sábado, 24 de setembro de 2016

Sobre o contentor da Levada

Rui Lopes
Veterinário, tomarense, residente no concelho

De antemão ressalvo o facto de nunca ter pertencido à Banda Nabantina, uma das bandeiras da cidade, que comemorou recentemente, entre outras coisas com um concerto, o seu 142º aniversário, anunciado com pompa e circunstância no site do município, como sempre deveria ser.
Foi assim que no passado dia 18, num passeio vespertino com a família pela Levada, nos deparámos com a actuação daquela banda filarmónica tomarense, no moderno palco, construído mesmo em cima do espelho de água do Nabão. (Ver foto) Tentámos encontrar um metro de muro livre para acompanhar o desempenho da dita banda, tarefa que não se revelou difícil, uma vez que o número de espectadores era residual. (Ver foto)




Rapidamente percebi porquê. Era uma tarde quente de Setembro, com temperaturas à hora da actuação bem acima dos 30ºC, o que logo à partida era pouco convidativo. Ainda por cima, estar ali de pé, à torreira do sol... Mesmo assim, ainda resistimos ao primeiro arranjo musical. Ao segundo, o mau cheiro proveniente do lixo dos ecopontos, ali mesmo ao lado e na altura a transbordar, tornou a nossa tarefa ainda mais difícil.
Por isso, ao terceiro arranjo, e num momento em que o som proveniente de camiões e motorizadas que passavam mesmo atrás de nós, se sobrepunha ao que emanava do contentor onde a banda estava escondida, decidimos abandonar o local.
Fomos em direcção ao jardim da Várzea pequena, onde as temperaturas, os bancos de jardim e a tranquilidade eram bem mais adequados para um calmo passeio dominical. E, coincidência ou talvez não, é precisamente ali que "mora" há 119 anos um dos coretos mais bonitos do país... (Ver foto)


Não sei quem terá sido o responsável pela infeliz escolha do local para a actuação da banda. Depressa porém concluí que o moderno e arrojado contentor é um autêntico atentado sensorial. Visualmente, esconde quem lá actua quase por completo. Em termos acústicos, está ao lado de uma rua que faz parte da estrada nacional 110, com intenso trânsito vindo de oeste. Pituitariamente falando, o pivete dos ecopontos não ajuda nada à festa. Por último, mas ainda mais importante, sente-se que vieram uma vez mais ao bolso do contribuinte, para uma obra cuja utilidade custa muito a engolir!

O título é de Tomar a dianteira
anfrarebelo@gmail.com

3 comentários:

  1. Só pode ser Alzheimer galopante. Esqueceram-se mesmo de "um dos coretos mais bonitos do país". Ali está tudo em conformidade com um concerto à maneira
    Bem observado.

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