sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Tabuleiros a património mundial?

4 - Conclusão: Vamos a isso?

Como bem sabemos, é próprio da natureza humana: Tendemos a adorar, a idolatrar aquilo que amamos muito. E nós tomarenses amamos muito a nossa Festa grande, que é um dos principais elos de ligação entre nós e as centenas de gerações que nos antecederam. Não surpreendem por isso algumas iniciativas que fora de Tomar surgem como algo demasiado peculiar. É o caso nomeadamente do tão falado museu dos tabuleiros.
Dito de forma agreste, mas clara: Museu dos tabuleiros com quê? Para quê? Com que recursos próprios? Quem vai assegurar as verbas para a instalação e depois para o funcionamento?
Sendo óbvio que nem a própria festa consegue, no seu  modelo actual, equilibrar as suas contas sem recorrer, e de que maneira, ao orçamento camarário, de onde virá a disponibilidade orçamental para idealizar, montar e sustentar o tal museu?
Mesmo quanto à festa em si, é meu entendimento desde há muito que ela carece de alterações substanciais, para se reforçar e poder enfrentar os novos tempos. Concordo que se deva respeitar a tradição, mas só a tradição e nada mais que a tradição -o tabuleiro, a portadora, o ajudante, os aguadeiros, os gaiteiros galegos, as flores, as ruas populares ornamentadas, o cortejo do mordomo, a  distribuição da peza, a bênção e o levantar dos tabuleiros na Praça.


O resto tem forçosamente de mudar, pois tudo o que não se adapta acaba por desaparecer. A começar pelo modelo de gestão da festa. A época do mordomo pau mandado da autarquia, trabalhando sem qualquer remuneração inerente, já passou. Outro tanto acontece com o percurso dos cortejos parciais e, sobretudo, com o do cortejo final. 
E depois vem o que me parece essencial e prévio. Que eu saiba, a UNESCO apenas aceitou até agora, na área do património vivo e/ou imaterial, candidaturas de eventos no mínimo anuais. O que faz todo o sentido. Para o comum dos mortais, que não habite nem tenha vivido em Tomar, realizar só de quatro em quatro anos um festa das colheitas que, como todos sabemos, são anuais, é algo de bizarro. De gente que não é capaz de pensar em termos de século XXI. Que não tem coragem para assumir que não sabe fazer melhor, nem de admitir que, devido ao modelo esgotado em vigor, também não há disponibilidade orçamental para mais. Vamos ultrapassar isso, com muita coragem e determinação?
Nós merecemos melhor e todos juntos valemos mais que esta apagada e vil tristeza.

Conclusão resumida 

Estou pronto a ajudar em tudo aquilo que puder,  dentro das minhas capacidades, a aprontar uma candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património vivo da Humanidade, vulgo Património Mundial, mediante três condições prévias:
1 -A festa passa a realizar-se anualmente.
2 -O Cortejo dos jovens, os cortejos parciais e o Cortejo final terão percursos ligeiramente diferentes dos praticados até agora.
3 -A área dos cortejos será vedada e haverá venda de bilhetes de acesso. Terão entrada livre os residentes na cidade e no concelho, bem como os naturais de Tomar, todos mediante apresentação do Cartão de cidadão, ou documento oficial equivalente, que prove essa qualidade.

anfrarebelo@gmail.com


1 comentário:

  1. Concordo com a sua opinião e estou disposto também a ajudar no que precisarem.
    A meu ver, a maior falha está no modelo de gestão evento. A Festa dos tabuleiros tem que estar projectada para novo mundo onde vivemos. Não podemos organizar a Festa dos Tabuleiros, como organizávamos a 40 anos... Penso que este é o maior problema...

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