quinta-feira, 26 de outubro de 2017

De longe e de baixo

Peço desculpa. A esta hora (7H30 de Fortaleza, 11H30 de Tomar) mais de 100 leitores fiéis já fizeram o favor de visitar Tomar a dianteira 3 e não encontraram o habitual texto matinal. É que entretanto o avião da TAP já percorreu mais uma vez os quase sete mil quilómetros que separam as duas cidades, desta vez comigo lá dentro. De forma que por aqui estou de novo, na margem do Atlântico sul, onde conto ficar até Maio próximo, vendo as coisas de longe e de baixo (no mapa, bem entendido). É outro clima, que o meu reumatismo prefere de longe ao de Tomar.
Com o velho senil, rabugento e intrometido longe da terra gualdina, alguns concidadãos, com destaque para meia dúzia de funcionários superiores da autarquia, um ou outro eleito, uma ou outra beata, um ou outro beato falso, ficaram todos satisfeitos e a partir de agora passam a dormir melhor. É aproveitar pessoal, que as coisas nunca foram nem são bem como as senhoras e os senhores as vêem. E hoje em dia, com a Net, quase se "vê" melhor a Corredoura a partir daqui, que da Praça da República.
Estando os senhores autarcas em início de mandato, há que deixá-los trabalhar em prol da cidade e do concelho, caso seja essa a sua intenção, começando por lhes desejar felicidades e facilidades. Dito isto, há para já dois assuntos que me atazanam o juízo (o pouco que ainda me resta). Um é sobre os SMAS, outro sobre aquele terreno nas traseiras do quartel dos bombeiros.
Dos SMAS é quase como dos hospitais, raramente vêm boas notícias. Desta vez, fonte credível e em geral bem informada, garantiu a Tomar a dianteira que a água terá forçosamente de aumentar a curto/médio prazo, nomeadamente devido aos elevados custos com o tratamento de esgotos. Segundo a mesma fonte, esses custos agravam-se singularmente no inverno, porque a respectiva estação de tratamento também processa à mistura muita água da chuva, que a EPAL contabiliza, esfregando os seus administradores as mãos de contentes. O que nos poderá valer nesse aspecto é que o inverno seja pouco chuvoso. Ao que se chegou!
Sobre o terreno onde está aquela coisa a que chamam "ruínas de Sellium", nas traseiras do quartel dos bombeiros, só agora soube que a câmara resolveu comprá-lo, pouco antes do início da campanha eleitoral, pela módica quantia de 300 mil euros. Uma evidente ninharia, para uma autarquia cujo défice é de apenas 24 milhões de euros. (Ler actualização aqui.)
Com tal compra, que a informação tomarense que temos nunca noticiou (o que não é bom sinal), tudo parece indicar que a nova maioria tenciona avançar com o propalado museu da romanização naquele local. Caso consigam as sempre desejadas e abençoadas verbas europeias, teremos então mais um elefante branco, como o do complexo da Levada. Com uma única diferença: terá uma só cabeça, ao contrário do outro que têm três -fundição, electricidade e moagem. Mas com o mesmo problema de base. Uma vez concluído, não haverá verbas suficientes nem para contratar técnicos, nem para a indispensável manutenção, nem para assegurar o respectivo funcionamento com um mínimo de dignidade.
Basta meditar no caso da Levada. Concluído há anos, aguardam o quê para corrigir as numerosas mazelas já detectadas e pôr aquilo a funcionar? Conversa fiada é uma coisa, trabalho sério e transparente outra bem diferente.

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