segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Esclarecimento oportuno

Já aqui o disse. Porém, dadas as circunstâncias, parece-me muito oportuno repetir. Tomar a dianteira 3 existe com apenas dois objectivos: 1 - Permitir-me desabafar, como terapêutica para o meu mal da alma, quando por aqui estou; 2 - Para memória futura, de forma a que daqui por uns anos ninguém possa dizer, respeitando a verdade, que não houve alertas antes e durante o desastre.
Quanto a eventuais mudanças provocadas pelo que aqui escrevo, já perdi essa esperança há muitos anos. Quando ainda colaborava regularmente nos semanários locais. A dada altura dos anos 80 do século passado, abandonei a meio o meu mandato de deputado municipal eleito na lista do PS. Concluí então, e mantenho, que nem as pessoas nem as urbes conseguem mudar o seu ADN. Um exemplo?




Um produto típico do conhecido binómio nabantino burocracia/incompetência. Mais de sete milhões de euros e dez anos de charada administrativa por umas dezenas de lugares de estacionamento, com saída por uma ruela sem condições de segurança para peões e com um acesso perigoso à Estrada do Convento,  uma hipotética cafetaria que nunca funcionou e um ascensor que ninguém usa. Lindo serviço, sim senhor! Mas os contribuintes aguentam tudo.

E vamos lá então a outro exemplo. O ano passado dirigi-me aos competentes serviços camarários para conseguir um lugar de estacionamento anual no parque junto aos Paços do Concelho, procurando beneficiar do desconto concedido aos moradores na cidade antiga. Chegada a minha vez, a funcionária -que até me conhece bem- pediu-me os documentos do carro e, logo a seguir, perguntou se eu não tinha um documento que provasse a minha residência na antes referida área urbana. 
Respondi-lhe que o próprio documento único automóvel, que ela tinha em mãos, indicava sem lugar para dúvidas "Proprietário: António Francisco Rebelo; Morada: R. Dª Aurora de Macedo..." Que não senhor, não era suficiente. E mandou-me para outra colega dos SMAS, para aí obter uma cópia do recibo da água.
Como o leitor bem sabe, tem tudo a ver o recibo da água e o automóvel.
Mas as exigências do voraz monstro burocrático municipal não se ficaram por ali. Obtida a cópia do consumo de água como prova de residência, foi-me solicitada a carta de condução. Que não mostrei porque nunca tive nem tenho. Surpreendida, a funcionária interrogou, em tom policial: -Então quem é que conduz o carro?!
Evitando ser agreste, disse que dependia das circunstâncias, acrescentando que de qualquer forma isso não é da conta da autarquia. uma vez que estava procurando arrendar um lugar para o carro e não para o condutor. Perante o que a dita funcionária telefonou não sei para quem e, após curta conversa, lá me resolveram o problema.
Agora pergunto eu, procurando ser pachorrento: Tudo isto para a ninharia de um lugar de estacionamento anual, que nem é nada barato. E se fosse um projecto complexo, assim tipo empreendimento criador de dezenas de empregos?
E depois fingem-se surpreendidos ao constatar que a cidade e o concelho vão definhando, definhando, definhando. Minados por dois cancros evidentes, geralmente sempre a par, porque o primeiro serve sobretudo para tentar encobrir o segundo: BUROCRACIA e INCOMPETÊNCIA.
Pobre terra! Triste gente!

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