, são entre quem e quem?

sábado, 30 de dezembro de 2017

Jornalismo à tomarense

Duas notícias recentes agitaram o microcosmo informativo nabantino: Mais um caso de poluição do Nabão e o "chumbo" do orçamento dos SMAS pela Assembleia Municipal. Em todos os países livres, aprende-se desde o ensino básico o que é uma notícia, segundo a escola americana. É um texto, tão claro e sucinto quanto possível, que responde às perguntas básicas "O quê?", "Quando?", "Onde?" É também ensinado que, sempre que possível, deverá o jornalista proceder de forma a que o seu texto informativo responda igualmente às seguintes questões, que já são mais da área do periodismo de investigação: "Quem?", "Como?", "Porquê?", "Para quê?"
Relendo, como exemplos, as duas notícias acima citadas, torna-se evidente que apenas permitem responder à primeira série de perguntas. Quer confirmar? Após a respectiva releitura, (basta clicar nos links), procure responder às perguntas seguintes -No caso do Nabão: De onde vem precisamente a poluição? Qual a sua origem material (suinicultura, ETAR, fábrica)? Porquê? Quais são as causas (falta de tratamento, avaria transitória, escorrências)? Quem é, ou quem são os culpados? No caso do "chumbo" do Orçamento dos SMAS: Chumbaram porquê? Qual é a causa, ou quais são as causas? Para quê? Quais são os objectivos de quem votou contra a aprovação do orçamento? Naturalmente que o melhorem, é óbvio. Mas em que aspecto, ou aspectos?
Trata-se portanto, conforme se constata, de jornalismo incompleto, capado voluntariamente ou não, que não informa cabalmente os leitores. E se mesmo as populações bem informadas, graças ao jornalismo capaz, nem sempre reagem como deviam, que esperar de um eleitorado como o tomarense, que lê pouco e não dispõe de informação escorreita e completa?
É claro que a informação local luta constantemente com uma lamentável falta de meios, e que os jornalistas são bastante mal pagos. Dito isto, há casos em que se torna evidente que a principal falta de recursos é sobretudo "cabeçal". Infelizmente para todos.

Os tomarenses e os seus notáveis

6 - Monumento ao bombeiro




A ideia era generosa. Gonçalo de Macedo, à época director do semanário Cidade de Tomar, decidiu lançar uma subscrição pública para erigir um monumento de homenagem aos bombeiros. Semana após semana, verificou-se que os leitores daquele periódico lá concordar com a ideia, concordavam; mas quanto a abrir os cordões à bolsa, isso é que pouco e devagar. Uma ideia generosa numa terra árida, só podia dar naquilo que deu -um monumento demasiado modesto para o fim em vista.
Agravando a situação, aquando da mais recente construção da rotunda, alguém teve a infeliz ideia de mudar o monumento, que estava naquele espaço relvado frente ao quartel, à ilharga da Av Norton de Matos, para a placa central, onde agora se encontra. Há gostos para tudo, sendo até costume dizer-que que gostos não se discutem. Ainda assim, na opinião de Tomar a dianteira, há ali uma visível incompatibilidade. Ou o monumento não é para aquela rotunda, ou a rotunda é demasiado ampla para aquele monumento.
Em qualquer caso, os nossos abnegados bombeiros, que tudo dão e pouco ou nada pedem em troca, merecem mais e melhor. Vamos a isso? Conseguir um monumento menos modesto para homenagear os soldados da paz?
O que ali está não prestigia ninguém. Nem o escultor, nem os autarcas, nem os bombeiros, nem os tomarenses. Mesmo se os visitantes são em general educados, o que os impede de dizerem francamente o que pensam sobre aquilo que vêem. Ainda por cima com a indicação em maiúsculas "HOMENAGEM DO CONCELHO DE TOMAR". Muita parra, pouca uva.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Apesar de demasiado alambicado...

Apesar de demasiado alambicado, que é como quem diz excessivamente longo e muito enrolado, não posso deixar de recomendar este texto, tendo em conta o seu autor. Mas também e sobretudo o facto de em Tomar se escrever pouco nessa área. 
Boa leitura!

Os tomarenses e os seus notáveis

5 - Humilde homenagem ao maior empresário tomarense do século XX


´Trata-se do mais pequeno monumento tomarense, o qual constitui uma ilustração do princípio da união dos contrários, uma vez que é uma homenagem ao maior empresário tomarense do século XX. De origem rural (actual freguesia da Madalena), Manuel Mendes Godinho edificou pouco a pouco um grupo empresarial que chegou a ser o principal empregador privado tomarense. Congregava nessa época casa bancária, central eléctrica, cerâmica e moagem. Mais tarde o seu filho, João Mendes Godinho, expandiu a empresa para a área dos transportes, das fibras de madeira, criando a Platex, e para os óleos alimentares, com a Tagol e o óleo Sol do Campo.
Com o 25 de Abril,  as Fábricas Mendes Godinho foram intervencionadas, devido à nacionalização da banca. Seguiu-se um longo período algo caótico, que terminou com a falência do grupo, essencialmente devido ao excesso de pessoal. Dele restam actualmente, como empresas independentes, a IFM, em Tomar e Famalicão da Nazaré,  e os óleos alimentares. Todo o conjunto de instalações urbanas da empresa, excepto a sede do banco, foi mais tarde doado à Câmara pelo Banco Espírito Santo. É o agora chamado Complexo da Levada, onde já estão enterrados mais de seis milhões de euros dos contribuintes.
O busto, executado a partir de uma fotografia, é da autoria de A. Anjos, que trabalhou na área de cerâmica da empresa. Quanto à frase "Homenagem do povo do concelho" resulta essencialmente da vontade de Fernando Patrocínio, coordenador da Comissão de Trabalhadores de FMG, sendo que o povo do concelho nunca foi visto nem achado nessa matéria. Como sempre acontece.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Opinião do ex-treinador do clube

Escreve o ex-treinador do clube, principal responsável pela formação inicial da equipa:

O facto do orçamento dos SMAS ser [chumbado] nao faz cair o aumento já decidido. Mas pode ser que o PS ganhe vergonha e obrigue a rarissima Presidenta a voltar atrás...

Atualmente o valor da fatura em Tomar é já 18% superior à de Torres Novas. Vai passar a ser 29% maior. Assim não vamos lá. Tomar merece isto?
(Copiado de Tomar na rede)

Embora se saiba que o ex-treinador do clube, que lançou a equipa liderada pela actual armadora de jogo, está ressentido e a razão desse ressentimento, Tomar a dianteira considera importante destacar no comentário supra a expressão "raríssima Presidenta". Trata-se de alusão explícita ao recente escândalo da IPSS Raríssimas, protagonizado por uma outra armadora de jogo, a sua dirigente Brito e Costa.
Seria muito útil e importante para a salubridade política tomarense que o ex-treinador Luís Ferreira ampliasse este seu comentário, caso tenha matéria factual para tanto. Se o não fizer, ficará a ideia de simples desabafo provocado pela dor de cotovelo.

Até que enfim que percebo!

A idade tem destas coisas. Sobretudo quando uma pessoa nunca foi uma inteligência por aí além, com é o caso do autor destas linhas, é preciso muito tempo para perceber certas coisas. Felizmente há escritos esclarecedores. Acabo de ler a crónica de Luís Aguiar-Conraria, no Observador, cujo título é já todo um programa.
Segundo o citado cronista, os votos obtidos por cada candidato variam e muito em função do seu aspecto físico. Os mais bonitos conseguem em média mais 20% de sufrágios. Estão assim explicados os resultados eleitorais no concelho de Tomar, onde a abstenção bruta (abstenção + brancos + nulos) ultrapassou outra vez os 50% e os totais obtidos por todos os candidatos, mesmo os vencedores, nalguns casos até fazem chorar as pedras da calçada.
De resto, pensando melhor, já antes era evidente que a beleza física conta muito em política. Embora não tenha conseguido depois formar governo, foi Passos Coelho que venceu as legislativas de 2015, apesar de todas as maldades que o seu governo praticou. Por conseguinte, segundo uma amiga minha, António Costa que se ponha a pau. Se Santana Lopes vencer entretanto nas internas social-democratas, o actual primeiro-ministro já pode ir calçando os patins, para adiantar serviço, porque nas legislativas de 2019 leva cá um banho!

Finalmente luz ao fundo do túnel?

Assembleia municipal chumba Orçamento dos SMAS 


Pela primeira vez desde o 25 de Abril, num acto que só os dignifica aos olhos dos tomarenses, os deputados municipais da oposição chumbaram o orçamento dos SMAS para 2018. Segundo a Rádio Hertz, tal só foi possível pela margem mínima (16 contra, 15 a favor) porque o presidente da Freguesia da Madalena e Beselga (PS), Arlindo Nunes, deputado municipal por inerência desse seu cargo, alegou uma questão de ética para não participar no voto, uma vez que é funcionário dos SMAS.
Salva-se assim a honra do Convento, graças ao apurado e raro sentido ético de um autarca, que por isso aqui se saúda. Oxalá a maioria PS saiba agora dar a volta ao texto, que o mesmo é dizer emendar o documento recusado, antes de o submeter a nova votação. Isto porque o orçamento reprovado é mesmo mau. Pela segunda vez com a actual presidente, os seus autores optam pela hipótese errada. Havendo um importante prejuízo anual dos SMAS, cujas causas são conhecidas há anos, em vez de propor acções para eliminar essas causas, preferem agir do lado da receita, aumentando o tarifário daqueles serviços.
Da notícia da Hertz, forçosamente algo lacunar porque redigida em cima do acontecimento, resultam duas incógnitas - o total de votantes e o custo da água nos diferentes concelhos. Sobre o total de votantes, 16 votaram contra e 15 a favor, ou seja um total de 31. Com Arlindo Nunes, que recusou votar, perfaz 32. Mas, segundo Tomar a dianteira julga saber, aquele órgão autárquico conta com 33 membros, visando evitar empates. Que aconteceu ao deputado municipal que falta? Quem é ela ou ele?
A outra incógnita é bem mais complexa. A senhora presidente, que já antes tentou convencer os vereadores que uma causa importante do prejuízo dos SMAS são os roubos de água nas bocas de incêndio, como se isto coubesse na cabeça de alguém, avançou agora perante a AM com outro argumento bem diferente. Alegou a diferença de custos por metro cúbico de água em "alta", entre Tomar e Torres Novas, referindo que Tomar paga à EPAL 0,63 cêntimos/metro cúbico, o triplo de Torres Novas, que se fica pelos 0,26 cêntimos/metro cúbico. Questionada sobre a razão porque existe e se mantém tal discrepância, Anabela Freitas deu uma explicação pouco ou nada convincente. Segundo disse "são valores regulados por decreto-lei", o que naturalmente trai a verdade, porquanto as leis da República e/ou do governo são obrigatoriamente iguais em todo o país, sob pena de discriminação, o que as tornaria anuláveis em sede própria. 
Haverá portanto detalhes que a senhora presidente omitiu, deliberadamente ou não. Talvez alguma relação com a facto de a ETAR de Tomar tratar muita água da chuva, como se de efluentes domésticos se tratasse, devido a conhecidas deficiências na rede de saneamento, ainda de colector único em sectores importantes do centro histórico. O que quer dizer que, estando esses sectores ligados à rede já modernizada que conduz à ETAR, quando chove, tudo passa por águas residuais sujas. E a actividade da ETAR é paga por metro cúbico tratado... 
Resta pois à senhora presidente saber dar a volta por cima. Começar por explicar tais detalhes muito bem explicadinhos, uma vez que os eleitores são cada vez mais curiosos, e a seguir propor um plano e orçamento que prevejam a progressiva supressão das causas do prejuízo crónico dos SMAS, em vez de agir sempre sobre as receitas, que é como quem diz, ir sempre aos bolsos dos contribuintes.
Cá estaremos para ver, tendo em consideração que, há mais de um século, o presidente americano A. Lincoln pronunciou algures estas frases singelas: "Pode-se enganar alguém durante toda a vida. Pode-se enganar toda a gente durante um certo tempo. Mas é impossível enganar toda a gente durante toda a vida."
É o que acaba de se constatar, em plena Assembleia municipal, neste 5º ano de presidência de Anabela Freitas, eleita numa lista PS. 

ACTUALIZAÇÃO ÀS 10H50 DE 28/12/2017

Segundo informação do meu prezado amigo e conceituado jornalista José Gaio, administrador do blogue Tomar na rede, a Assembleia Municipal de Tomar tem 32 eleitos. É mais uma asneira. Neste caso do orçamento dos SMAS, por exemplo, se o presidente da Madalena-Beselga não se tivesse lembrado daquela questão de ética, segundo a qual ninguém deve votar em causa própria, teria havido um empate 16/16. E aí? O dito orçamento, que não vale um chícharo, teria sido aprovado com o voto de qualidade do presidente Zeca Pereira?
Ao contrário do vinho e dos presuntos, que vão melhorando com a idade, está terra quanto mais velha está, pior está.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

As vítimas do costume

Segundo a Rádio Hertz, a Câmara vai reunir hoje, quarta-feira 27/12,  para debater a nova proposta tarifária dos SMAS. Dito sem rodeios: a Câmara vai aumentar o custo da água, conforme claramente resulta do ponto 01 da respectiva ordem de trabalhos. Argumento para este novo aumento? As perdas de água, que são normalmente de 49%, o que equivale a dizer que a autarquia apenas comercializa metade da água que compra à EPAL. O resto desaparece.
Principais causas desse sumiço, segundo a senhora presidente: A - Há pessoas que roubam água das bocas de incêndio para regar as suas hortas; B - Há ligações sem passar pelos contadores e até consumidores que sabem alterar os contadores respectivos, de forma a que não registem os consumos reais; C - Há as roturas normais, numa rede que data em parte de 1937 e já devia ter sido substituída, bem como a água para os incêndios. Em síntese, o panorama é praticamente o mesmo de há quatro anos e a presidente também. Em termos práticos, nada foi feito durante o mandato anterior, para além de aumentar o tarifário da água. E custa a crer que os consumidores tomarenses sejam mais ladrões ou trafulhas que os dos outros concelhos com água mais barata.
Perante tal situação global, normal seria portanto formular a pergunta correcta: "Como é que os outros concelhos, que decerto também têm ladrões de água, falsificadores de contadores, incêndios e redes velhas, procedem para vender a água mais barata que em Tomar, sem contudo registar prejuízos?". Depois era só debater as respostas/conclusões da maioria PS e da oposição PSD, tentando agir sobre as causas tanto quanto possível. Pois não senhor. Era  bem capaz de haver resultados inconvenientes. Opta-se por isso pelo entendimento oposto. Aumenta-se de novo o custo da água e depois logo se vê. Em vez de se tentar eliminar ou limitar as causas, prefere-se reduzir as consequências, recorrendo ao bolso do consumidor, que afinal é um ladrão, um trafulha, segundo a senhora presidente. A ETAR a tratar água da chuva no Inverno e a autarquia a pagar, por exemplo, isso agora não importa nada.
Assim, uma vez mais, vão pagar os justos pelos pecadores, dado que estes não chegam sequer a liquidar o que consomem. Uns são amigos do alheio e outros são vigaristas? São sim senhor. Mas nós, consumidores indefesos, somos as vítimas do costume. E os larápios e trafulhas não são só aqueles que alteram os contadores da água, fazem ligações directas, ou  roubam das bocas de incêndio. Também os há na política local. São, entre outros, aqueles que com papas e bolos vão enganando os tolos, apesar de saberem que não há dinheiro que chegue para dar esses acepipes a todos. Daí a crise local e a acentuada fuga da população.
Subsídios para tudo e todos, festas à borla, transportes urbanos ao preço da uva mijona, 40% para despesas permanentes com pessoal, gestão ao sabor das marés, alguém tem de pagar tais liberalidades nitidamente eleitoralistas. Triste sina!

ACTUALIZAÇÃO ÀS 11H45 DE 27/12/2017

Os vereadores do PSD vão votar contra o aumento proposto pelos SMAS. Eis aqui a respectiva declaração de voto, que Tomar a dianteira desconhecia ao redigir o escrito supra, mas com cujo conteúdo concorda inteiramente, apesar de ter votado PS em Outubro passado. Errar é humano.



terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Os tomarenses e os seus notáveis

Esclarecimento prévio

O escrito seguinte é publicado com algum atraso, o qual não resultou de qualquer tolerância de ponto, ou dificuldade de redacção. Apenas de uma arreliadora interrupção no fornecimento de energia eléctrica,  entre a uma e as onze horas de hoje. 


4 - Homenagem à Festa dos Tabuleiros

PRÓLOGO


Sei, um saber de experiência feito, que há em Tomar alguns temas sobre os quais nunca é conveniente falar, nem sobretudo escrever. O principal é a  Festa dos Tabuleiros. Mal alguém abre a boca ou publica algum texto sobre essa matéria, é logo apodado de todos os nomes, por interlocutores mal dispostos que rematam em geral com um sonoro "Nem parece que é tomarense!" Um pouco como fazem os independentistas catalães, quando alguém ousa abordar de forma isenta a questão da independência.
Parece-me que tal atitude extrema mostra, no caso da Festa dos tabuleiros, falta de segurança ou, mais precisamente, medo do novo, da mudança e do futuro. O que é bastante singular, pois a Festa grande, tal como a conhecemos, mais não é afinal que a versão moderna de uma celebração antiga. A versão Santos Simões, Jones para os amigos.
Carecem portanto de respaldo, julgo eu, todas aqueles que se armam em defensores da tradição e da festa, sem que para isso tenham sido mandatados por quem quer que seja. Dito isto, deixando para outra ocasião uma intervenção mais profunda sobre conservadorismo e tradição, esclareço uma vez mais que nada me anima contra a Festa grande tomarense, ou contra todos aqueles que nela participam, irmanados no saudável princípio de servir Tomar. Que é exactamente aquilo que eu também procuro fazer, decerto nem sempre bem, porém com sinceridade, transparência e honestidade.

O caso das silhuetas

Quem chega a Tomar pela entrada sul da cidade, vê a dada altura na sua frente três elegantes silhuetas femininas, cada uma com um tabuleiro à cabeça. Quem entra pelo leste, avista apenas uma silhueta. E quem vem pelo lado norte, ou pelo poente, não vê qualquer silhueta, apenas a placa central da rotunda:




Mais insólito ainda, entre as três silhuetas do lado de Lisboa e a outra do lado de Coimbra, aparece o topónimo TOMAR. Como se, ali chegado, o visitante ainda precisasse de saber onde está. Não tem jeito nenhum.
Trata-se, como o leitor já percebeu, de um monumento homenageando a Festa dos tabuleiros, justificado orgulho dos tomarenses todos. Infelizmente, a sua actual configuração não parece ser a ideal. Longe disso. Desde logo, porque o lógico seria uma silhueta voltada para cada uma das entradas da cidade, que por acaso coincidem sensivelmente com os pontos cardeais: Quem vem de Leiria - Ourém entra pelo norte, de Coimbra pelo leste, de Lisboa pelo sul e de Torres Novas - Convento de Cristo, pelo oeste. Nestas condições, adicionar no lado de Lisboa as duas figuras que faltam a norte e a oeste, respectivamente, não parece nada racional. Pode ser que haja uma explicação aceitável. No estado actual das coisas, sinceramente não se vê qual.
Segue-se que, numa época em que cada vez se protesta mais contra o sexismo, não parece ser boa política praticar nas margens nabantinas essa discriminação, mas às avessas. Se a festa é fundamentalmente composta por pares, em que o elemento feminino leva o tabuleiro, que é feito do ajudante ou parceiro? Qual a justificação para representar unicamente silhuetas femininas? Concordo inteiramente que na festa não consintam pares do mesmo sexo, pois essa não é a tradição. Mas se, tal como para dançar o tango, no cortejo dos tabuleiros também são precisos dois, porque eliminaram o par masculino?
Terceiro e último aspecto, porquê silhuetas cobertas de ferrugem? A Festa dos tabuleiros é sobretudo alegria e cor. Por conseguinte, o que impede silhuetas esmaltadas com as cores dominantes, elas de branco e com as fitas de várias cores, consoante as freguesias, eles de camisa branca, gravata vermelha e calça preta? Ficaria muito dispendioso? Pois então coloquem silhuetas inoxidáveis, cromadas ou em latão dourado. Com ferrugem é que não faz sentido, nem prestigia.
Até porque, os visitantes que nunca assistiram ao grande cortejo, olhando para as silhuetas actuais, também não ficam a perceber de que se trata. E para os tomarenses, entre os quais se inclui o autor destas linhas, por vezes o acaso faz as coisas muito bem feitas. Neste caso, parece óbvio que as silhuetas estão cobertas de ferrugem porque o modelo organizativo da Festa dos tabuleiros, totalmente dependente da autarquia, também está cada vez mais ferrugento. A precisar de modernização urgente. Respeitando o essencial da tradição, bem entendido.
Uma autarquia de um pequeno concelho, agora com apenas 35 mil eleitores, quando já foram mais de 40 mil, que gasta 40% do seu orçamento com pessoal, factura apenas metade da água que compra para abastecimento público, e assume uma despesa anual superior a 300 mil euros com transportes urbanos para uma pequena minoria, não deve dar-se ao luxo de gastar mais de 300 mil euros com cada edição da Festa dos tabuleiros sem entradas pagas. Sob pena de arruinar a cidade e o concelho, lentamente mas sem retorno. A crescente fuga da população aí está para o demonstrar.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

É tudo boa gente...

Novas do Bairro da piçarra

Os buracos na velha Rua da Palmeira, agora Dª Aurora de Macedo, estão bem e recomendam-se:



Como se pode constatar, evolução muito favorável para os buracos. Mais pedras soltas, profundidade aumentada, contornos mais definidos, e até uma nova entrada para o Metropolitano dos ratos. Tudo melhorias tornadas possíveis pela Exma Câmara que temos.
Segundo informações colhidas junto de fonte fidedigna, os calceteiros apenas aguardam ordens dos encarregados. Estes, supõe-se, aguardam ordens dos técnicos superiores. Os quais, por sua vez, aguardarão ordens dos eleitos. Que estão decerto  à espera de ordens das suas consciências respectivas.
Um autarca local disse-me aqui há tempos que "Quanto mais refilar, pior é!". Custa-me a crer que seja o caso. Contudo, prevenindo eventuais interessados, desde já se esclarece que o escriba destas toscas linhas está como declamava uma conhecida fadista: -"Cantarei até que a voz me doa!" E mesmo nessa altura o eventual silêncio ainda vai depender da intensidade da dor.

Seja como for, na Rua do Pé da Costa de Baixo, que fica a 20 metros dos buracos da Aurora Macedo, aí já houve tempo para reparar, ainda que provisoriamente:


Compreende-se. Passa o carro presidencial, passam os carros dos eleitos, e passam sobretudo os carros dos funcionários da casta superior. Os que de facto controlam a autarquia há longos anos.

Houve um tempo, não muito longínquo, em que Tomar foi considerada "Cidade jardim". Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como escreveu o zarolho, e agora parece que estamos a transitar para "Tomar, a cidade das ruas jardins", como documentam estas imagens colhidas hoje nas Escadinha do Alto da Piçarra, um dos acessos urbanos ao Convento:



NOTA NATALÍCIA

A popularidade do administrador de Tomar a dianteira está aumentando de forma espectacular. Na sequência dos votos de Boas Festas que formulou aqui, já houve dois leitores que retribuíram. Bem bom. O ano passado ninguém respondeu. Vale portanto a pena bater-se por Tomar. Tudo boa gente. Entre a qual alguns murmuram para os seus botões -É bem feito, para o gajo não se armar em esperto!
À boa maneira cristã: No final, Deus saberá escolher os seus. E mesmo que assim não fosse, ainda haveria a consciência de cada um, que por vezes tem tendência a interferir com o sono.

Os tomarenses e os seus notáveis

3 - Homenagem aos mortos nas guerras


Chamam-lhe indiferentemente monumento ao soldado desconhecido, monumento dos combatentes ou monumento da Grande guerra. É, afinal, o monumento "aos mortos na Grande guerra", conforme reza a inscrição no seu pedestal. Assim, a todos os mortos na Grande guerra. Não só aos tomarenses, ou mesmo aos mortos portugueses.
Erguido nos anos trinta do século passado, a mando do governo de Lisboa, a sua base tem algo de "arte nova", enquanto a estátua daria pano para mangas, tendo em conta a máscara anti-gás ao peito, a marmita às costas, mas também o capote e a arma com baioneta, para o combate corpo a corpo... Coisas de escultores que nunca combateram.


À época da sua inauguração, fazia todo o sentido a sua localização ali, à ilharga da estação de caminho de ferro, numa pequena ilhota destacada da Várzea grande, uma vez que o Regimento de Infantaria 15 era mesmo ao lado, no antigo Convento de S. Francisco, e o Quartel general do lado oposto, onde agora funcionam o Registo civil e o Registo predial. Bons tempos esses, em que Tomar, além de cidade de guarnição, contava também com várias fábricas de papel, uma fábrica de fiação e um hospital militar, no Convento de Cristo.
Agora que as fábricas faliram, e a maior parte das instituições militares se foram, resta o 15 novo, na Estrada de Coimbra. Porém, conquanto mantenha a designação oficial de Regimento de Infantaria 15, quanto a recursos humanos, é agora uma unidade militar de infantaria paraquedista, que  já nem um batalhão chega a ser. Austeridade a quanto obrigas.
E cá em baixo, no centro histórico, o monumento aos mortos da grande guerra de 1914/1918, que para o Corpo Expedicionário Português, mal treinado e mal equipado, foi uma autêntica catástrofe, com  a perda de quase metade dos efectivos, em regime de "carne para canhão"; cá em baixo, esse monumento, posteriormente relacionado com a guerra no Ultramar, mediante a afixação de uma placa de bronze nesse sentido, constitui agora algo deslocado, que a maioria da população ignora a que se refere. Razão mais do que suficiente para, em nome da decência e do bom senso, o transferir  para a entrada no novo 15, voltando depois a ligar a ilhota com a Várzea grande, graças à supressão de uma das duas vias asfaltadas ali existentes.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Os tomarenses e os seus notáveis

2 - O Infante D. Henrique, pai dos Descobrimentos, graças aos dinheiros da Ordem de Cristo

Ao contrário de Gualdim Pais, cuja estátua corta muitas das perspectivas da Praça que já foi de D. Manuel I, como vimos no escrito anterior, o monumento ao Infante D. Henrique abre belas perspectivas. Esta, por exemplo, que mostra bem o brio, o zelo, o empenho, a vontade de acertar da autarquia e do seu pessoal qualificado, nomeadamente na área da informação turística:


Um turista que repare neste suporte, que já serviu para um painel informativo há anos atrás, fica logo com imensa vontade de prolongar a sua estada na urbe, tão evidente é a atenção que lhe dedicam. Mais uma prova de que a senhora presidente está cheia de razão, quando afirma que o primeiro mandato foi para arrumar a casa. Pelo caminho que as coisas levam, não será  exagerado prever que, a continuarmos por este caminho, lá mais para o final do mandato, a casa estará mesmo definitivamente arrumada. E os tomarenses também.


Já sem aquele infeliz enquadramento, surge-nos um belo trabalho escultórico, tanto em termos de escala como de volumetria e vestuário. 
O monumento não foi erguido por subscrição pública, nem se tratou de uma iniciativa de tomarenses, o que se nota no pedestal mais equilibrado. Se fosse obra encomendada por tomarenses, teria o dobro ou o triplo da altura. Basta comparar com o de Gualdim Pais. Na verdade, este foi mandado instalar ali em 1960, pela Comissão nacional para as comemorações dos descobrimentos henriquinos, por ocasião do quinto centenário da morte do infante. Há monumentos semelhantes na Covilhã e em Viseu, de que o infante foi respectivamente senhor e duque, bem como em Lagos, de onde partiram as primeiras expedições marítimas, custeadas pela fazenda do infante e as rendas da Ordem de Cristo, segundo o seu cronista, Gomes Eanes de Zurara. Donde a inscrição "Governador da Ordem de Cristo", que figura no pedestal.
De facto, nomeado administrador da Ordem pelo Papa, a pedido do seu pai, D. João I, o Infante mandou edificar os seus paços no interior do castelo templário de Tomar e exerceu um poder absoluto durante quarenta anos, como administrador, zelador e governador. Nunca conseguiu contudo que os comendadores de Cristo o escolhessem como mestre.
A estátua mostra-o na bem conhecida atitude de sonhador, olhando o horizonte na Ponta de Sagres, onde terá funcionado a mítica escola náutica do mesmo nome. Certo, mesmo certo é que D. Henrique foi, tal como Gualdim Pais (natural de Amares-Braga e cruzado na Palestina), um homem do norte, nascido no Porto e estrangeirado, porque filho de mãe inglesa.
Arredados destas coisas da história nacional, os tomarenses são mais terra a terra. Há muito que circula na cidade a piada segundo a qual o Infante está apenas a pensar: -Que raio estou eu aqui a fazer, ao portão da mata conventual, se nunca fui madeireiro, nem guarda florestal?!

Os votos de Tomar a dianteira

Cumprindo a tradição, uma coisa que os tomarenses nunca se cansam de proclamar, (quanto a praticar já é outra conversa...), Tomar a dianteira 3 deseja a todos os que ainda vão tendo paciência para aturar o que aqui se vai escrevendo, muita saúde, uma farta e excelente ceia natalícia, na companhia dos que são queridos, um inverno clemente e um novo ano com melhores condições de vida, sobretudo na área das prestações camarárias.
Aos senhores autarcas, além do acima escrito, desejam-se também melhores dias e mais tolerância em relação a quem os critica com boas intenções.

dicas

O local onde, segundo a tradição, Jesus nasceu, actualmente na Basílica da Natividade, em Belém

sábado, 23 de dezembro de 2017

Os tomarenses e os seus notáveis

É uma das vias para tentar compreender a mentalidade dominante numa determinada urbe. Observar como eleitos e simples habitantes honram ou não os seus notáveis. Aqueles que consideram excepcionais. Os heróis, em suma.
Tomar a dianteira resolveu levar a cabo essa tarefa, que basicamente consiste em enumerar, observar e comentar os monumentos dedicados a personalidades honradas com estátuas ou simples bustos. Serão nove  textos sucessivos, tratando respectivamente de Gualdim Pais, Infante D. Henrique, Soldado desconhecido, Silhuetas dos tabuleiros, Manuel Mendes Godinho, Monumento ao bombeiro, Lopes Graça/Nini Ferreira e General Fernando de Oliveira.

1 - O fundador de Tomar

Incongruências e outras inconveniências

Desde os anos 40 do século passado que o monumento a Gualdim Pais, fundador do castelo e da povoação, ocupa o centro da Praça da República, local onde, respeitando a tradição, devia estar o pelourinho, símbolo da autonomia municipal. Erguido por subscrição pública, aquilo é manifestamente um empecilho, que corta muitas das perspectivas da praça, conforme se pode constatar nesta imagem:


Se fosse esse o único óbice, até que nem seria fatal. Infelizmente há muitos mais. Desde logo, a ideia de representar a pé o mestre de uma ordem de cavalaria, com esporas e tudo, porque o dinheiro da subscrição não chegou para o cavalo, é uma ideia pouco feliz. Segue-se que o próprio pedestal é um erro crasso, ao incluir ameias pontiagudas, que só existem nas fortalezas do norte do país.
A questão do perfil já é tão corriqueira que nem vale a pena adiantar mais. Mas já reparou que afinal o ilustre mestre templário está representado como se fosse ligeiramente marreco? Ora repare bem:


Temos ainda a questão do escudo, a proteger a sua rectaguarda, assaz significativo quando se considera, como vincam os seus defensores, que Gualdim Pais está a pé porque com o foral na mão, no momento antes de o entregar. Surgem assim três perguntas: Se vai entregar o foral, qual a serventia do escudo, uma vez que o mestre tinha logicamente um escudeiro? Indo entregar o foral, porque está virado para a igreja? Ia entregar o foral ao povo, ou ao senhor vigário da época, que oficiava lá em cima no castelo?
Tendo em conta todas estas incongruências e inconveniências, logo a seguir ao 25 de Abril circulou um abaixo assinado, que conseguiu bastante adesão, a defender a transferência da estátua para o terreiro da Cerrada dos Cães, junto ao castelo, onde está previsto desde os anos 60 um local para a sua instalação. No fundo, o regresso às origens, pois a povoação que Gualdim Pais fundou era lá em cima, dentro das muralhas, até ao século XVI. Só após a reforma da Ordem de Cristo, em 1529, a população foi forçada a abandonar a até então freguesia de Santa Maria do Castelo, (que entretanto desapareceu por falta de fregueses), vindo sobretudo para Santa Maria dos Olivais, ou simplesmente Santa Maria de Tomar. 
Perante a dita petição, gerou-se alguma polémica, com descendentes dos tomarenses que contribuíram para o monumento a afirmar que o mesmo tem de estar bem à vista de todos. Ficou-se assim a saber que, embora cheio de defeitos, aquele conjunto não homenageia só o fundador de Tomar mas também os generosos doadores. Terá sido para isso mesmo que lá foi colocada a inscrição "Por subscrição pública", bem visível na primeira imagem.
Bizarrias nabantinas.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Metáforas e anexins na Várzea pequena

Que a Várzea pequena faz parte do Bairro das flores, quase todos os tomarenses sabem. Que por ali há várias metáforas e muitos anexins, isso já é menos sabido. Vamos então a alguns exemplos, com a ajuda de imagens.

Palmeiras trigémeas. Um só caule inicial para três filhas. Tal como acontece na vida em geral, mesmo quando irmãos, os humanos diferem. Uns crescem mais, outros alargam mais. Neste caso, a irmã mais crescida e mais delgada, mais fina em suma, nem sequer faz muita sombra às outras. Uma perfeita representação da geringonça. O maior partido, o PS, bem acomodado com os dois mais pequenos, praticamente da mesma altura, mas o do lado direito um pouco mais encorpado que o outro. Alimentação sindical.



Os gigantes também se abatem. Eis o que resta das três palmeiras tamareiras com mais de um século de existência, que ornavam o jardim da Várzea pequena. Bastou a acção persistente e eficaz de um pequeno verme -o escaravelho vermelho, predador originário do extremo-oriente- para provocar o derrube de todas as palmeiras tamareiras existentes na região e no país. 
Um aviso para os políticos que temos. Por muito grandes que sejam e muito alto que estejam, um dia virá o predador que irá provocar o seu derrube. No caso do outro, foi uma cadeira com um pé carunchoso. Caruncho portanto. Que alguns anos mais tarde, em Abril, originou também o derrube do regime.




As imagens, colhidas à entrada da Estrada do Prado, dispensam grandes comentários. Bastam alguns provérbios ou anexins: Mais vale prevenir que remediar; o seguro morreu de velho; homem prevenido vale por dois; Tomar é uma terra segura, mas nunca se sabe; ajuda-te e Deus te ajudará; cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém; nunca fiando.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O clima é outro...


Primeiro-ministro francês gastou 350 mil euros num só voo para Tóquio


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Edouard Phillipe decidiu trocar o seu voo para ganhar duas horas de voo (e mais conforto) e acabou por gastar 350 mil euros num voo para si e para a sua equipa numa visita para Tóquio.

Edouard Phillipe, uma viagem cara e polémica
AFP/Getty Images
O primeiro-ministro francês, Edouard Phillipe, está sob fogo em França depois de ter preterido um avião do Estado para voar num voo privado num luxuoso A340 até Tóquio que custou ao Estado francês 350 mil euros, avança o jornal francês Le Figaro.
A notícia é do OBSERVADOR de hoje, podendo ser lida mais detalhadamente no LE MONDE  (em francês e só para assinantes). Uma viagem do primeiro-ministro francês entre Tóquio e Paris, acompanhado pela respectiva comitiva, comprada a uma companhia de aviação privada, está a causar escândalo em França, por ter custado 350 mil euros. Dois mil quilómetros mais abaixo no mapa, numa cidadezinha cuja população vai diminuindo a olhos vistos, a autarquia local gasta 350 mil euros de quatro em quatro anos com a realização da Festa dos Tabuleiros, e ninguém protesta. Ao que dizem, trata-se de cumprir a tradição.
E depois ficam muito chocados quando alguém, como por exemplo aquele ministro calvinista holandês, fala de gastos com festas, mulheres e vinho... Outro clima, outra gente, outros hábitos, outra maneira de ver o mundo.
Certo é que eles avançam e nós vamos ficando para trás, cada vez mais pobres e menos numerosos. Por alguma razão será.

Uma aposta pouco sensata

Estamos em Dezembro e a roda do Mouchão continua a fornecer água para a fotografia, uma vez que, desde as obras paivinas, aquele espaço verde passou a ser regado com água da rede, quando anteriormente era a multi-centenária nora que assegurava essa rega. Gratuitamente e sem qualquer espécie de poluição. Coisas tomarenses.
Segue-se que a roda continua a funcionar, porque o açude temporário não foi desmontado. Trata-se de uma situação nunca antes observada porquanto, em conformidade com a tradição, os açudes temporários sempre foram instalados até Abril e desmontados antes da feira de Santa Iria.
Tudo indica portanto que este ano estão os tomarenses perante uma aposta da autarquia, que terá resolvido manter o açude, o que poupará a sua desmontagem e a posterior reinstalação, lá para Abril. Qualquer aposta comporta riscos, mas umas são mais arriscadas que outras. Neste caso, pode mesmo dizer-se que é uma aposta pouco sensata, porque demasiado arriscada.


Vejamos mais em detalhe. Quais são as vantagens? Poucas. Os trabalhadores camarários não se cansarão tanto, porém a autarquia apenas poupará alguma madeira tosca, alguma rama de pinheiro e umas carradas de tout-venant, uma vez que tem de lhes assegurar os vencimentos da mesma forma.
Em contrapartida, os riscos são imensos. Sabido como é que estamos assistindo a grandes e inesperadas alterações climáticas, com o surgimento de fenómenos extremos (de que é  exemplo o tornado de 2007, ou a recente tempestade Ana, para não falar de Pedrógão), quem nos garante que não vai ocorrer, algures este inverno, uma brusca tromba de água, com a consequente inundação da baixa citadina? A acontecer (e oxalá que não), que fará a câmara nessa altura? Que justificação apresentará para não ter mandado desmontar o açude em tempo oportuno, como sempre se fez?
Os lacaios seguidistas do costume vão alegar, em defesa da sua dama e à falta de melhor, que o autor destas  linhas é um medroso. Cumpre por isso desiludi-los, uma vez mais. Desde a guerra colonial em Angola que este vosso servidor deixou de ter medo. Parece contudo oportuno relembrar a resposta do Duque de Alba ao nosso infeliz D. Sebastião. Quando este o convidou para o acompanhar naquilo que se veio a revelar a infausta aventura de Alcácer Quibir, o altivo nobre espanhol recusou. Irritado, o jovem rei retorquiu: -Sabeis senhor, de que cor é o medo?! Ao que o duque respondeu com ar pachorrento:  -Sei muito bem. majestade. É da mesma cor da prudência.
Dois anos mais tarde, o Duque de Alba ocupava Lisboa com as suas tropas, na véspera da aclamação de Filipe II de Espanha como Filipe I de Portugal, nas Cortes de Tomar, porque D. Sebastião desaparecera entretanto nas areias marroquinas, vítima da sua aposta pouco sensata.
Pois é, senhora presidente, senhores vereadores. O medo é da mesma cor da prudência. E o açude já lá não devia estar desde meados de Outubro.
Fica este escrito, para eventual memória futura.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

E agora?

A placa não permite dúvidas:


Num português escorreito, mas com maiúsculas nos articuladores, o que é estranho, pode ler-se "Património das paróquias de Tomar". Trata-se de uma posição carecida de base histórica e logo uma tentativa para induzir  em erro a população e assim legitimar uma apropriação indevida de propriedade pública.
A menos que demonstrem factualmente o contrário, com documentos irrefutáveis, a capela de S. Gregório integrava o património da Ordem de Cristo, tal com todos os outros templos não adstritos a outras ordens (S. Francisco, Santa Iria, Anunciadas velha e nova, Santa Cita...). Pela simples razão que em Tomar sempre tudo foi pertença da Ordem, na qualidade de herdeira da Ordem dos Templários, à qual D. Afonso Henriques doou esta região de Ceras, na sequência da conquista de Santarém. Por isso, os nossos forais até D. Manuel nunca foram reais, mas simplesmente mestrais, do mestrado da Ordem de Cristo, que de resto D. Manuel também exerceu.
Em 1834, um decreto-lei subscrito pelo governante Joaquim António da Aguiar, alcunhado de mata-frades, extinguiu todas as ordens religiosas existentes no país e nacionalizou os seus bens. Esse diploma legal estipula mesmo que os bens nacionalizados nunca poderão voltar à posse dos seus anteriores proprietários.
Não se vislumbrando como é que a capela de S. Gregório, situada na sede da Ordem de Cristo, poderia ter escapado à nacionalização, é óbvio -salvo prova irrefutável em contrário- que é pertença do Estado. A placa acima é portanto uma manifesta ilegalidade e mesmo um abuso de confiança, salvo se alguém da paróquia conseguir exibir um título válido de propriedade, o qual não resulte de mero usucapião, pois este não é aplicável a bens do Estado.
Além do exposto, esta tentativa de apropriação resulta estranha, quando se tem em conta a Concordata celebrada com a Santa Sé. Nos termos desta, o clero católico pode fruir gratuitamente todos os templos que anteriormente lhe pertenceram e agora são património do Estado. Nestas condições, que vantagens podem advir para a paróquia da posse como proprietária da Capela de S. Gregório? Simples vingança contra aquilo que consideram um acto injusto, praticado há 183 anos?
Há uma triste história anterior de obras ilegais na dita capela, durante as quais desapareceu um catavento manuelino, com cinco séculos, substituído por um moderno Cristo crucificado em pedra, de qualidade muito duvidosa.  Surge agora um outro problema, e bem sério porque estrutural:



Ao que consta, foram funcionários municipais que procederam ao escoramento da verga de suporte da alpendrada. A ser verdade, estaremos perante uma situação curiosa. O templo é da paróquia, segundo a placa antes citada, mas quando há necessidade de obras urgentes, cabe à autarquia ou ao estado custeá-las.
Custa a crer que o papa Francisco aprovasse tais práticas, caso por aqui exercesse o seu múnus sacerdotal. Mas também é verdade que, tal como o mundo do qual faz parte, a igreja católica é composta por uma infinita variedade...

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Bem haja senhora presidente!

Na sequência do reparo aqui feito no início deste mês, é com agrado e alegria que agora se informa que o Nabão está limpo de algas na zona do Mouchão:



Vê-se que lá mais para cima... Mas enfim, já é muito bom, excelente até, ter um rio limpo de algas na área urbana.
É claro que Tomar a dianteira em nada contribuiu para essa limpeza. É um blogue modesto e mal informado, que praticamente ninguém lê. Por conseguinte, não terá sido por causa do reparo acima referido que a autarquia resolveu agir. De qualquer maneira, agradece-se a acção, tanto à senhora presidente como aos senhores vereadores, incluindo os da oposição, que também foram eleitos  pelos tomarenses.
Resta referir que limpar as algas do rio é uma tarefa algo inglória, porque repetitiva. Terá de chegar o dia em que a câmara se encha de coragem e solicite a ajuda dos militares e das máquinas da engenharia de Tancos, para que estes procedam à dragagem do fundo do Nabão. Ao que consta, a autarquia só terá de pagar o combustível.
É para quando?!?

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

SMAS-TOMAR SÓ VENDEM PRATICAMENTE METADE DA ÁGUA QUE COMPRAM À EPAL

José Delgado
Vereador do PSD 

Sabendo que os SMAS são a entidade gestora dos serviços públicos de água (abastecimento de água e saneamento de águas residuais doméstica), de resíduos (recolha e transporte de resíduos) e limpeza urbana.
Sabendo que estes serviços são fundamentais e de extrema importância para a qualidade de vida das populações e para a criação de um sistema sustentável em termos de ambiente e de apoio social para as famílias numerosas e mais carenciadas.
Sabendo que a qualidade de água no concelho de Tomar tem o selo de qualidade da ERSAR, que é uma referência há muitos anos e que o concelho tem quase 100% de cobertura, em termos de abastecimento de água.
Sabendo que os SMAS, tem uma cobertura da rede de abastecimento em cerca de 100%, que tem o selo de qualidade da ERSAR e que tem uma situação confortável em termos de gestão, quer pelo número de utentes, quer pelo preço da água, em especial, a partir do 2.º escalão, que é vendida a um preço muito superior ao preço de aquisição à EPAL/AdVT.
Sabendo que se podia poupar muita água da rede, se houvesse um verdadeiro investimento para a implementação de um plano de rega para jardins, zonas verdes e lavagens de ruas, que não utilize água comprada à EPAL/AdVT e passe a utilizar as águas do rio nabão, das albufeiras e das ETARES. Um investimento para poupar um bem precioso, “a água” e para a prazo diminuir custos e preservar os recursos naturais, já escassos.
Sabendo que, em termos globais, o orçamento dos SMAS ascende a 9 453 554 € e que a diferença apurada entre o valor das receitas correntes e das despesas correntes, acrescido do valor das receitas de capital, totaliza 1 655 789,00 €, que se destina ao financiamento das despesas de capital. Pode-se dizer que de facto existe no SMAS um grande conforto em termos de gestão.
Mas mais riqueza existiria, e mais capacidade de investimento estaria disponível, se existisse uma verdadeira politica e acção para diminuição das roturas e roubos de água, através da monitorização das redes de água.
Hoje, a preços actuais dos SMAS, segundo os escalões em vigor, as perdas de 1 761 911 m3 de água, por desperdícios, por roturas e por roubos de água, corresponderiam a 1 783 550,90 € (dados extraídos dos documentos anexos à proposta de orçamento 2018 dos SMAS), um valor que poderia potenciar a descida dos preços da água à população do concelho de Tomar e em simultâneo, criar novas oportunidades de investimento.
Se for promovido um plano e uma estratégia para combater os desperdícios, as roturas e os roubos de água, com trabalho eficaz e célere, com recurso às novas tecnologias, haverá uma nova oportunidade e novos ganhos para o concelho, permitindo que os SMAS retirem a proposta, que tem em mãos, de aumento do custo de água para 2018.
A situação entre compra e venda de água é hoje equilibrada, apesar das perdas de 1 761 911 m3, porque a partir do 2.º escalão, a água é vendida aos utentes, a um preço muito superior ao de custo (EPAL/AdVT). Se minimizarmos os efeitos de perda de água de 49% do total da água comprada à EPAL/AdVT, novas oportunidades surgirão para o concelho de Tomar e para a sua população.
Assim, a exemplo do que já foi expresso na reunião de câmara de 11.12.2017, informa-se da nossa disponibilidade para contribuir positivamente para esta temática e recomenda-se que se tenha em atenção as necessidades de gestão de um bem tão precioso, como a água que, face às alterações climatéricas e em especial aos elevados períodos de seca, obriga a ter uma gestão de excelência, que passa por minimizar desperdícios e monitorizar fugas e roubos de água. Um investimento e uma acção que criarão mais riqueza, mais justiça social e representarão certamente um contributo para diminuir a pegada ecológica no nosso concelho.