quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Que devir para a Várzea grande?

Fiel ao seu método de recolher opiniões para posterior elaboração do seu programa eleitoral, a CDU Tomar organizou uma tertúlia sobre a requalificação da Várzea grande e já anunciou que haverá várias outras oportunamente. Só posso aplaudir, numa terra onde ouvir a população nunca foi a principal preocupação das formações políticas. Para quê perder tempo, se já sabem a música toda, pensam os seus dirigentes,
Apesar de convidado, não estive presente, por manifesta impossibilidade prática, o que me levou a escrever e publicar, antes da realização do evento, conforme pode ser lido aqui.
Abordo agora parte  do que se passou na citada tertúlia, tendo por base o relato dela feito pelo Cidade de Tomar. Antes de mais, o que continua a espantar-me em Tomar é o à vontade de cidadãos respeitáveis para discorrer sobre matérias que manifestamente não dominam de modo algum. Não cito nomes, pois não se trata de arranjar inimizades, ou de tentar prejudicar quem quer que seja. Apenas de procurar clarear a matéria e assim evitar, na medida do possível, a repetição de certas coisas, que não menciono aqui, por pensar que sou educado. Embora agreste, é claro, pois tenho a desdita de ter nascido e viver numa terra que adoro, mas onde de facto não se pode urinar a direito, sob pena de imediata e quase geral  condenação, por manifesta falta de conformismo, que os tomarenses infelizmente confundem com educação e boas maneiras. Adiante, que se faz tarde.

Foto Tomar na rede

Houve por exemplo nesse encontro-tertúlia quem avançasse, de forma categórica, que a Várzea grande nunca poderá ser um local para a recepção de turistas. "De todo", foi mesmo a expressão usada. Não sei em que se terá baseado o honrado cidadão autor da ideia, que à primeira vista me parece perceber tanto de turismo industrial quanto eu de arquitectura caldaica. Isto porque, nessa como em qualquer outra matéria, a realidade é o que é e os factos são indesmentíveis. Eis alguns com interesse para este assunto.
De acordo com dados oficiais, em 2015 visitaram Portugal cerca de  17 milhões de turistas estrangeiros, dos quais vieram ao Convento de Cristo 250 mil (supondo que eram todos estrangeiros, para maior facilidade expositiva, porém sabendo bem que não é o caso, sendo no entanto indesmentível que os portugueses também usam automóvel, tal com os visitantes estrangeiros), o que corresponde a apenas 1,47% do total. Apesar disso, em Julho e Agosto, já houve por lá, o que é habitual todos os verões, salganhadas tais que dariam um filme de grande audiência, caso houvesse quem o fizesse. Tudo por causa da gritante falta de estacionamento (60 lugares para automóveis e apenas seis (!!!) para autocarros).
Uma vez que o governo português não teve nem podia ter qualquer influência no incremento desse turismo estrangeiro, conforme já antes aqui referi, dentro de alguns anos, quando à revelia da vontade dos tomarenses, aumentar significativamente a percentagem de turistas portugueses e estrangeiros que visitam Tomar, digamos para 3 ou mesmo 5% do total, o equivalente a 850 mil, se considerarmos os dados do ano passado, como vamos poder recebê-los? Onde vão poder estacionar? Como vão poder deslocar-se até ao Convento, em cujas proximidades manifestamente não há lugar para tanta gente, nem coisa que se pareça? Instalamos estacionamentos em torre, lá em cima e na Praça da República? Colocamos cancelas em cada entrada da cidade, de forma a que só entre quem nós queiramos e na estrita medida das nossas tacanhas capacidades?
São tudo perguntas a exigir respostas atempadas e adequadas aos tempos que correm. Porque, uma de duas: Num mundo em constante e cada vez mais acelerada mudança, ou lideramos as transformações indispensáveis, ou continuamos a reboque dos acontecimentos e ficamos cada vez mais para trás, o que não é nada bom, como já está à vista de quem saiba e queira ver. Não há terceira via. 

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