domingo, 15 de outubro de 2017

Objectivos opostos - 5

Comparando Tomar e Toledo - 3

Antes de iniciar este texto, será melhor ler aqui, aqui e aqui. Caso contrário pode muito bem ficar um bocado baralhada ou baralhado.

Apesar de tantas opções opostas, há também um sector em que os bons autarcas de Tomar e os maus autarcas de Toledo convergiram -o dos parques de estacionamento. Tal como António Paiva mandou fazer em Tomar, também os eleitos das terras de D. Quixote e Sancho Pança, dotaram em tempo oportuno a sua cidade de parques de estacionamento. Aí termina porém a convergência.
Enquanto em Tomar o excelente Paiva encravou um parque de estacionamento em pleno núcleo histórico, e outros demasiado acanhados junto ao Convento de Cristo, principal monumento da cidade, da região e do país, todos sem instalações sanitárias de acesso livre, os péssimos autarcas toledanos viram bastante maior e muito mais longe. Mandaram instalar parques de estacionamentos cobertos e descobertos, devidamente equipados e com milhares de lugares, fora das muralhas, como mostram parcialmente estas fotos:




Segundo informações recolhidas por Tomar a dianteira 3, há em Toledo, cá em baixo, fora das muralhas, capacidade para estacionamento de mais de dois mil ligeiros e 250 autocarros. Só o parque coberto para autocarros, com vários pisos enterrados, tem lugar para 120 veículos.
E para subir?, perguntarão aqueles tomarenses que, como diz o jornalista tomarense e meu amigo, António Freitas, "coitados nunca saíram do buraco". Para subir, os autarcas toledanos permitem que os seus eleitores e os turistas escolham. Ou sobem a pé, que é o mais saudável e económico, ou vão por aqui:









Pois é! Após quatro lances de escadas rolantes, residentes e turistas chegam aqui:



Onde dispõem de amplas e modernas instalações sanitárias no subsolo (entrada pelo lado direito da foto), de um posto de informação, de uma loja de recordações, de distribuidores automáticos de bebidas e deste magnífico panorama de Toledo, lá em baixo, fora da muralhas:


Daqui, os residentes vão à sua vida e os turistas vão calcorrear as ruas do centro histórico, aproveitando para comprar aqui e ali, que é afinal o que interessa, sobretudo aos comerciantes toledanos. Compras sentado no pópó, ou com o pópó à porta, só na Net, nos hipermercados, nos Macdonalds...e no Convento de Cristo, quando há lugares, o que é raro durante a alta estação. 
Perceberam agora, senhores autarcas tomarenses? O turismo enquanto tal não desenvolve a economia tomarense, nem cria empregos. As despesas dos turistas é que podem ajudar substancialmente as depauperadas finanças e o investimento locais. Mas para isso é primordial que os turistas gastem, que passem pelas lojas. O que não acontece com eventos generosamente financiados pela autarquia, mas sem entradas pagas. Ou com os autocarros e pópós acumulados junto ao castelo e ao convento, cujos passageiros chegam, visitam e põem-se na alheta. Por essa via, nunca mais vamos conseguir sair da cepa torta. É apenas mais uma versão moderna da velha agricultura portuguesa, que era "a arte de empobrecer alegremente".
Ou será que vai tudo bem, sou eu que estou a  ver mal, e a população tomarense continua a diminuir apenas por mero acaso?

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