quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Por ser raro...

Esta mensagem já ultrapassou as 700 visualizações em menos de uma semana. Por ser raro, uma vez que Tomar a dianteira 3 não está nem tenciona vir a estar no Facebook, o que significa que não vive a pensar na audiência, assinala-se o facto. Porquê um tal leitorado, de todo inesperado? Isso também o administrador do blogue gostaria de saber. Se os leitores quiserem ter a amabilidade de explicar porque leram, aqui fica o mail e a promessa de que as opiniões não serão publicadas, excepto se antes expressamente autorizado pelos seus autores: anfrarebelo@gmail.com

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Porque partem os tomarenses?

Ao princípio, neste caso não era o verbo. Era o início das consultas democráticas. As primeiras eleições autárquicas. Nesse ano de 1976, o alinhamento era este: 
1º Abrantes, 35 pontos
2º Tomar, 32 pontos, 
3º Ourém, 27 pontos. 
Usa-se este método porque, num país onde tanto se fala e tão pouco se pratica desporto, nada melhor que um quadro classificativo para atrair a atenção do leitor. Temos portanto Abrantes em primeiro lugar, com 35 pontos, equivalentes a mais de 35 mil eleitores inscritos, Tomar em segundo, com 32 pontos...
Um quarto de século mais tarde, uma geração, em 2001 o quadro classificativo era já ligeiramente diferente:
1º Tomar, 39 pontos
2º Abrantes, 38 pontos
3º Ourém, 37 pontos
Volvidos mais  16 anos, em 2017 nova alteração, que deveria preocupar seriamente todos os tomarenses, mas aparentemente não incomoda ninguém:
1º Ourém, 42 pontos
2º Tomar, 34 pontos
3º Abrantes, 33 pontos

Temos assim, de acordo com os dados oficiais da CNE e do MAI, que em 41 anos, o último classificado da zona (Ourém), que estava a 5 pontos do segundo (Tomar) e a 8 do primeiro (Abrantes), ascendeu ao primeiro lugar,  com mais 8 pontos que o agora segundo (Tomar). Ou seja, nestes últimos 41 anos Ourém avançou 15 pontos percentuais, o que corresponde a mais 15 mil eleitores, enquanto Tomar conseguiu apenas mais 2 pontos percentuais, igual a + 2 mil eleitores e Abrantes recuou. Desceu dos 35 para os 33 pontos, o que corresponde a menos 2 mil eleitores.
Perante isto, naquele afã de encontrar desculpas, os políticos nabantimos que têm estado e os que estão no activo, são bem capazes de vir dizer que não estamos assim tão mal, uma vez que Abrantes ainda está pior. É o ponto de vista dos vencidos, que assim procuram esconder o óbvio -a fulgurante ascensão de Ourém- justificando-a com Fátima. Trata-se de uma argumentação balofa, que procura enganar as pessoas. Na verdade, o apogeu de Fátima ocorreu no século passado. Basta reparar nas reportagens televisivas, aquando das grandes peregrinações anuais, para disso se dar conta.
Na verdade, a pergunta óbvia é esta: Porque é que Tomar cresceu entre 1976 e 2001, e está a definhar cada vez mais a partir daí? Nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato socialista de Anabela Freitas, Tomar perdeu 2.496 eleitores, Abrantes 1.812 e Ourém apenas 1.107, ou seja menos de metade. Como? Porquê? Que leva os tomarenses a partir em cada vez maior número? Não será decerto por causa dos antepassados, pois tudo indica que não descendemos dos navegadores, mas dos que cá ficaram.
Apesar da gravidade que estes dados oficiais evidenciam, em Tomar ninguém se mexe. Os senhores autarcas ainda não julgaram necessário estudar ou mandar estudar o assunto, de forma a compreender o que se passa e depois procurar inverter a situação.
Enquanto as remunerações mensais forem pingando pontualmente, todas as desculpas servem. O pior vem depois, e tudo parece indicar que já não falta muito. Lamentavelmente.

Aplauso para uma decisão muito sensata

Quando nada o fazia esperar, na recente reunião da autarquia, chegados ao ponto 6, imperou a sensatez. Ainda bem para todos nós, incluindo os nossos eleitos. Tratava-se de debater o projecto de "Requalificação de espaços exteriores da Praceta Raúl Lopes", e a reunião até fora tornada pública, para que os cidadãos pudessem participar. 
Na senda do que vem fazendo, o vereador José Delgado avançou com uma proposta do PSD, dizendo que o "projecto base deveria ser repensado, dado que não acrescenta quase nada a Tomar" e que "introduzir um autocarro na placa central da praceta, não faz sentido". Foi a surpresa. A proposta laranja foi votada por unanimidade, com declaração de voto do PSD, a que Tomar a dianteira ainda não teve acesso.

Imagem relacionada

Se realmente se aprovou o recuo no projecto da praceta, para melhor ponderação do mesmo, trata-se sem dúvida de uma decisão muito sensata. Que deveria ser seguida também no que se refere à Várzea Grande e à entrada sul da cidade. Quanto mais não seja porque, a título de exemplo, duas pistas cicláveis numa mesma avenida, nem em Fortaleza, que tem mais de 2,5 milhões de habitantes, ou sequer em Paris, nos Campos Elíseos, que são bem largos. Acresce que, no referente à Várzea Grande, perde-se o estacionamento, perde-se a feira, gasta-se dinheiro que faz falta para outras opções, e afinal ganha-se o quê? Fundos europeus para estafar? Obra espalhafatosa, mas praticamente sem utilidade real, para além da imagem?
Com bem refere o leitor que fez o favor de enviar um longo comentário aqui publicado, "Se os projectos não servem as intenções, têm de ser substituídos. Fica mais barato do que pagar milhares em trabalhos a mais. Fazer intervenções baseadas em projectos desgarrados, sem continuidade nem integração com a realidade, é uma desgraça ainda maior do que não fazer nada."
Infelizmente, apesar da muito sensata decisão antes referida, a senhora presidente e a sua maioria parecem por vezes afinar por outro diapasão. Durante a mesma reunião, abordando a revisão do PDM, uma verdadeira calamidade para o concelho e para a cidade, dada a sua péssima qualidade, tanto em termos de fundo como de forma, Anabela Freitas foi extremamente clara: "Optámos por não deitar fora este trabalho iniciado há vinte anos. Vamos aprovar e em seguida avançar para uma revisão." Francamente! Onde é que já se viu alimentar a pão de ló um burro velho e enfermo para, uma vez tratado, tentar transformá-lo num esbelto cavalo de corridas?

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Preocupações de um tomarense

Tomar a  dianteira 3 recebeu uma longa mensagem, de um leitor devidamente identificado, que  solicitou o anonimato por razões pessoais. Quadro superior brilhante na área da engenharia e planeamento, conhece bastante bem o universo autárquico, por razões que a sua privacidade impede de explicitar aqui.
O que segue foi editado por Tomar a dianteira 3, procurando manter sempre as ideias do original recebido. Os destaques a negrito e a cor são da responsabilidade do editor.

"Vou lendo com alguma apreensão, o que tem revelado nos seus escritos diários.
Relativamente aos projectos da Várzea grande, Praceta Raúl Lopes e outros, entendo e  disponibilizo-me para o ajudar.
1. O parecer técnico emitido pela equipa de José Delgado relativamente a estes projectos, que permitirá uma decisão politica sobre os mesmos, está correcto. 
2. O problema da C.M.Tomar, é que adjudicou por ajuste directo projectos muito complexos a empresas sem capacidade técnica. Imagine o Sr. Professor fazer na sua casa um ajuste directo com o carpinteiro, para ele lhe substituir as torneiras. Será que pode correr bem? Só por mero acaso.

3. A C. M. de Tomar efectuou ajustes directos para projectos a empresas de amigos, sem definir no caderno de encargos dessa adjudicação quais eram as restrições e condicionantes à elaboração dos Projectos de execução, ou mesmo quais os estudos complementares necessários e obrigatórios, ou ensaios.
4.  Mais grave ainda, é a própria  Câmara de Tomar não querer pré-definir quais as regras de gestão de projecto (um ramo especifico da Engenharia) a cumprir, logo estamos perante uma salada russa em que nada se interliga. Os técnicos sabem bem como fazer, mas os políticos não deixam, uma vez que querem comandar o procedimento em curso.
5. Caso esta salada russa de projectos avance, estaremos perante uma loucura de trabalhos a mais.
Seria interessante o Sr. Professor solicitar a designação dos trabalhos e os mapas de quantidades de mão de obra e matéria prima associados aos desenhos que estiveram em discussão pública. Alguém os conhece? Alguém verificou se as quantidades de trabalho estavam correctas para o valor da obra? Quais os trabalhos que faltam nesses mapas? (Os mapas têm de estar incluídos na adjudicação destes projectos).
6. Já verificaram os montantes de trabalhos a mais, caso queiram avançar com estes projectos?
7. Atenção que o programa 2020 na requalificação urbana, tem condicionantes. Se os projectos não servem as intenções, têm de ser substituídos, fica muito mais barato do que pagar milhares em trabalhos a mais. Introduzir intervenções baseadas em projectos desgarrados sem continuidade nem integração com a realidade é uma desgraça ainda maior do que não fazer nada.
8. Porque será que a C.M. de Tomar não quer seguir as regras técnicas de gestão de projecto? (Área especifica da Engenharia e aplicáveis a todos os projectos de execução, projectos base, estudos prévios, programas preliminares, programas base, planos, etc..)
Se o Sr. Professor assim o entender, estou disponível para trocarmos informações, desde que mantenha o meu anonimato. Caso queira publicar alguma coisa disto, pode dizer sempre que foi pedido anonimato. Eles trabalham por detrás da ignorância dos outros, em matérias algo complexas e especificas.
Depois as pessoas interrogam-se: Como é possível aparecerem tantos trabalhos a mais?
Porque é que não pensaram atempadamente nas coisas como devia ser?
A situação económica e financeira da Câmara de Tomar e do nosso Concelho são demasiado más, mesmo das piores de Portugal. Isto vai ter repercussões sociais muito graves no futuro próximo.
Estou muito preocupado.
Lembre-se Sr. Professor: Nestes interesses das autarquias nada acontece por acaso."


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Pessoas livres e as outras

El escritor español Fernando Savater.

O professor catedrático, filósofo e escritor espanhol Fernando Savater participou na recente Feira Internacional do Livro de Guadalajara, México, durante a qual apresentou uma importante comunicação, que referiu ser a última naquela feira, dada a sua idade. Tem 70 anos.
Para Savater, "Uma pessoa livre nunca se pergunta aquilo que ouvimos quase sempre por aí -Que vai acontecer? As pessoas livres tem de perguntar-se -Que vamos fazer? Porque acontecerá apenas aquilo que deixarmos que aconteça. Ninguém virá salvar-nos de parte alguma.
Todos nascemos rodeados de males e vamos morrer rodeados de males. Podemos apenas aspirar a que os males do final não sejam iguais aos do princípio. É a única coisa que se pode esperar."
(Quem desejar ler as declarações em espanhol, fará o favor de clicar aqui.)
Depois do texto anterior e dos respectivos comentários, pareceu importante publicar o excerto supra, de Fernando Savater, não fosse dar-se o caso de, apesar de todas as evidências, os queridos eleitores tomarenses se considerarem pessoas livres. 
Poderão ser muita coisas, praticamente quase tudo aquilo que quiserem. Mas pessoas livres, segundo a definição de Savater, não! Infelizmente. Porque em Tomar, minha amada terra, há tanta coisa que vai de mal a pior, perante a geral passividade dos cidadãos. E até dos eleitos. Sendo a culpa sempre dos outros, bem entendido.

domingo, 26 de novembro de 2017

E por cá? Continuamos a dormir à sombra do passado glorioso?



Assembleia Municipal de Ourém (Foto Rádio Hertz)

A Assembleia Municipal de Ourém reuniu, no passado dia 20, nas suas novas instalações, no salão nobre dos antigos Paços do Concelho. Tal como em Tomar, elegeram uma comissão para elaborar o respectivo regimento, constituíram a comissão dos líderes parlamentares e nomearam os representantes do concelho nos vários órgãos nacionais, regionais e locais.
Além disso, empossaram também duas comissões de capital importância em qualquer concelho médio ou grande do nosso tempo. Falo da "Comissão de planeamento urbanístico, ambiente, ordenamento do território e florestas" e da sua irmã gémea "Comissão de planeamento estratégico, actividade económica e turismo".
Que se saiba, nunca em Tomar existiram comissões homólogas, ou parecidas, nem consta que existam, ou que esteja sequer prevista a sua constituição. Porquê? Para evitar problemas com as sumidades da DGT - Divisão de Gestão do Território? Para não incomodar o executivo? Porque é muito mais fácil limitar-se a receber as senhas de presença, sem levantar ondas?
Trata-se em qualquer caso de uma situação objectivamente contraditória. Os deputados municipais de Ourém é que têm o Santuário de Fátima no concelho, mas os de Tomar é que parecem continuar à espera de milagres.
Pobre terra. Triste gente.

ADENDA

"Muita da nossa mediocridade, da nossa incapacidade de fazer reformas e do nosso constante adiar das escolhas difíceis, passam precisamente por fazermos de conta que continua a tutelar o país e a determinar as nossas vidas esse homem enterrado há 47 anos no cemitério de Santa Comba Dão."

Helena Matos, Observador, 26/11/2017

sábado, 25 de novembro de 2017

Pobre terra, triste gente...

A coisa aconteceu aqui. Um comentador anónimo, com evidente arcaboiço cabeçal, resolveu adoptar o velho estilo das cartas da Guidinha, do saudoso Luís Sttau Monteiro, no igualmente saudoso Diário de Lisboa. Com uma capacidade que não está ao alcance de qualquer um, esgalhou duas belas peças irónicas sobre a realidade local. Sem pontuação e em suposta linguagem infantil, não são de fácil leitura, pois decerto também não foi essa a intenção. Mas fazem rir e levam a pensar, o que em Tomar não é pouca coisa, apesar das aparências. Como bem dizia o outro, aqui em Tomar as iludências aparudem.
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Pavilhão multi-usos da Linhaceira, junto do qual vai ser construída a escola cuja edificação o autor dos dois textos critica vivamente, por não haver alunos para ela. (Foto Tomar na rede)

E foi exactamente o que aconteceu. Um leitor menos apetrechado para a leitura não teve quaisquer dúvidas. Abrigado no sempre confortável mas condenável anonimato, excretou esta sentença: "Além de não saber escrever e não saber o que diz o comentário anterior em nada esclarece. Pobre terra triste gente!"
Começando pela conclusão, a criatura nem sequer sabe copiar. Aquela exclamação de fecho é de Tomar a dianteira 3 e são duas frases: Pobre terra! Triste gente! Por conseguinte, devia haver no mínimo uma vírgula a separar as duas. Assim, acabou por adoptar, sem disso se dar conta, o mesmo estilo das peças que critica, intencionalmente desprovidas de pontuação.
Além disso, topa-se que o entendido crítico pretendeu escrever "comentador", pois o "comentário" não tem autonomia para esclarecer. Finalmente, as duas sentenças iniciais, "não saber escrever" e "não saber o que diz",  denotam um egocêntrico tão limitado em termos de massa cinzenta, que nem sequer foi capaz de concluir que a incapacidade é dele, ao não conseguir interpretar duas peças algo árduas e pouco habituais, todavia curtas e acessíveis para leitores treinados.
Considera-se esta ocorrência assaz importante, porque é um exemplo acabado da mentalidade dominante em Tomar. Tal como aqui o autor dos textos críticos é que passa por idiota chapado aos olhos do palonço comentador anónimo, quando afinal é exactamente o oposto, também na boa sociedade tomarense abundam aqueles para quem a culpa é sempre dos outros. Os políticos que nos pastoreiam, por exemplo, são todos excelentes. Nunca erram e têm sempre razão. Os outros é que são uns malvados ranhosos da pior espécie.
Razão tinha aquela  peixeira idosa do mercado do Bolhão, no Porto, ao aconselhar a filha, durante uma daquelas peixeiradas à nortenha, em que abunda o vernáculo: "Chama-lhe puta minha filha! Chama-lhe puta, antes que ela te chame a ti!"

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Ai como isto vai

A ADIRN - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, é um organismo sustentado com dinheiros provenientes da União Europeia, que tem uma loja na Rua Infantaria 15 e sede no Convento de S. Francisco, onde naturalmente não paga água nem luz nem aluguer. Gente rica é outra coisa e Tomar tem-se na conta de cidade rica. Depois os contribuintes tomarenses é que pagam. No recibo da água, por exemplo.
Ao que me disseram fontes geralmente bem informadas, um dos problemas da ADIRN, além do excesso de técnicos, do recrutamento endogâmico e do fraco trabalho já realizado, é o próprio nome. Realmente a designação "Ribatejo Norte" só existe mesmo na cabeça de gente que parece viver noutra órbita. Não se dão conta que basicamente o Ribatejo é a lezíria do Tejo, que acaba ali para os lados da Golegã. Daí para cima, qual Ribatejo norte qual carapuça.
(E porque não Beira Sul ou Beira Central? Não convém? Santarém não é o umbigo do mundo, nem do país, e já nem do Ribatejo. Vila Franca de Xira, que não faz parte do distrito de Santarém, tem mais do dobro da população santarena e todas as características do Ribatejo: lezíria, vinha, agricultura extensiva, criação de gado bravo, campinos, touradas, fandango... e as Festas do Colete Encarnado. Tudo num concelho em crescimento, enquanto Santarém vai definhando, agarrados a ideias de outros tempos.)

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O coordenador da ADIRN, numa foto da Rádio Hertz

Segue-se que a dita ADIRN até já organizou três vezes seguidas a Festa Templária, que depois deixou para a autarquia PS, atitude que ainda ninguém percebeu. Entretanto o seu coordenador viu publicada uma entrevista daquelas que cheiram mesmo a encomenda, num periódico online de que Tomar a dianteira 3 nunca antes ouvira falar, e que pelo jeitos é como os antigos comboios espanhóis, que chegavam quando chegavam. Também o citado periódico, Jornal Novo Almourol de sua graça, só publica quando publica. Basta dizer que a entrevista do líder da ADIRN é de 11 Maio de 2015 e entretanto a última notícia é de 11 de Outubro de 2017. Com semelhante periodicidade, está-se mesmo a ver que vão longe.
Mas voltemos à ADIRN e à tal entrevista do seu coordenador. Para não influenciar os leitores, Tomar a dianteira limita-se a difundir um excerto que pareceu mais significativo:
"Em contraciclo, tomarhttps://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png não tem um grande volume, como seria expectável, porquê?
tomarhttps://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.pngficou um pouco para trás. Por um lado as freguesias urbanas não foram consideradas, onde poderia haver um maior dinamismo de investimento, e por outro lado nas freguesias rurais, de facto, não constatámos uma dinâmica tão grande, apesar de estarmos sediados em Tomar, e de as pessoas terem aqui acessohttps://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png à informação. De facto, não houve essa capacidade de aproveitar os fundos. Em alguns projectos que foram aprovados até houve desistências. Estou a lembrar-me de um projecto próximo da Ilha do Lombo que não conseguiu efectuar o projecto por dificuldade de licenciamento e do ordenamento da albufeira de Castelo do Bode. Outro na zona industrial que não levou o projecto para a frente… Creio que Tomar foi o concelho com menos investimento do Subprograma 3 do PRODER deste último quadro de apoio."
Cada um tirará as conclusões que entender. Para ler na íntegra a  encomendada entrevista, basta clicar aqui.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Uma fantochada

Mão amiga, a quem aqui agradeço, fez-me chegar um despacho  da agência Lusa sobre sanitários públicos em Lisboa. Refere a notícia que a Assembleia Municipal da capital aprovou por unanimidade uma recomendação, apresentada  pelo CDS/PP, para que o executivo da capital mande instalar sanitários públicos, pagando essas obras com a taxa turística.
Em Tomar, que se saiba, até agora ainda nenhuma formação política avançou com uma proposta semelhante, nem com uma outra para cobrança de taxa turística nos alojamentos hoteleiros da cidade. Os nossos deputados municipais têm preferido as comissões disto, daquilo e daqueloutro, com os resultados que todos conhecemos. Que Deus os abençoe, se puder.

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Verdade seja dita, os parlamentares municipais alfacinhas lá vão votando favoravelmente recomendações importantes para a cidade capital, mas em muitos casos tudo não passa afinal de boas intenções, simples fogo de vista. No mesmo despacho da Lusa, pode ler-se também que, "na apresentação da recomendação para a instalação de novos sanitários públicos, os deputados municipais centristas lembraram que a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou em 2014 uma recomendação do CDS/PP, para instalação de sanitários públicos na zona do Cais do Sodré, "acção que ainda não foi concretizada pelo município".
Ou seja, lá na capital como cá em Tomar, é tudo uma fantochada, para usar um termo popular. Os membros do executivo assistem às sessões do parlamento municipal, mas não vêem nem ouvem. Fazem de conta que nem lá estão. Posteriormente, caso disponha de maioria, como sucede em Tomar, quem lidera a câmara faz o que quer, como quer, quando quer e ainda lhe sobra tempo para se insurgir contra quem ouse criticar. As assembleias municipais, tal como têm funcionando até agora, são simples ornamentos, para fingir que ao nível autárquico vivemos em democracia, quando afinal cada presidente de câmara tem todos os poderes de um ditador. Contra factos não adianta argumentar.

INFARMED: Uma solução muito consensual

Era previsível. Ao pretender compensar o Porto por ter sido preterido numa votação europeia que, (de acordo com a informação internacional), nunca teve qualquer hipótese de vencer, mudando a sede do INFARMED de Lisboa para a Invicta, o governo PS arranjou lenha para se aquecer durante o inverno. Só o pessoal do norte é que ficou contente. Com o presidente Rui Moreira à cabeça. Pudera! À falta de melhor...

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Assarapantados com tão repentina decisão, os funcionários daquela instituição já fizeram saber que estão contra a transferência, numa percentagem de 97%. Em Coimbra murmura-se por todo o lado, nos círculos canónicos, que Portugal não é só Lisboa e Porto, tal como também sustenta Daniel Oliveira, no Expresso. Enquanto isto, a população em geral limita-se por ora a estranhar decisão tão célere, num país conhecido pela sua burocracia pachorrenta, não acreditando minimamente no ministro que afiançou tratar-se de uma decisão ponderada.
Prevendo um agravamento sério da situação, Tomar a dianteira 3 propõe uma solução alternativa, muito consensual: INFARMED para Tomar já! Porquê? Ora ora! Está-se mesmo a ver. Desde logo porque Tomar fica a meio caminho entre a capital e a capital do norte. Depois porque também tem rio e comboio directo. A seguir porque está entre as urbes pequenas e as cidades médias, tem instalações devolutas no Complexo da Levada, e cada vez mais gente desiludida afirma que Tomar já não tem remédio. Com a vinda do INFARMED passaria a ter remédios, que o mesmo é dizer remédio para tudo. Acresce ser evidente na cidade nabantina a cada vez maior necessidade de medicamentos. Para uns porque a velhice não perdoa. Para outros, sobretudo na área política, porque a vida moderna está cada vez mais complicada e a cabeça não aguenta tudo sem uns adjuvantes adequados.
Finalmente, uma vez que o INFARMED  trata sobretudo de remédios e todos os remédios são para tomar, não se vê o que possa impedir que o INFARMED venha também para Tomar.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Tomar e Veneza -Mesmo problema, causas diferentes

Resulta da notícia anterior, traduzida do El Pais online, que desde meados do século passado a população de Veneza já diminuiu para metade. Acrescenta a mesma fonte que a hemorragia demográfica continua, agora ao ritmo de menos mil habitantes/ano. São duas as causas apontadas para tal debandada -a acqua alta, que inunda periodicamente parte da cidade e a invasão turística. Veneza tem, por enquanto, cerca de 55 mil habitantes e Tomar à roda de 37 mil.

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Praça de S. Marcos durante a maré alta. À direita o Palácio dos Doges. Ao fundo a catedral.

Uma vez que em Tomar o Nabão não tem marés nem grandes inundações, e por isso há muito que não inunda a baixa da cidade. Considerando igualmente que os 300 mil visitantes anuais do Convento de Cristo estão muito longe dos 24 milhões de Veneza, quais as causas da debandada da população tomarense? Entre 2013 e 2017 os eleitores inscritos no concelho nabantino diminuíram à média de 624 por ano. Porquê?
Já vimos em textos anteriores que o argumento da interioridade e da migração para a faixa costeira não convence ninguém. Assim sendo, que explicação ou explicações para o definhamento de Tomar? Não seria melhor celebrar um ajuste directo com um gabinete de estudos, ou com algum especialista, para estudarem o problema, tentarem encontrar as causas e fornecerem hipóteses de solução? Preferem continuar a aguardar que o problema se resolva, não se vê como? Confiam num improvável milagre para esclarecer o assunto?

Turismo de invasão

"Veneza ainda flutua? Ou já se afundou?"

"A cidade italiana decidiu limitar o acesso dos grandes navios de cruzeiro, para se proteger"

"Veneza é um parque temático de luxo. É ver, comer, pagar e calar." Eis o resumo aproximado das declarações feitas a semana passada pelo presidente da câmara, Luigi Brugnaro, procurando justificar que um restaurante, próximo da Praça de S. Marcos, tenha cobrado a uma família de três pessoas, que não falavam italiano, 526.50€ por uma refeição. Os clientes, indignados porque lhes trouxeram pratos que não tinham pedido, pagaram a conta e escreveram uma carta ao autarca porque tais práticas "podem arruinar a reputação de Veneza".
Nem sequer queriam o reembolso, segundo escreveram. Apenas lamentar o sucedido. A resposta de Brugnaro, durante uma entrevista ao canal TV Sky 24, foi contudo ainda mais surpreendente: "Comem, bebem e não sabem italiano. Se vêm a Itália, aprendam italiano, incluindo um pouco de veneziano. Comeram lagosta e nem sequer deixaram uma gratificação." Em suma, uma explicação que denuncia todo um modelo de turismo receptivo.

Navio de Cruzeiro entrando em Veneza - Foto Marco Di Lauro (Getty images)

A excessiva exploração turística de Veneza, a cidade mais afectada do mundo por essa indústria (55 mil habitantes, 24 milhões de turistas por ano), bateu no fundo com a chegada dos grandes navios de cruzeiro. Este ano desembarcaram dois milhões e meio de passageiros e o encanto da lagoa voltou a transformar-se num grotesco postal ilustrado, com navios gigantes a poucos metros do Palácio dos Doges. De maneira que o governo da Sereníssima decidiu que, a partir de Janeiro de 2018,  se reduza gradualmente o tráfico dos mega-navios de cruzeiro. O acesso continuará por enquanto aberto aos barcos de menos de 55 mil toneladas. Todos os outros serão desviados para o canal secundário de Malarmocco e atracarão no porto de Marghera, em Mestre, no arredores de Veneza.
Será suficiente? A decisão agora tomada responde a uma das condições impostas pela UNESCO para evitar que Veneza venha a ser eliminada da lista das cidades Património da Humanidade. Um plano para que o frágil eco-sistema urbano de 455 pontes, que unem entre si as 118 ilhas da cidade, não desapareça para sempre. Mas o projecto anunciado pelo Ministério italiano de Infraestruturas e Transportes não convenceu algumas organizações cívicas de Veneza, que em Junho recolheram 18 mil assinaturas a favor da proibição total dos navios de cruzeiro na lagoa. e do seu desvio obrigatório para Trieste. Por enquanto continuam a atracar até seis cruzeiros por dia, com 4 mil turistas cada um.
Certo é que Veneza se converte rapidamente num cenário maravilhoso, cada vez mais vazio. A população diminuiu dois terços desde meados do século passado. Não só pelos problemas ligados ao turismo de massas, mas também pelos inconvenientes resultantes da aqua alta -as marés que inundam as partes mais baixas da cidade lacustre. Nos nossos dias, a hemorragia populacional continua, ao ritmo de mil habitantes por ano, enquanto vão chegando sempre mais turistas, que contribuem para destruir o tecido comercial de proximidade.
Em 12 de Julho, o chefe da polícia limitou  o acesso de pessoas e de barcos à festa do Redentor. Foi mesmo evocada a hipótese de limitar a afluência turística à cidade dos Doges, colocando pórticos automáticos e cobrando entradas. A caixa de pandora para o actual inferno turístico. Que todavia não seria nada de extraordinário, tendo em conta que os italianos já têm de pagar para aceder à maioria das praias."

Daniel Verdú, El Pais online, 20/11/2017
Traduzido e adaptado do espanhol por António Rebelo
Comentário de Tomar a dianteira 3

Coitados dos italianos, que até para irem "à maioria das praias" já têm de pagar à entrada. Felizes tomarenses e forasteiros em geral, que só pagam no Convento de Cristo. O resto é tudo à borla. Incluindo a Festa dos Tabuleiros e outros eventos, que custam cada um mais de cem mil euros ao erário público. A ordem é rica, os frades são cada vez menos e a dívida municipal está só um pouco acima dos 20 milhões de euros. Uma ninharia. Enquanto os juros não subirem...
Há, também, é verdade, aquele problema do preço da água + taxas municipais e o outro, o da fuga da população, mas que é isso, comparado com a evidente felicidade dos tomarenses, sobretudo dos eleitos? Na altura de bater no fundo, alguém há-de providenciar colchões para amortecer o embate. O Estado ou a autarquia, pois claro. O pior é se acontece como nos incêndios do verão passado...

Remar para o mesmo lado...

Penso que deveríamos todos remar para o mesmo lado e eu quero acreditar que todos vos gostam da Mata e de Tomar tal como eu e acho que nos devemos insurgir com a entidade responsável pela Mata que penso ser o I.C.N e não debater pormenores de pouca importância, sugiro ainda que não havendo competência da parte da entidade responsável pela Mata deveria delegar definitivamente essa responsabilidade ao MUNICIPIO e aos Tomarenses. Cumprimentos.
Copiado de Tomar na rede

Desculpe lá, amigo Alberto Graça, ter trazido para aqui o seu comentário do  Tomar na rede. Suponho que não verá qualquer inconveniente, uma vez que, na sua opinião, "deveríamos todos remar para o mesmo lado", afinal aquilo que já acontece na área dos media:Todos trabalham para informar.
Foi justamente devido a essa sua vontade de que todos os tomarenses remem para o mesmo lado que resolvi escrever-lhe aqui. De forma a separá-lo pela positiva de todos aqueles anónimos de circunstância, entre os quais há muito boa gente, é certo, mas igualmente alguns que... 
Indo ao essencial, à questão de remarmos ou não para o mesmo lado, creio que o amigo Alberto, com o devido respeito, está a ver mal o problema. Do meu ponto de vista, os tomarenses que se manifestam de algum modo, uma minoria na verdade, estão todos irmanados na mesma luta e todos querem o melhor para Tomar. Procuram todos portanto, de forma implícita, "remar para o mesmo lado".

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Sucede contudo que, no barco democrático, cada qual tem o direito e o dever cívico de escolher o rumo que lhe parece o melhor, para chegar onde todos pretendemos -uma sociedade mais livre, mais justa e mais fraterna. Dirá o amigo que em Tomar há demasiadas divergências. Mas olhe que em democracia nunca há excesso de contestação, enquanto esta se mantiver nos limites da lei e dos bons costumes.
Por outro lado e sobretudo, apesar de ter garantido durante a campanha eleitoral que Tomar está "no rumo certo", manda a verdade dizer que a actual maioria instalada nos Paços do concelho ainda não conseguiu explicar aos tomarenses que rumo é esse, quais são as escalas intermédias e qual o destino final. É por conseguinte natural que haja tomarenses a remar em vários direcções, alguns até aguardando que lhes indiquem um rumo explícito, que lhes diga algo.
Termino abordando a questão da Mata Nacional, a antiga Cerca do Convento. Concordo consigo. Dada a evidente demissão do ICN, o melhor seria entregar aquele espaço verde aos cuidados da autarquia. Há porém um problema e dos grandes. Se você fosse o supervisor governamental do ICN, e resolvesse vir a Tomar antes, para ver in loco como vão as coisas, depois de olhar para os vários espaços verdes municipais, sobretudo para o Mouchão, a Praceta Raúl Lopes, a Cerrada dos Cães ou o ex-Parque de Campismo, ficava com alguma vontade de entregar a Mata à autarquia?
A situação é semelhante no que toca ao Convento de Cristo, cuja gestão a actual maioria autárquica pretende partilhar, ideia que conta com o apoio de quem escreve estas linhas. Porém, sendo  certo que aquilo não vai nada bem em certos aspectos, Deus nos livre de a Câmara actual partilhar a respectiva gestão. Quanto mais não seja porque não têm pessoal à altura e os eleitos ou funcionários  ideologicamente auto-suficientes são sempre um perigo latente. Conforme está à vista de todos, exceptuando os que não querem ver.

Em síntese é isto, amigo Alberto. Escreva sempre, pois opinar é cumprir um dever de cidadania.
Um abraço fraterno,
António Rebelo

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Produtos e tradições tomarenses no mercado de Alvalade em Lisboa




 António Freitas



O Mercado de Alvalade recebeu a visita de muitos  compradores e de tomarenses radicados em Lisboa

Foi com grande êxito que, pela primeira vez, a Casa do Tomar solicitou a cedência de espaço no mercado de Alvalade à respectiva Junta de freguesia  para, a exemplo de outras acções realizadas com muito êxito por anteriores direcções desta Casa regionalista, designadamente  na Praça da Figueira, Rua Augusta e Mercado de S. Domingos de Benfica e desta vez em parceria com a Câmara de Tomar, trazer a um bairro que tanto diz a Tomar, e  no qual está sediada a  Casa de Tomar em Lisboa,  a cultura, a tradição e os produtores locais. Tratou-se de ajudar a promover o concelho nabantino, dinamizando os produtores locais convidados pela Câmara, através do vereador Hélder Henriques, como  fazem com êxito algumas outras Câmaras nesta Lisboa sempre ávida de coisas novas.
Os mercados de Lisboa estão a perder clientes e esta é uma forma útil também para as juntas de freguesia, a quem  a Câmara entregou a gestão dos mercados.  Vendedores e residentes agradecem.
E foi isso que aconteceu em Lisboa. Um êxito! Mercado cheio das 8h00 ás 17h00, animação do Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira, com estátuas vivas de quadros rurais, dança, e bancas de venda para ajudar nas despesas, pois a deslocação teve custos, apesar da oferta de transporte em autocarro fretado pela Câmara de Tomar. O Grupo Pedra e Cal, sediado em Alviobeira no Centro Recreativo também participou, usando o mesmo transporte cedido pela autarquia animando e bem durante o dia.  Os integrantes do Grupo os Nabantinos pagaram do seu bolso o bilhete de outro autocarro, fretado pelo autor deste texto, à Fatimacar,  para que gente ida de Tomar ajudasse a compor  o mercado, já que na anterior edição neste mercado e feita pela Câmara da Covilhã a mesma autarquia fretou e colocou gratuitamente 3 autocarros para os covilhanenses irem a Lisboa.
Quanto aos produtores locais, estiveram quatro vimicultores ( Casal das Freiras, Solar dos Loendros, Adega Casal Martins e Herdade dos Templários) um produtor de mel, artesanato do Papagaio Louro, o Fumeiro Tradicional dos Templários, a Legenda Medieval com os doces,  um produtor de Frutos Vermelhos de S. Pedro, o Licor Templário do Sidónio, Charolinha,  Azeite S. Dorninho e Frutos secos da Sotorres de Alviobeira. Estes foram os convites possíveis para o espaço que foi cedido. Parabéns aos membros da direcção da Casa de Tomar, em especial ao Carlos Galinha, seu presidente, que se esforçou até mais não para que tudo corresse bem, bem como ao Carlos Silva, do Conselho Regional, que faz a ponte entre  a “Casa” e Tomar, ao Carlos Morgado e ao dinâmico Carlos Santos da junta da Junceira/Serra, entre outros. 
O Executivo da Junta da União de Freguesias de Casais e Alviobeira  esteve presente, através do seu presidente, João Alves, e do tesoureiro Luis Freire.  Foi a única freguesia, já que da sua área tinha o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira, Grupo de Cantares Pedra e Cal, Adega Casal Martins.
A mostra, denominada “ Tomar invade o mercado de Alvalade” foi visitada pelo presidente da Junta de Alvalade, André Moz Caldas, acompanhado por mais três membros do executivo da Junta, da qual fazem parte dois tomarenses. Embora não estivesse previsto, houve discursos. O “quarto poder” presente a isso obrigou e foi salutar ouvir Carlos Galinha a agradecer a quem participou gratuitamente (a Casa do Concelho de  Tomar ofereceu o almoço) e à Junta que nos recebeu e à Câmara de Tomar, que apoiou desde a primeira hora. Hélder Henriques, vereador da Câmara de Tomar com o pelouro dos mercados, referiu que foi a sua  estreia, que vinha um pouco nervoso, mas que depois de ver “a moldura humana de tomarenses radicados em Lisboa, de compradores, de anónimos, a alegria dos vendedores residentes e dos que de Tomar vieram expor", se sentiu em casa e solicitou à Junta que  "mais acções e parcerias se façam, pois Tomar precisa de mais acções destas, de rodar os convites a outros produtores, pois tudo isto ajuda a dinamizar Tomar”
André Caldas, presidente da junta de Alvalade, referiu a boa relação e os laços que há entre Tomar e o Bairro de Alvalade, referindo que está disposto a que entre autarquias e com a parceria da Casa de Tomar se possam fazer mais acções, pois as mesmas ajudam a dinamizar o mercado de Alvalade, arrastam clientes  e  contribuem para que os produtores locais possam promover os seus produtos e os grupos quer de folclore quer de música se possam exibir.
Novas datas se irão acordar e num sistema de rotatividade serão convidados pela Câmara, através do vereador responsável, ranchos, grupos de cantares, música, tunas e produtores locais, artesãos,  ou embaladores e transformadores ( não revendedores) de forma a mostrar o que de melhor Tomar produz e nessa acção futura será sempre útil quem faz o quê ou produz manifestar a sua disponibilidade para não se ter que ouvir “ vão sempre os mesmos”

Texto editado por Tomar a dianteira

FOTOS DE ANTÓNIO FREITAS






















Vêm mesmo a calhar

A sempre bem informada Rádio Hertz noticia que vamos ter umas jornadas de psiquiatria, no Hospital e no Hotel dos Templários. Vêm mesmo  a calhar. Para tranquilizar. Numa altura em que alguns eleitos dão mostras de problemas psíquicos que só os médicos psiquiatras têm autoridade e competência para qualificar, tranquiliza saber que Tomar tem uma valência de psiquiatria no seu hospital, com internamento e tudo. Nada melhor que prevenir, para evitar ser depois forçado a remediar.

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A maioria da população tomarense provavelmente nem se dá conta da atmosfera de irrealismo, de suave loucura que reina em Tomar, sobretudo na área política. Falta de cultura, falta de Mundo, falta de sentido crítico. Mas não é por ignorarmos as coisas que elas deixam de existir. Numa terra cujos autarcas acham normal ter duas pistas cicláveis numa mesma avenida da cidade antiga, coisa que não existe nem nas grandes metrópoles, reduzir lugares tradicionais de estacionamento, fechar alguns eixos fundamentais à circulação, ou atribuir aos bombeiros municipais a tarefa de baixar/subir pilaretes na Corredoura, e agora também abrir e fechar o portão da Mata Nacional aos fins de semana; numa terra em que a autarquia tem dívidas superiores a 20 milhões de euros, mas apesar disso financia eventos sem entradas pagas, que custam mais de 100 mil euros; numa terra assim, parece-me óbvio que há cada vez mais problemas do foro psiquiátrico. Algo não bate certo! A começar por quem escreve estas linhas, pois  chega a altura em que uma pessoa não pode deixar de pensar na célebre pergunta retórica de sinhozinho Malta, na conhecida telenovela Roque Santeiro, abanando o pulso esquerdo para exibir o Rolex -"Estou certo, ou estou errado?!"
Texto excessivo, este? Olhe que não. Pense lá um bocadinho melhor. Porque será que a tradição popular nos ensina, desde há muitas décadas, que "De médico e de louco, todos temos um pouco"? Talvez para alertar que "Não há pior cego do que aquele que não quer ver". Não será?

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Espaços que já foram verdes e outras coisas...

Um amigo, que não foi Pedro Neves, enviou-me este protesto e as respectivas imagens:




O canteiro redondo, que já foi um espaço verde, estava destinado a receber a estátua de Gualdim Pais, que agora frente à Câmara. Vendo o estado lamentável em que está o dito canteiro, ainda bem que não mudaram o monumento. Se já cá estivesse em cima, de certeza que até lhe mijavam nas botas.
Olhando para os espaços da Cerrada dos cães que outrora foram verdes e cuidados, a conclusão impõe-se: Espaços verdes, contentores de lixo e sanitários? Não que dá muito trabalho. Pistas cicláveis e requalificações é que estão na berra...para não deixar fugir os fundos europeus e mostrar obra.
Pobre terra!

Bom senso, prioridades e desatinos

Além da qualidade, ou da falta dela, nos projectos agora em discussão pública, que felizmente está a ser bastante participada, há um outro aspecto que convirá ter em conta, porque me parece ter a primazia sobre os restantes. Falo de prioridades.
É sabido que, desde a nossa adesão à Europa, com os consequentes fundos europeus, a grande prioridade de todos os governantes, de Lisboa ao mais recôndito concelho, tem sido sacar verbas de Bruxelas. Pouco importa para que projectos. O que interessa é que o dinheiro venha, para se poder apresentar obra feita. Os resultados estão à vista: auto estradas sem utilizadores, edifícios públicos sub-utilizados, autarquias com instalações luxuosas para os eleitos, num país com graves lacunas na área do saneamento básico e das redes de distribuição de água. Para não falar na carência de meios aéreos de combate aos incêndios, que até Marrocos já tem.
Tomar não tem fugido à regra. Temos campos de ténis sem jogadores, pavilhões desportivos às moscas durante boa parte do tempo, pista de atletismo com seis faixas onde ninguém corre, uma fonte com jogos de água para refrescar, mesmo ao lado do rio que também refresca, uma barraquinha sem préstimo no Mouchão, o complexo da Levada praticamente fechado, pistas cicláveis sem ciclistas, porque sem continuidade, nem utilidade actual... Tudo isto num concelho em que pouco mais de 50% da população beneficia de saneamento básico, havendo mesmo a situação escandalosa de um sector urbano, à ilharga da autarquia, ainda ser servido pelos esgotos de colector único de três lajetas, tipo idade média, e abastecido de água através de condutas de amianto, que é um material cancerígeno, desde há muito proibido na União Europeia.

Imagem relacionada

Apesar de tudo isto, numa infeliz demonstração de claro desnorte em termos de prioridades, a actual maioria submete à discussão pública projectos para requalificar a Várzea grande, reabilitar a Praceta Raúl Lopes e estabelecer pistas cicláveis na Estrada da Serra e nas Avenidas Nun'Álvares e Torres Pinheiro. Caso para dizer, em linguagem popular, que se não estão a reinar com o pessoal, imitam muito bem.
Pensem lá um bocadinho, respeitáveis senhores autarcas. Alguém reclamou o arranjo da Várzea Grande, onde muito pouca gente reside? Quais as vantagens práticas desse pretenso melhoramento, por exemplo em termos de estacionamento? Alguém pediu a reabilitação da Praceta Raúl Lopes? Quais os benefícios para a população, sobretudo para os automobilistas, que daí vão resultar? Não seria melhor, para já, limitar-se a cuidar do que resta da relva e das plantas? Duas pistas cicláveis na Av. Nun'Álvares? Um pista ciclável na Rua Torres Pinheiro? Uma pista ciclável na Estrada da Serra? Para que ciclistas? Onde estão as indispensáveis ligações, ou sequer condições para as implementar?
Tenham agora a bondade de pensar nos eleitores ainda sem rede de esgotos, ou com uma velha rede ultrapassada de colector único, nos consumidores de água dos SMAS, fornecida via condutas de amianto, na população sem condições de segurança à porta de casa, por não terem passeios, ou nos vários pisos asfálticos a precisar de assistência, mesmo em plena área urbana (Rua da Graça, por exemplo).
Se optarem por adiar as obras previstas, não se perde nada, ganha-se tempo e evitam-se despesas supérfluas. E ninguém vai reclamar. Se, em alternativa, decidirem resolver alguns dos problemas básicos do concelho, acima enunciados e que são prioritários, até conseguem poupar dinheiro, porque A - Reduzem consideravelmente as perdas de água comprada à EPAL; B - Deixam de pagar, à entidade que gere a ETAR, o tratamento de muitos metros cúbicos de água da chuva e de perdas de rede, contabilizadas como esgotos domésticos, porque provenientes de sectores ainda de colector único, ligados ao emissário dos esgotos domésticos, forçosamente.
Numa frase cruel: Não fica nada bem ir comprar roupa de marca quando se anda com calçado em mau estado, com as solas rotas. Mas há gente capaz de tudo, quando obnubilada pelos dinheiros de Bruxelas. Para desgraça nossa, que temos de ir pagando tais desatinos.
E depois ainda nos alcunham de maldosos...

domingo, 19 de novembro de 2017

Paiva e Alexandre arrasam projectos em discussão pública

Caso se interesse mesmo pela política tomarense, não deixe de ouvir isto quanto antes. Dura mais de uma hora, mas vale bem a pena. Ó se vale! (Tratando-se de uma gravação sonorizada, caso seja funcionário e esteja no emprego, não se esqueça de colocar primeiro os fones, ouviu?! É sempre mau abusar.) 
Dois ex-eleitos de relevo, um do PSD, outro do PS, dialogaram durante quase noventa minutos àcerca das maleitas que afligem os tomarenses. Sem praticamente mencionarem a actual maioria autárquica, sem ataques nominais ou sequer directos, sem nunca discordaram apesar da diferença partidária, conseguiram arrasar totalmente os projectos agora em discussão pública.

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Foto Rádio Hertz

Já conhecia António Alexandre como político habilidoso, no bom sentido do termo, e como orador aberto e tolerante. Nunca tinha tido a ocasião de ouvir António Paiva antes das recentes autárquicas, em que comentou os resultados, porque nunca calhara. Aconteceu agora pela segunda vez e fiquei muito bem impressionado. Compreendi finalmente como e porque conseguiu fazer tantas obras (algumas muito úteis) e cometer tantos erros, tudo praticamente sem qualquer reparo de monta da parte da oposição.
António Paiva, goste-se ou não das suas opções políticas, é de facto, como demonstra nesta gravação, de uma clareza exemplar naquilo que expõe, tanto quanto à forma como ao fundo. Tudo alicerçado numa sólida formação técnica que se sente praticamente em cada frase.
Acresce que fala com convicção, com paixão até, de tal forma que ninguém de boa fé poderá duvidar da sua sinceridade. Desta vez, além de arrasar totalmente os actuais projectos em discussão pública, por evidente falta de articulação entre eles, ou de inserção nos planos mais globais já existentes para a cidade e o concelho, foi ainda mais longe. Admitiu abertamente que errou no caso da sua primeira obra na Rotunda, rematando com uma frase que o situa e tem destinatários evidentes: "É preciso saber aprender com os erros."
Conforme já referido, ouvi António Paiva comentar os recentes resultados eleitorais e voltei a ouvi-lo agora, num registo mais técnico. Fiquei com a impressão de que anda a preparar o terreno para voltar à política activa. Próximas legislativas, em 2019? Autárquicas de 2021?  Em qualquer dos casos, é praticamente certo que vai ganhar, caso resolva avançar. Salvo se entretanto surgir no firmamento tomarense outra estrela de igual grandeza. Mas o céu está tão nublado, que nem se conseguem ver as estrelas. Mesmo se, pelo contrário, volta e meia acontecem coisas tais que um pacato cidadão até fica a ver estrelas, tal a pancada. 

sábado, 18 de novembro de 2017

Prémio de mérito para o tomarense José Quitério

 António Freitas 

Crítico gastronómico tomarense José Quitério  distinguido com Prémio Gazeta de Mérito

José Quitério, durante décadas crítico gastronómico do semanário Expresso, foi distinguido com o Prémio Gazeta de Mérito, instituído pelo Clube de Jornalistas. O troféu foi-lhe entregue pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no passado 16 de Novembro.

José Quitério foi, durante décadas,  crítico gastronómico do semanário  Expresso. Dos primeiros e um dos poucos no país naqueles tempos. Recebeu agora, das mãos do mais alto magistrado da nação, um dos galardões mais prestigiados do jornalismo. O prémio visa enaltecer o trabalho daquele que foi, durante quase quatro décadas,  a referência na crítica gastronómica em Portugal.
José Quitério, à esquerda como sempre, Marcelo Rebelo de Sousa, antigo jornalista e director do Expresso, e Mário Zambujal, jornalista e escritor, autor do grande sucesso de vendas Crónica dos bons malandros, durante a entrega dos Prémios Gazeta, do Clube dos Jornalistas.

Estreou-se como cronista gastronómico no Expresso em 1976, com uma colaboração semanal intitulada “À mesa com José Quitério”,  que manteve durante 38 anos e foi forçado a interromper por questões de saúde na área da visão.  Foi uma referência na gastronomia portuguesa,  mostrando sempre uma ética muito própria, nomeadamente o respeito pelo anonimato, para poder ser tão imparcial quanto possível. Restaurante onde entrava para almoçar ou jantar e que  descobria quem ele era, já não tinha a respectiva crítica publicada.  Sempre pagou com verba do seu jornal  e só no fim de cada refeição, quando pedia a factura e indicava o nome a colocar nela, deixava de ser um cliente anónimo como qualquer outro.  
Há contudo uma excepção, que os tomarenses do seu tempo  conhecem bem. Foi ele quem lançou em muitas publicações o  "Chico Elias”, que nunca se cansava de elogiar, nomeadamente com a célebre expressão "ir a Tomar e subir à Céu". A Céu era a alma da antiga tasca do sogro, o Chico Elias, nas Algarvias. José Quitério tinha por ela uma estima muito particular, porque foi durante anos cozinheira na casa dos seus pais, e portanto dele próprio, por cima da Farmácia Dias Costa, ao lado da igreja de S. João. As sucessivas referências maravilhadas, nem sempre muito imparciais, contribuíram poderosamente para catapultar ao estrelato esta casa de robusta comida tomarense que ainda hoje é bem conhecida. 
Tomar pode-se orgulhar de, para além do José Quitério, ter tido na mesma área o prof. Manuel Guimarães (natural do Sabugal), um crítico gastronómico de mão cheia em diversas publicações e que em Tomar, para além da carreira como professor, foi também director da biblioteca municipal, do semanário O Templário e mais tarde do Hotel dos Templários. Tomar deve-lhe igualmente a ideia e a realização da primeira edição do Congresso da Sopa, bem como algumas publicações ainda hoje de grande interesse, como por exemplo sobre a oliveira e o azeite no concelho de Tomar. Faleceu de repente, aos 58 anos, onde mais gostava de estar -à mesa, durante uma refeição.

Texto editado por Tomar a dianteira 3

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Outra vez as mesmas asneiras?

"Em resultado de inquéritos realizados aos seus associados, a NERSANT – Associação Empresarial da região de Santarém iniciou o encontro “Viver o Tejo” desta quarta-feira, 15 de novembro, a defender a criação de uma entidade de turismo do Ribatejo. A divisão da região, que engloba sensivelmente o distrito de Santarém, entre Turismo do Centro e o Turismo do Alentejo não agrada aos empresários, que defendem outra solução para a estratégia de turismo a nível regional."
Garanto que tive de ler duas vezes, para me certificar que não estava a ver mal. Que se tratava mesmo de uma notícia publicada aqui e não de uma visão, ou de mera brincadeira. Isto porque me recordo bem do sucedido nos idos de 80 do século passado.
Em Tomar governava a AD, liderada por Amândio Murta e em Santarém o PS, com Ladislau Botas na presidência. O vereador com o pelouro do turismo nas margens do Nabão, Alberto do Rosário Pereira, veio ter comigo, nessa altura deputado municipal na bancada do PS, pedindo para o ajudar em Santarém, onde ia realizar-se uma reunião com todos os municípios do distrito, para debater a formação de uma comissão regional de turismo. Alegou que não se sentia preparado em tal matéria e por isso me solicitava assessoria técnica, uma vez que se tratava de algo em prol de Tomar.
Falei sobre o assunto com Fernando Oliveira, da APU (agora CDU), que na altura dirigia várias autarquias do distrito. Perguntou-me qual a minha posição. Simples ajuda como técnico, para defender que, a haver uma comissão regional de turismo no distrito, a sede deverá ser em Tomar e nunca com a designação "do Ribatejo". Caso contrário, Tomar não fará parte. O representante da CDU pediu para pensar, prometendo uma resposta para o dia seguinte.
Obtido o apoio dos comunistas, "podes ir descansado que os autarcas CDU não te apoiam mas também não te atacam", disse-me o Fernando Oliveira), lá fui com o vereador Rosário Pereira, do PSD, até aos Paços do concelho de Santarém.
Os autarcas socialistas presentes ficaram muito surpreendidos, uma vez que eu integrava na altura a Comissão política distrital do PS, mas sossegaram quando lhes disse que estava ali apenas como assessor técnico do vereador Pereira. Infelizmente este, pouco depois de começar a reunião, alegou que tinha de ir para Lisboa,  assistir a uma aula do curso de direito que então frequentava. 
Fiquei portanto sozinho e numa posição ingrata, pois sendo do PS estava ali para defender a posição da AD.
Quando tive de intervir, referi em síntese, com o apoio de vária documentação nacional e estrangeira que antes reunira e tinha comigo, que só havia no distrito de Santarém dois centros turísticos dignos desse nome: Fátima, no concelho de Ourém e Tomar, por causa do Convento de Cristo. Houve naturalmente alguma contestação, à qual procurei responder fazendo ver que Santarém apenas era conhecida além fronteiras ali pelas bandas de Badajoz e da Andaluzia, devido a afinidades culturais (tauromaquia, grandes propriedades, criação de gado bravo, por exemplo), pelo que não se justificava um organismo regional de turismo sediado em Santarém e, em qualquer caso, Tomar nunca faria parte dele, por estar noutro nível.


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Tempos depois, vim a saber que tinha sido decidida em Lisboa a criação de duas comissões regionais de turismo. Uma com sede em Tomar, outra em Santarém. Soube disto porque o ex-presidente e então vereador PS, Luís Bonet, veio falar comigo no café Pepe, confessando que no executivo estavam com dificuldades para encontrar um nome para a comissão regional de turismo a criar em Tomar.
Mais uma vez aceitei ajudar, em prol da minha terra. Escrevi num guardanapo de papel três hipóteses de designação para o novo organismo oficial: A - Comissão Regional de Turismo das Albufeiras, B - Comissão Regional de Turismo da Floresta Central, C - Comissão Regional de Turismo dos Templários. Para grande surpresa minha, a designação oficial definitiva veio a ser "Comissão Regional de Turismo dos Templários, Floresta Central e Albufeiras". Olha se, em vez de três, tenho indicado meia dúzia de hipóteses!
A partir daí, quando começou a haver orçamento folgado, muitos se penduraram, alguns durante anos. Até um que mais tarde foi ministro e deu que falar. Mas nunca mais precisaram da minha ajuda. Pudera! Com tanto dinheiro público à disposição...
O resultado final é conhecido. Em simultâneo, Santarém tinha liderado a formação da Comissão Regional de Turismo do Ribatejo, naturalmente ali sediada. Havia portanto dois organismos gémeos no distrito, mas nem um nem outro conseguiram fazer obra ou sequer deixar boas recordações, excepto para aqueles que souberam aproveitar-se do excessivo liberalismo lisboeta. Até que, salvo erro, um governo liderado pelo PS, resolveu acabar com a mama, extinguindo as dez comissões regionais de turismo existentes no país, que foram reduzidas a cinco, uma por cada região-plano: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.


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Mais uma prova de que quem defende o Ribatejo geralmente não sabe estar. A entidade regional de turismo é do Alentejo, mas Santarém já obteve o acrescento de Ribatejo. Agora imagine-se que na Entidade regional de Turismo do Centro, da qual faz parte, Tomar exigia a menção "e dos Templários". Era um escândalo, não era? Mas tratando-se de Santarém... E mesmo assim não estão contentes. Sonham com o regresso do "brinquedo de Carlos Abreu", entretanto falecido. Há coisas que nunca mudam.

Vem agora a NERSANT dizer que os membros daquela associação empresarial lamentam a divisão do distrito, uma vez que a Lezíria do Tejo, liderada por Santarém, aderiu ao turismo do Alentejo e o Médio Tejo, onde pontifica Tomar, ao Turismo do Centro. Pois foi. E quem terá dito aos associados da NERSANT que Tomar e  o Médio Tejo têm alguma coisa a ver com o Ribatejo em termos turísticos? Há na Entidade de Turismo do Centro, quatro conjuntos monumentais com o selo de qualidade Património Mundial ou da Humanidade (Alcobaça, Batalha, Coimbra e Tomar). Na área da agora reivindicada Entidade regional de Turismo do Ribatejo, há quantos? Nenhum.
Seria portanto totalmente ridículo se, na área da promoção turística, quatro décadas depois, tudo recomeçasse na estaca zero,  para dentro de alguns  anos  se chegar de novo à conclusão, sempre constatada nos factos, porém nunca assumida, que o problema desta e de outras regiões turísticas do País foi e é afinal o excesso de boys à procura de tacho e a evidente falta de gente preparada e competente.
A actual líder da NERSANT e a respectiva massa associativa são jovens. Quiçá não conhecessem estes detalhes pouco brilhantes da história local e regional. Por isso aqui fica a informação, subscrita por um dos protagonistas, que nada auferiu para além da satisfação de servir a sua terra. Em vão, mas a culpa não foi dele.

(Para aqueles leitores que eventualmente ignorem alguns detalhes da vida do autor, esclarece-se que António Rebelo, além de professor, foi Profissional de informação turística, com a licença nº 159, tendo-se mais tarde doutorado em Economia do Turismo, na Universidade de Paris VIII. Foi também o principal autor do projecto de candidatura do Convento de Cristo a Património da Humanidade, aprovado em Friburgo (Suiça), em 1983.)

anfrarebelo@gmail.com