sábado, 21 de outubro de 2017

Tomar na rede, cães vadios e comentadores anónimos

Começo por me penitenciar: Nem sempre estive de acordo com o administrador do Tomar na rede, na questão dos comentários anónimos. Peço-lhe desculpa. Reconheço agora que estava a ver mal o problema. Na verdade, esta postagem levou-me a entender a utilidade e a importância dessa atitude do citado  responsável, cuja paciência e tolerância sou levado a apoiar e até a louvar.
Tudo devidamente ponderado, comentários publicados no Tomar na rede, sobretudo os anónimos, constituem um excelente manancial, para análises de gabarito nos campos da sociologia, da antropologia, da psicologia e da ciência política.
Apesar da minha fraca cabeça, consegui chegar a tal conclusão partindo de uma juvenil observação de cães vadios, gravada na minha massa cinzenta desde os anos 50 do século passado. Bem sei que actualmente quase já não há cães vadios em Tomar. Restam os do acampamento do Flecheiro e pouco mais. O que torna ainda mais significativa a minha recordação vivaz, num tempo em que tanta coisa já mudou.
Até às  décadas de 50/60 do século passado, havia um velho matadouro municipal, sem grandes condições, nos terrenos onde agora passa a estrada de acesso à Ponte do Flecheiro. Os seus efluentes iam directamente para o rio e alguns restos orgânicos para a lixeira, que era mesmo ao lado, onde está a ponte pedonal, e a parte norte do acampamento cigano. O "Clã Róflin".
Atraídos pelo olfato, muitos cães vadios rondavam então por ali.  Logo que conseguiam um osso ou algo comestível, tinham todos a mesma reacção. Afastavam-se um bocado e começavam a roer. Quando alguém se aproximava, ou passava perto, punham a pata em cima do petisco, olhavam de soslaio com ar ameaçador e rosnavam. Só deixavam de rosnar e retomavam a refeição quando os importunos humanos os deixavam em paz, afastando-se.

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Mais de meio século volvido, alguns leitores/comentadores anónimos do Tomar na rede têm exactamente o mesmo comportamento dos cães vadios do século passado. Se a notícia não lhes agrada, vá de rosnar, sustentando que não tem qualquer interesse, pelo que não se justifica a sua publicação. Se outros comentadores concordam com a mesma, vá de rosnar que  os visados têm razão, uma vez que são eleitos ou funcionários, no exercício das suas funções. Em último caso, rosnam que Tomar é uma cidade linda em que só devia haver "crítica construtiva", conquanto não expliquem o que isso possa ser. Apesar de saberem muito bem o que quer dizer "lamber as botas" ou "culambismo", (na feliz expressão de Miguel Esteves Cardoso), uma vez que são especialistas nisso.
No fundo, o que essa seita de comentadores anónimos faz todos os dias é simples: Imitam os cães vadios de antanho, sabendo muito bem o que estão a fazer. Defendem cada qual o seu "osso" e assim quem lho arranjou, não vá dar-se o caso de a dada altura começar a não haver "ossos" que cheguem para todos. Por isso, quanto menos mudanças melhor. E as notícias ou críticas para eles inoportunas tendem a provocar alterações...
É triste constatar que, em pleno século vinte e um,  algumas pessoas, com cartão de eleitor e tudo, se comportam como os caninos vadios de outrora, pela mesma razão alimentar. Mas se a situação é essa, que se há-de escrever? 
A verdade. Só a verdade. E depois deixar rosnar livremente. Que é como quem diz, não lhes "dar corda". Porque não convém responder a provocadores. Sobretudo quando não identificados.

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