sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Cuidado com o triunfalismo prematuro!

A renúncia praticamente forçada do anterior cabeça de lista PSD e a sua substituição pelo segundo, parece ter animado sobremaneira as hostes socialistas. Sentem-se mais aliviados. Vão dizendo que Delgado não tem espessura, que lá se foram os votos dos funcionários municipais, que Delgado não conhece a casa como a conhecia o anterior, que Delgado não vai conseguir o apoio implícito da Igreja, que Delgado tem pouca facilidade de palavra, que Delgado é pouco conhecido, que Delgado nem vai conseguir arranjar um programa capaz...
Será tudo verdade. Mas o candidato laranja também tem algumas qualidades e vantagens. É mais apelativo que o anterior, em termos de imagens. Nunca foi nem é funcionário público, com tudo o que isso representa para muita gente. Como engenheiro técnico, integra a área dos que sabem fazer, que muitos eleitores preferem aos que apenas sabem dizer. Não pode ser ligado ao anterior descalabro autárquico protagonizado pelo PSD em Tomar. É humilde. Sabe ouvir. Sabe pedir ajuda quando necessário. Gosta de aprender.
Além disso, caso consiga entretanto adaptar-se às estagnadas águas tomarenses, dispõe de uma vantagem importante, que passo a tentar demonstrar:

Resultados eleitorais para a Câmara, do PS e do PSD no concelho de Tomar desde 1976



Perante este quadro, não é necessário ser perito em matemática e estatística, especialista em ciência política ou analista encartado, para extrair algumas conclusões. Estas, por exemplo:

1 - O PSD tomarense já ultrapassou quatro vezes a barreira dos dez mil eleitores.
2 - Numa dessas vezes, em 2001, ultrapassou mesmo a  dos quinze mil sufrágios.
3 - O PS apenas conseguiu mais de 10 mil votos em 1993, com o independente Pedro Marques.
4 - Depois, já IpT, Pedro Marques conseguiu 4.948 votos em 2005, mas apenas 3.054 em 2013.
5 - O PS já registou menos de 6 mil sufrágios em cinco eleições: 1985, 2001, 2005, 2009, 2013.
6 - O PSD apenas averbou menos de 6 mil votos em 1976 e 2013.
7 - Apesar do evidente descalabro do PSD, em 2013 os socialistas venceram com apenas mais 281 votos.
8 - Desta vez vamos ter novamente, na prática, um confronto polarizado PS - PSD. Desapareceram os IpT e não me parece que tenham deixado herdeiros.

Face a estas conclusões indesmentíveis, entendo ser consensual sustentar que o PSD nabantino dispõe de uma base eleitoral potencial bem mais vasta que os socialistas. Salvo naturalmente quando os laranjas são severamente punidos, na sequência do mau trabalho realizado, como aconteceu em 2013. Mas esse  não poderá ser o caso desta vez, dado ter sido o PS a governar, com a muleta da CDU. 
Fica assim demonstrado, creio eu, que bem assessorados e com uma boa campanha eleitoral, apoiada num programa robusto e adequado, os social-democratas tomarenses podem muito bem vencer. Mesmo com um candidato de 2ª escolha, que ficou em 4º lugar na tal sondagem que alguns dizem ter sido "martelada". Basta para tanto que o PS se iluda com facilidades. Afinal, em 2013, severamente queimados por mandatos que não correram nada bem, sem programa capaz e com um candidato sofrível, os laranjas perderam por apenas 281 votos. E o PS nem sequer conseguiu ultrapassar a barreira dos 6 mil sufrágios.
Desde 1976, o PSD já presidiu 7 vezes à autarquia tomarense, contra apenas 4 do PS, sendo o actual mandato o primeiro de um militante socialista, neste caso uma militante. Luís Bonet não era filiado quando ganhou e Pedro Marques manteve-se sempre como independente. Até acabar por ser nomeado mandatário dos socialistas tomarenses. A história tem destas coisas.
Em função do que antecede, por me parecer indispensável, ouso recomendar aos socialistas e aos social-democratas locais que meditem nestas bem conhecidas sentenças populares:
A - Nunca se deve vender a pele do urso, antes de abater o animal.
B - A experiência demonstra que quem subestima o adversário é sempre vencido.
C - Águas passadas não movem moinhos, mas quem ignora o passado, condena-se a repetir os mesmos erros no futuro.
D - Ajuda-te e Deus te ajudará. (Mesmo tendo em conta que a candidata não é praticante.)
E - Há coisas que se entendem sem as dizer, mas que se percebem ainda melhor dizendo-as.
F - Sem planos, o fácil torna-se difícil. Com planos, o difícil torna-se fácil.

(Dado o estado a que chegou o conhecimento geral da língua portuguesa, será melhor esclarecer: planos = programas. Mas não confundir o programa da campanha eleitoral com o programa para a governação autárquica. São  coisas diferentes e independentes. O primeiro deve indicar apenas o planeamento da campanha. O outro deve detalhar a acção que se propõe ao longo do mandato, em caso de vitória.)


                                      
             


                                          

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