quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Três temas tristes

1 - O mundo às avessas?

Diz O Mirante que os deputados social-democratas do distrito manifestaram junto do ministro da saúde a sua preocupação conjunta sobre a sustentabilidade do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Muito bem. Faz parte das suas tarefas, como representantes dos eleitores. Infelizmente, a argumentação utilizada, parcialmente reproduzida no antes citado jornal,  parece-me pouco adequada.
Referem a dado passo, procurando implicitamente pôr em causa a recente decisão governamental que possibilita a ida dos doentes de Ourém para o hospital de Leiria, que algumas freguesias do referido concelho ficam mais próximas de Tomar que de Leiria. Trata-se, sem qualquer dúvida, de um argumento falacioso. Na verdade, sendo certo o que afirmam, omitem contudo o essencial. Quando vai para Leiria, o paciente é tratado e eventualmente internado num hospital completo, a pouco mais de 20 quilómetros de sua casa. Pelo contrário, vindo para Tomar é quase sempre despachado para Abrantes, que fica a quase 60 quilómetros de Ourém. A escolha é clara. E explica porque motivo os oureenses reivindicaram durante anos a possibilidade de recorrer ao hospital de Leiria, o que agora conseguiram finalmente.
No mesmo escrito, uma outra afirmação deixou-me preocupado, como eventual utente dos recursos hospitalares públicos: "Recordam ainda que um dos factores que antes impediam que a população de Ourém usasse o hospital de Leiria foi "o risco de insustentabilidade do CHMT provocado pela perda de utentes." Perante isto, pergunto: Afinal são os hospitais que estão ao serviço dos doentes? Ou são os doentes que estão ao serviço dos hospitais, conforme se deduz do texto dos senhores deputados?

2 - O óptimo é sempre inimigo do bom

A meu pedido, ao abrigo da Lei do direito à informação, fui recebido pela senhora presidente da Câmara. Foi uma conversa civilizada, entre dois conterrâneos que se conhecem e estimam, embora tenham sérias divergências políticas, que pelo menos o autor destas linhas procura nunca confundir com questões pessoais.
Fiquei a saber, entre outras coisas que guardo para outra ocasião, que a Sinagoga não é da autarquia mas do Estado, limitando-se a câmara a remediar a situação, na medida do possível. A senhora presidente confirmou a existência de uma verba de origem norueguesa, da ordem dos 115 mil euros, destinada a obras na Sinagoga, acrescentando que o município recorreu a verbas europeias para complementar, estando actualmente em curso os procedimentos para o restauro da sinagoga, da "casa das talhas" e a transformação em jardim urbano do quintal anexo, entretanto adquirido pela câmara.
Terminámos a conversa com a senhora presidente avançando que pôr a água a correr de novo no aqueduto dos Pegões vai custar 5 milhões de euros.
Despedi-me satisfeito, contudo com a ideia de que parece ter-se perdido, entre os eleitos e os funcionários superiores, a noção de razoabilidade. Outrossim, que o óptimo é sempre inimigo do bom. Por outras palavras, quando se pretende fazer tudo o melhor possível, acaba por não se fazer nada.

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Foto O Mirante
3 - Já com chumbo na asa

Foi o grande rumor político de ontem, aqui pela urbe. Conhecidos os resultados da hipotética sondagem antes anunciada, porém nunca confirmada e muito menos explicada, João Tenreiro terá sido o mais votado e Luís Boavida terá obtido um resultado muito aquém das expectativas. A ser verdade tudo isto, Tenreiro aparece como o futuro cabeça de lista e, segundo os mesmos rumores, Boavida encabeçará uma lista independente, faltando apenas saber se dos IpT, se de outra formação a criar, em qualquer caso sempre com o apoio expresso de Pedro Marques. 
Nesta hipótese, falta apenas conhecer a posição de Lourenço dos Santos, que há pouco tempo disse que a hipótese de uma candidatura independente não foi equacionada. Estará portanto excluída?
Qualquer que venha ser a evolução, a confirmar-se a visível fractura de facto do PSD local, estarão criadas as condições para mais quatro anos de mandato PS, numa autarquia familiarmente responsável, conforme mostra a bandeira ontem içada no mastro principal dos Paços do Concelho, que o protocolo e as simples boas maneiras mandam reservar para a bandeira nacional.
Sobre a provável candidatura de João Tenreiro, cidadão sério, estimável, bem formado e bem comportado, direi que não começa da melhor forma, por não ter qualquer base sólida. O resultado da sondagem? Que sondagem? Encomendada por quem? Feita por quem? Quando? Como? Com que amostra? Quantas pessoas foram interrogadas? Como foram escolhidas? Quais foram as perguntas? Quais os resultados?
Já com chumbo na asa, raramente uma ave se aguenta muito tempo a voar, por mais resistente e habilidosa que possa ser. O mundo moderno é cruel. Sobretudo para os políticos.




2 comentários:

  1. Ò Rebêlo pior que não dar notícias, é publicar rumores.

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  2. É uma opinião tão respeitável como qualquer outra, incluindo a adversa. No meu tosco entendimento, condenável seria publicar como notícias aquilo que afinal são apenas rumores. Mas há rumores e rumores...

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