domingo, 24 de setembro de 2017

Política à moda do país que somos

Rádio Hertz forçada a anular debate a 3


Faltam dois dias. Já votou ? »»»

Quem seguiu presencialmente, ou ouviu os dois debates gémeos com os seis candidatos, aqui comentados, sabe bem que, tudo bem espremido, aquilo não deu grande coisa. Nem podia ser de outra maneira. Cada candidato sabe ao que vai. Limita-se a debitar aquilo que previamente foi acordado com os seus apoiantes mais próximos. Outra coisa seria uma série de debates cara a cara, mano a mano, enfrentando directamente o outro concorrente enquanto contraditor.
De forma patética, porque estamos num país onde praticamente tudo está regulamentado, quase como na China, também as campanhas eleitorais  têm as suas leis, o seu regulamento e a sua polícia, que dá pelo nome de CNE. De acordo com os ditames dessa gentinha, que parece viver ainda no século passado, estão proibidos os debates a dois, em nome da equidade. Por outras palavras, qualquer debate público deve englobar todos os candidatos. O que dá aquelas salganhadas que temos visto e ouvido por aí, sobretudo nas grandes cidades, onde há mais candidatos porque também há mais a sacar.


 A Rádio Hertz procurou contornar o problema, planeando um debate de duas horas para a próxima segunda-feira, dia 25, entre Anabela Freitas, José Delgado e Bruno Graça. Não sendo o ideal, já era bom. Foi porém uma esperança efémera. Houve logo queixa da parte daqueles que, ou nunca elegeram, ou não elegem ninguém para o executivo municipal, há mais de 30 anos. Não passam portanto de meros animadores de pista. Mas que têm a lei obsoleta do seu lado. E a Rádio Hertz foi forçada a anular o referido debate. (Ler mais aqui)
Perante coisas assim, depois ainda se surpreendem que, na prática, só vá votar um eleitor em cada dois. O que mais tarde pode muito bem vir a resultar numa outra lei -a do voto obrigatório. Pelo andar da carruagem....
A título de mera hipótese, vamos supor que uma dada entidade, Tomar a dianteira 3, por exemplo, resolvia convidar os cabeças de lista das duas formações que em Tomar têm ganho todas as eleições desde o 25 de Abril, para um almoço algures em Espanha, seguido de uma visita guiada comparativa, e de um debate de duas horas, a transmitir directamente para Portugal via Net. Supondo que os candidatos aceitavam, -o que está por demonstrar, por razões óbvias- e tendo em conta que a Lei eleitoral portuguesa logicamente não se aplica em Espanha, o que aconteceria? Proibiam a difusão do debate? Como? Multavam Tomar a dianteira 3 e os dois candidatos, por terem praticado algo que em Espanha não é proibido, nem está regulamentado da mesma forma? Puniam por actos praticados no estrangeiro?
A população portuguesa há anos que não cresce. Se o ridículo matasse, muito provavelmente já seríamos menos de metade.

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