sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Tabuleiros a Património mundial?

2 - Procurando esclarecer os que se julgam já esclarecidos

Refiro-me àqueles tomarenses, não tão raros quanto isso infelizmente, que por sistema julgam já saber tudo, o que os leva a não aprenderem nada. Nesta matéria referente à lista do Património mundial da UNESCO, julgo conveniente esclarecer que o Convento de Cristo já faz parte dessa lista, desde o início dos anos 80 do século passado. E o Centro histórico também já podia ser Património mundial, não fora o que mais adiante se explica .
O Conjunto monumental Castelo dos Templários-Convento de Cristo foi declarado Património da Humanidade em 1983, conjuntamente com o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém e o Centro histórico de Angra do Heroismo. Três pessoas tiveram o protagonismo essencial nessa candidatura vencedora, aprovada durante a reunião do comité da UNESCO em Friburgo - Suiça. Esses três protagonistas foram o então vereador da cultura, Duarte Nuno Vasconcelos (CDS), o autor destas linhas e o então presidente da câmara Amândio Murta (AD).
Ainda que essencial, o contributo dos três protagonistas foi bastante desigual. O citado vereador da cultura foi quem me solicitou ajuda, mas depois nunca mais apareceu e, tendo acompanhado o presidente da Câmara à reunião de Friburgo, lá padeceu de um arreliador problema de saúde, que o forçou a ficar no hotel, conforme posteriormente me foi dito pelo próprio presidente Amândio Murta. O que impediu a aprovação da candidatura referente ao Centro histórico de Tomar, que simplesmente não teve quem a defendesse, dado que o presidente da câmara não dominava de forma capaz nenhuma das línguas de trabalho da UNESCO (Inglês, Francês, Árabe) e estava sozinho.


Ao contrário daquilo que nessa altura esperava, após três dias e três noites de intenso labor na então Gráfica de Tomar, com a inestimável colaboração do Carlos Alves, já falecido, e do António Maria, felizmente ainda vivo e que aqui faço questão de lembrar, porque sem o esforço deles nada teria sido possível, o autor destas linhas nem sequer foi convidado para acompanhar a delegação tomarense a Friburgo. Hábitos tomarenses. E provavelmente, já então por ser algo agreste. Perdeu a cidade. Cujo Centro histórico já podia ser e bem merece ser Património da Humanidade, tal como o Convento de Cristo.
Sei portanto o que é e como se faz uma candidatura a apresentar à UNESCO, solicitando a inscrição na lista do Património da Humanidade, simplificadamente Património Mundial. Quer agrade ou não, em Tomar só eu tenho esse privilégio que é, como referia Camões "um saber de experiência feito".
Não sendo demasiado complexa, a candidatura a Património Mundial tão pouco é coisa fácil. Que o digam o Câmara de  Santarém ou a de Marvão, que gastaram cada uma centenas de milhares de euros dos contribuintes com grupos de trabalho, e nada conseguiram. Porque, nestas questões de candidaturas internacionais, a basófia, o gargarejo e o fraseado oco não contam, nem agradam. Há que mostrar substância, capacidade, perseverança, organização e desembaraço. Saber estar à altura das situações. Coisa que não se aprende senão numa escola -a da Vida. Idealmente após ter passado por uma Universidade reconhecida.
Concluindo: 
Pode-se candidatar a Festa dos Tabuleiros a Património Mundial vivo da UNESCO? 
-Pode-se e deve-se. Mas... 
Há hipóteses de obter a aprovação da UNESCO? 
-Há. Muitas. Mas...

anfrarebelo@gmail.com

Sem comentários:

Enviar um comentário