quarta-feira, 27 de julho de 2016

Crónica estival 8

Uma mulher faz sempre muita falta...

Pois é verdade e mais uma vez se constata: Uma mulher faz sempre muita falta. Basta reparar na foto abaixo.


A política local e sobretudo a gestão autárquica estão como se sabe. A pasmaceira de sempre. Com tendência para piorar. É tanto assim que quando ia a escrever "VÃO como se sabe", logo emendei para "ESTÃO como se sabe", pois é óbvio que isto nem ata nem desata. Não anda para a frente nem para trás. Está, simplesmente. Infelizmente. Desgraçadamente.
Mas alegrem-se eleitores tomarenses! Temos uma senhora na presidência! E uma mulher faz sempre muita falta. Porque assim é,  agora passamos a poder contemplar vistosas flores nas varandas dos Paços do Concelho e no edifício dos SMAS. Aplaudo sim senhora! Fica bem mais bonito.
Assalta-me porém, uma dúvida atroz: Será que as aqui e agora aplaudidas flores vão ter a mesma triste sorte das floreiras da Corredoura, do padrão da Várzea Grande ou da relva do Mouchão, vitimados pela falta de água e de cuidados? Quero crer que, caso tal venha a suceder, o vereador da CDU não deixará de clamar "De pé ó vítimas da sede!!!" Ao que a bancada PSD acrescentará que dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, são preceitos católicos. Ocasião que Pedro Marques não deixará de aproveitar para murmurar a sua habitual litania -"No meu tempo não era nada disto!"

terça-feira, 26 de julho de 2016

Crónica estival 7

Gestão partilhada do Convento de Cristo?

A senhora presidente da câmara de Tomar manifestou recentemente, na presença do senhor ministro da cultura e no próprio monumento, o desejo de que a futura gestão do Convento de Cristo venha a ser partilhada entre o IGESPAR e a câmara de Tomar. Foi uma surpresa na cidade, pois praticamente ninguém reconhece a autarquia como boa gestora. Nem lhe credita qualquer competência para vir a gerir um monumento Património da Humanidade desde 1992.
É minha convicção que o súbito empenho da autarquia em conseguir aquilo que já lhe foi oferecido e que então recusou em 1993, aquando da transferência da Fazenda Pública para o então IPPC, assenta exclusivamente nas mais de 200 mil entradas anuais a 6 euros cada. Um milhão e duzentos mil euros assim de bandeja, seriam como água fresca no deserto orçamental nabantino.
Estou enganado? Pois então que o demonstrem. Cheguem-se à frente. Dêem a cara. Reclamem. Mostrem planos capazes para aquele tão maltratado conjunto monumental. Entretanto, não seria má ideia fazer chegar ao senhor ministro uma lista de mazelas de resolução pouco complicada e que só nos envergonham como comunidade:
1 - A iluminação da Torre de Menagem não funciona há mais de 6 meses. À noite o castelo templário não tem cabeça.
2 - Nenhuma das várias instalações sanitárias existentes dentro e fora do monumento permite o acesso de cadeiras de rodas, em desconformidade com as normas europeias que a todos obrigam.
3 - O estacionamento existente é manifestamente insuficiente durante os meses de verão.
4 - O horário do monumento não é o mais adequado aos tempos que correm. Fecha às 6 da tarde em pleno Verão, quando ainda há sol às 9 da noite. Abre às 9 quando às 7 da manhã já o sol vai alto. A título de exemplo, o museu do Vaticano abre às 8 da manhã...
5 - As instalações sanitárias do parque da Cerrada dos Cães são públicas. Não é por isso aceitável que o actual concessionário da cafetaria as tenha privatizado de facto, fazendo depender o respectivo acesso de prévia despesa.
6 - O actual acesso ao Convento é um verdadeiro atentado ao bom senso. Não permite o acesso em cadeira de rodas, nem a pessoas obesas.
7 - Não existe sinalização adequada para os visitantes que prefiram ir a pé da cidade para o Convento, e vice-versa.
8 - Visitar o Convento sem o acompanhamento de um guia competente, é assim mais ou menos como assistir a um bom filme russo sem dobragem nem legendas. Mas só há visitas guiadas mediante requerimento prévio...
9 - A limpeza do antigo Chouso conventual, mais tarde campo de jogos do seminário, já conheceu melhores dias. Em caso de incêndio, a Mata dos 7 Montes é mesmo ao lado...
10 - A Festa Templária teve pelo menos um mérito: durante a sua preparação e realização a porta junto à Torre da Condessa, que permite passar do castelo para a mata e vice-versa, esteve sempre aberta. Desde então está de novo fechada. Porquê?
Andamos todos fartos de conversa. E até já os antigos latinos diziam RES NON VERBA. Actos, chega de palavras, senhora presidente.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Crónica estival 6

O senhor de Lapalisse não diria melhor, mas ainda assim convém lembrar: Para resolver um problema, primeiro é preciso conhecê-lo bem. Sobre o estranho caso ParqT, houve uma alteração positiva nestas últimas semanas, a qual consistiu em transferir para a banca a dívida camarária de alguns milhões de euros, como forma de conseguir juros bastante mais baratos. Vai daí, um articulista local, abrigado no conveniente mas odiento anonimato, insurge-se contra o facto de tal transferência não ter sido feita antes, bastante antes. E barafusta contra a propaganda camarária a esse propósito.
Julgo que terá alguma razão, estando porém totalmente equivocado. Se voluntariamente ou não, é o que convirá esclarecer a seu tempo, como questão conexa. 
No meu tosco entendimento, se houve atraso na resolução do débito com condições mais confortáveis, o que é naturalmente condenável e pode configurar até um caso de gestão danosa, ACRESCE que não é esse o âmago da questão. Pelo que, empolar esse aspecto só pode contribuir para distrair a opinião pública da questão essencial: O que levou à ruptura do acordo entre a autarquia e a ParqT, livremente subscrito por ambas as partes?
Segundo julgo saber, foi o facto de António Paiva não ter respeitado uma das cláusulas dele constantes, nos termos da qual a câmara se abstinha de construir, mandar construir ou explorar qualquer outro parque de estacionamento na área urbana. Devido a tal atitude nunca explicada até agora, uma vez terminado o parque junto ao destruído estádio, triste obra do mesmo António Paiva, a ParqT defendeu os seus interesses. Recorreu aos tribunais.
Seguiram-se então episódios que me abstenho de mencionar,  ou qualificar, até mais ampla informação factual, que culminaram numa decisão arbitral obrigando a câmara a pagar à ParqT a soma total de 6 milhões de euros. Porquê, com que base ou bases, 6 milhões de euros? Qual o custo real final do parque junto aos Paços do Concelho? Quem aceitou ir para tribunal arbitral? Quem escolheu e nomeou a juiz que representou a autarquia? Com que objectivos? O que levou Paiva a romper deliberadamente o convénio que pouco antes celebrara livremente com a ParqT, em nome do município? Que movimentos bancários terá havido? Quem beneficiou?
Julgo que ninguém sabe na totalidade. E os que sabem de alguns detalhes continuam mudos como rochas. Até as sucessivas sucessoras de Paiva têm insistido até ao ridículo em manter um segredo que só actos condenáveis podem justificar. Mas é isto que, tarde ou cedo, vai ter de ser apurado. Porque é demasiado estranho, demasiado grave e demasiado pesado para as finanças municipais, que o mesmo é dizer para os bolsos de todos nós contribuintes.
Confirma-se portanto: Pela boca morre o peixe. A que se poderá aditar um outro anexim, igualmente bem conhecido: Quem escreve o que quer, arrisca-se a ler o que não gosta. É a vida! exclamaria o Guterres.
Entretanto vou continuar aguardando que, ao abrigo do disposto na lei do direito à informação, a autarquia tomarense me comunique onde e quando poderei consultar livremente o chamado "processo ParqT". É também para isso que pago impostos.

domingo, 24 de julho de 2016

Crónica estival 5

As contas das festas

Noticia o sempre bem informado Tomar na rede que, passado um ano, ainda não se conhecem as contas da última edição da Festa dos Tabuleiros. Agora imagine-se o tempo que vamos ter de aguardar para conhecer as contas da recente Festa Templária. Se alguma vez vierem a ser publicadas. Porque as coisas são o que são. A contabilidade criativa, como a própria designação indica, leva o seu tempo de gestação...
De forma mais clara: Vá-se lá saber porquê, desde sempre que os organizadores das festas urbanas tomarenses procuram esconder o óbvio -que elas são pagas por todos os contribuintes, via orçamento do Estado. Para manter tal segredo, do tipo gato escondido com o rabo de fora,desenvolvem esforços prodigiosos na área da contabilidade e da comunicação. Omitem grande parte das despesas, conseguindo assim transformar prejuízos evidentes em saldos positivos confortáveis.
No caso da Festa dos Tabuleiros, entre outros itens, nunca são mencionados nas respectivas contas finais o uso de meios da autarquia (veículos, combustível, pessoal, energia, terrados, transferências para as juntas, cedência de locais, cadeiras, palcos, sonoplastia...), o que permite depois apresentar contas com um pequeno fundo de maneio..
Até a família Azinhais Nabeiro, dos cafés Delta, que são o motor da economia de Campo Maior há mais de 40 anos, e por isso mesmo financiadores de todas as actividades de animação a nível local, já perceberam o óbvio: numa sociedade capitalista, tudo é pago; ou directamente por quem beneficia (os espectadores, por exemplo), ou indirectamente por todos os contribuintes de IVA, IRS, IRC ou IMI. É por isso que doravante a Festa da Flor que consiste na ornamentação das ruas, tal como na nossa festa, terá entradas pagas.
Outro tanto sucede em Óbidos, onde foram beber os honrados organizadores da tomarense Festa Templária, que todavia não perceberam ou perceberam mal o que viram e/ou lhes explicaram. Lá, há uma Feira Medieval, em recinto fechado, com animação a condizer e entradas pagas. Dura perto de um mês. Aqui fizeram uma palhaçada dita templária, sem entradas pagas. Com uma espécie de feira aciganada, dita medieval,  a título de animação, que durou um fim de semana. E degradou ainda mais o já bem castigado Mouchão. Mas houve jantarada dita real no refeitório do Convento. Os contribuintes pagam tudo, porque não têm outro remédio. Mas continuo convencido de que virá o dia em que... 
Afinal o salazarismo também durou quase meio século, até que, numa manhã radiosa de Abril, o até aí impensável aconteceu mesmo. Haja esperança! Porque os piores cegos são aqueles que têm olhos mas não querem ver.

sábado, 23 de julho de 2016

Crónica estival 4

O caso spotlight e o caso ParqT

Bom filme na passada quinta-feira, na piscina. Boa iniciativa do Cine-clube de Tomar, esta do cinema ao ar livre a um euro. É à quarta-feira, às 21H30. Aproveite!
O filme, premiado com o oscar de melhor filme do ano, tem por título "O caso spotlight". Mostra o grande jornalismo de investigação nos USA, com a mesma qualidade e eficácia daquele que permitiu derrubar o presidente Nixon, após o escândalo Watergate. Onde isso já vai!
Desta vez tratava-se de investigar e denunciar o escândalo da pedofilia de padres católicos, nos Estados Unidos e alhures, dado que, como se sabe, "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos. Tudo geralmente abafado na medida do possível pela hierarquia episcopal e cardinalícia...
Por falar em jornalismo de investigação, convirá registar ser coisa que praticamente não existe em Portugal. E nas pequenas cidades, como Tomar, não há meios humanos, não há recursos materiais, não há vontade, nem há coragem cívica para tanto.
Armado em D. Quixote, há anos que tento conseguir acesso ao processo ParqT. Pois apesar de existir uma lei que garante o direito à informação (46/2007) e portanto o acesso a todos os documentos administrativos que não sejam classificados, continuo no aguarda, como se diz na outra margem atlãntica. (ver documentos reproduzidos abaixo).
O que será que as sucessivas gerências autárquicas procuram esconder? Agora que, à primeira vista, já resolveram tão espinhoso assunto, graças aos esforços do vereador da CDU, vai ser finalmente possível consultar o referido processo? A minha curiosidade é muita. E as minhas dúvidas bem grandes.Tão grandes como a dívida à ParqT. E não tenciono desistir.




terça-feira, 19 de julho de 2016

Crónica estival 3

Já foi um belo jardim. Quando pertencia e era tratado pela então messe de oficiais. Agora, propriedade camarária, de todos nós afinal, está assim. Uma espécie de terreno vago num remoto arrabalde. A poucos metros do Museu dos fósforos, da estação e do Palácio da Justiça. É uma bela imagem que oferecemos aos turistas, não é mesmo?

 Na outrora bem cuidada Várzea Grande, frente ao Palácio da Justiça e no caminho de quem chega a Tomar pelos transportes públicos, temos este padrão, cuja base está tipo terreno baldio abandonado. O dito padrão comemora uma decisão da justiça do século VVII (17, para quem não saiba ler escrita romana), confirmando que a Várzea Grande pertence ao povo da cidade, naturalmente representado pelos seus eleitos autárquicos. Como se vê, valeu bem a pena...

Praticamente pau para toda a obra, a desgraçada da relva do Mouchão, que já foi a sala de visitas da cidade e era o orgulho dos tomarenses, está esta miséria.

O Paiva, que era meteco, achou por bem destruir o sistema de rega com origem na roda. Que era gratuito e não poluente. Foi substituído pela modernaça rega por aspersão. O pior é que agora a autarquia não tem dinheiro nem para mandar cantar um cego, quanto mais para assegurar a respectiva manutenção.

Entregue durante algum tempo a uma empresa privada, a manutenção do Mouchão parece estar agora entregue aos bichos e ao acaso. Este recanto, com lixo e arbustos, mostra que desde há meses nada ali é feito. Uma vergonha para todos.


As fotos acima mostram, sem lugar a dúvidas, a triste situação a que se chegou em Tomar. Com eleições no próximo ano, temos uma curiosa equipa autárquica. O que faz, faz geralmente bem. Só que, infelizmente, faz pouco. Quase nada. Longe, muito longe do mínimo olímpico aceitável. O que nos trouxe à situação miserável em que nos encontramos. Não conseguem estancar a hemorragia populacional, não conseguem atrair investimento, não conseguem reduzir a despesa corrente, não têm projectos feitos nem por fazer, não têm ideias próprias originais. Nem sequer conseguem assegurar uma gestão corrente minimamente aceitável. Parece que o fato que vestiram ao vencer as eleições de 2014, não lhes assenta, porque demasiado grande. A ser assim, como tudo indica, se calhar era melhor para todos despi-lo, pegar nos fatos de banho e procurar praias tranquilas. Se forem teimosos, vão caindo no descrédito. E pior ainda: no ridículo.
Anda por aí um camião municipal de recolha do lixo, no qual se pode ler, de ambos os lados, "Tomar cidade jardim". Olhando para as fotos supra, está-se mesmo a ver, não está?

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Crónica estival 2

Nota prévia
Se gosta de boa prosa e de quem denuncia evidentes e cada vez mais graves mazelas locais, logo que possa clique aqui  É do melhor que ainda se escreve a nível local.

Esclarecimento

Quem leu o meu texto anterior poderá ter pensado que coloquei no mesmo plano a Festa dos Tabuleiros e a Festa Templária. Assim é na verdade, porém só no que concerne ao respectivo financiamento, que infelizmente tem origem comum: a contribuição forçada de todos os que pagamos impostos, via orçamento de Estado. Quanto ao resto, tudo as separa.
Os Tabuleiros, a também designada Festa grande, é uma manifestação antiga. Tem uma tradição de séculos e está muito fortemente enraizada na população urbana e concelhia. Pode até dizer-se, sem exagero, que faz parte da alma tomarense. Infelizmente, o seu modelo organizativo deixou de ser o mais adequado aos tempos difíceis que correm, no que se refere à geração de recursos financeiros. O que constitui também um obstáculo de monta no caminho da candidatura que culminará, estou certo disso, na atribuição pela UNESCO ao cortejo de todos nós da dignidade de Património da Humanidade. Objectivo nada fácil, como poderão testemunhar Santarém e Marvão, por exemplo, que gastaram em vão avultadas somas com esse fito. Mas no que concerne aos tabuleiros tomarenses há solução e bem simples.
Outra coisa totalmente diferente é a Festa dita templária, que de festa pouco ou nada tem. Trata-se de uma coisa moderna, portanto sem qualquer tradição. Poderá ter tido alguma utilidade na área da captação de turistas enquanto se realizou em Maio, fora da época alta. Deixou de se justificar ao fazer-se em Julho. Em vez de atrair visitantes, aproveitou-se dos que já cá estavam, vindos com outros objectivos. E com apenas dois milhares de pessoas (estou a ser generoso) a assistir ao inventado combate entre o Almansor e o Gualdim, mais centena e meia e encher o bandulho na jantarada do refeitório conventual, é meu entendimento que nunca conseguirão os organizadores ir longe. Seja qual for o modelo organizativo, dependerão sempre da usual e errada disponibilidade do orçamento de Estado, da Cãmara, do Politécnico e dos senhores de Bruxelas. Ou estarei a ver mal, com o espírito toldado pelo álcool que não bebo?
Acresce que seria criminoso repetir o que este ano fizeram do e no Mouchão durante a citada "festa".
Ao que anunciaram, era uma "feira medieval". E nesse ponto acertaram em cheio. As condições higiénicas eram mesmo as desse tempo, com instalações sanitárias apenas na estalagem e no campo de jogos. Quanto à segurança, caso tivesse havido qualquer imprevisto, teria sido o caos. Na rua dos plátanos, por exemplo, era impossível o trânsito de qualquer veículo, ou mesmo o normal escoamento de pessoas.
Organizações à moda de Tomar. Uma pobre terra, cada vez mais longe de tudo e de todos. Mas isto é apenas mais um desabafo, que a esperança em dias melhores é cada vez menos...

domingo, 17 de julho de 2016

Crónica estival

 

É o verão, o calor, as férias, a sede... e pensar já cansa tanto em época normal, quanto mais agora, que é tempo de sorna e de cerveja ou tintol. Questão de idade. Estas linhas não pretendem convencer (e ainda menos converter) ninguém. Trata-se apenas de uma questão de higiene mental. Tenho necessidade de ir despejando a cabeça periodicamente. Isso mesmo: porque padeço de uma forma branda de logorreia. Escrito isto, aos factos.
Aqui pela terreola, as matérias a noticiar são tão raras que até o laborioso e honesto Gaio, do Tomar na rede, se viu forçado a noticiar um facto que praticamente só interessa aos próprios: "Bispo nomeia novos padres e diáconos". E este título, a bem dizer, até está errado. O bispo apenas colocou ou afectou padres e diáconos que já antes o eram e que por isso não precisavam de ser de novo nomeados...
Em tal deserto de eventos noticiáveis, se descontarmos as festarolas de aldeia, é imperativo continuar a ler jornais, tentando assim evitar o embrutecimento precoce, se ainda não for demasiado tarde. Na revista do Expresso desta semana, a sempre arguta e corajosa Clara Ferreira Alves continua cortando a direito: "O sector público é o sector que ninguém quer, ousa ou pretende reformular e redimensionar e que suga os ganhos de um contribuinte com rendimentos modestos. Rendimentos de pobreza são taxados a 14,5%".
Pois é. E são estes fundos sugados aos contribuintes -mesmo aos mais modestos- que vão depois, via orçamento de Estado ou da Câmara, alimentar os conhecidos sucessos locais, dos quais cumpre destacar a Festa dos Tabuleiros e a Festa Templária. Com os nefastos resultados reais que todos conhecemos.
Em tempos idos e de má memoria, dizia-se que a agricultura em Portugal (na época ainda artesanal), era a arte de empobrecer alegremente. Meio século volvido, perante os resultados que estão à vista de quem os saiba e queira ver, é legítimo concluir que em Tomar, organizar grandes festas é a arte de empobrecer e arruinar a cidade e o concelho inconscientemente. 
Como bem escreve Clara Ferreira Alves no texto antes citado, "A reforma do Estado foi um arremedo. Nas clientelas ninguém mexe." Portanto, vivam as festas tomarenses, que são todas estrondosos sucessos. E vivam as 35 horas na função pública. Conforme dizia uma amigo meu ali da zona de Évora, "Há vidas mais baratas, mas não são tão boas!".
Bons almoços, boas sestas e bons banhos para todos. Para caminhadas está muito calor. E para pensar então...

sábado, 16 de julho de 2016

Sinais contraditórios

Parece-me ser ponto assente que de há anos a esta parte Tomar se acha em regime de morte lenta mas inexorável, se nada for feito entretanto para mudar de rumo. Prova disso é a assustadora redução da sua população, bem como o crescente aumento dos migrantes -aqueles que aqui continuam habitando e aqui votam, mas são forçados a ir ganhar o seu pão noutras terras, mais sábias no domínio da criação de emprego produtivo.
Parece-me ser também ponto assente que os responsáveis por tão lamentável estado de coisas são os inadequados e ultrapassados eleitos que temos tido e temos. Todos nós afinal, pois somos nós que os escolhemos pelo voto.
Numa situação tão angustiante para aqueles que conseguem entendê-la, coisa que está infelizmente ao alcance de bem pouca gente, surgem sinais contraditórios. Comecemos pelos positivos. Ao cabo de 42 anos de democracia quase plena, dois grupos de empresários tomarenses começam  agora a dar sinais de vida. Têm-se se reunido e um deles até publica no Templário desta semana um texto bem encorajador:


Assumem-se como tal, o que já não é nada pouco no actual contexto nabantino. E dizem ao que vêm: querem intervir no sentido de conseguir uma gestão autárquica mais favorável de facto (e não só ao nível do blá-blá-blá) à iniciativa privada, de longe a principal criadora de riqueza em qualquer zona de qualquer país.
Não é pouca coisa. E merece todo o apoio dos tomarenses que realmente amam a sua terra e desejam um futuro risonho para ela. AQUI OS APLAUDO, sem almejar qualquer futuro dividendo, político ou outro.
Os sinais negativos são lamentavelmente bem mais abundantes. Dos pilaretes a esmo  àquela tristeza dos Lagares da Levada (que como previ há muito não passam de mais um sorvedoiro de dinheiro), e do trânsito errado de autocarros de turismo no Estrada do Convento à Festa Templária, é só escolher. E agora temos mais um sonho quimérico da actual gerência camarista. Não se sabe com que fundamentos nem com que objectivos, a presidente da autarquia declarou, perante o ministro da cultura, que a câmara de Tomar pretende a cogestão do Convento de Cristo. Espanta mas é verdade. E espanta porque não consta que a autarquia tenha algum projecto, ou sequer alguma experiência ou técnicos realmente credenciados, na área da gestão de património turístico.  
Espanta também e sobretudo porque é sabido que os autocarros de turismo não podem descer a Estrada do Convento, o que muito prejudica o comercio local, desde o erro monumental cometido por quem projectou e mandou executar as obras do tempo do engenheiro Paiva.
Pois apesar de a solução ser simples e quase sem custos (basta inverter o actual sentido do trãnsito para autocarros, obrigando-os a descer a Estrada do Convento e portanto a atravessar a cidade, com muito mais hipóteses de paragem), a muito competente autarquia ainda não teve tempo para implementar essa decisão.
E querem cogerir o Convento? Com que experiência? Com que projecto? Com que recursos humanos? Para quê? Apenas para sacarem mais uns milhões ao orçamento do Estado? Para lá colocarem mais uns protegidos locais?
Sejam modestos. Sejam realistas. Deixem-se de fantasias pseudo-socialistas. Comecem finalmente a trabalhar proficuamente em prol da comunidade tomarense. TENHAM VERGONHA NA CARA!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O triunfo da selecção e as vitórias tomarenses

É um dia de júbilo e de exaltação patriótica. Pudera! Finalmente o futebol português lá conseguiu "matar o borrego", vencendo uma competição europeia. Conseguiu-o graças aos jogadores, claro está, mas também e sobretudo mercê da tenacidade do seleccionador Fernando Santos. Que foi claro desde o início: Estou aqui para vencer; não para mostrar futebol bonito ou para agradar aos comentadores. A estrondosa vitória, conseguida por uma equipa sem Ronaldo, vítima da codícia gaulesa, mostra que foi franco e tinha um objectivo claro desde o início.
Engenheiro além de seleccionador nacional, Fernando Santos sabe bem que na vida o que conta são os resultados, cumprindo sempre os regulamentos. Com engenho, arte e beleza se possível. Apenas com acertada eficácia no pior dos cenários, de que esta vitória que a todos orgulha é um excelente exemplo. Parabéns jogadores! Bem-haja Fernando Santos!
Também neste fim de semana, decorreu em Tomar mais uma daquelas festas grandes de que os tomarenses têm o segredo. Desta vez tratou-se da pomposamente designada "Festa Templária". Nem mais nem menos! Como sempre sucede, foi também um êxito clamoroso e retumbante, porém com um pequeno detalhe que incomoda algumas almas mais sensíveis, como por exemplo este vosso escriba, sempre demasiado agreste porque com mau feitio congénito.
Refiro-me à questão da prévia definição de objectivos. Noutros termos: A selecção foi para França jogar futebol, com dois objectivos -defrontar os adversários e vencer sempre que possível. Quais eram os objectivos da Festa Templária? Julgo que ninguém sabe. Apesar de organizada pela ADIRN, a TEMPLANIMA, o Politécnico, a Câmara, o Convento de Cristo e por aí fora, (tudo entidades que vivem exclusivamente ou quase à custa dos contribuintes, via orçamento de Estado), não consta que alguma vez alguém ligado à direcção do evento tenha enunciado publicamente quais os objectivos visados e como consegui-los. Seguindo o excelente exemplo do seleccionador Fernando Santos. 
Terminada mais uma edição da Festa, aí temos o resultado. Bastante gente, alguns erros irreparáveis, como por exemplo o abate dos seis freixos saudáveis e centenários  junto à Porta da Almedina, bons negócios para hotéis, restaurantes e cafés, um orçamento opaco com alguma contabilidade criativa, uma despesa total de centenas de milhares de euros sem retorno. 
Mas tudo bem. Promoveu-se a cidade, dirão eles. E afinal a população local só regista uma perda de 3 mil habitantes nos últimos 10 anos. Porque será?
E apesar de consumir obrigatoriamente a mesma água dos lisboetas, por não haver outra, a verdade é que a pago pelo dobro do preço. Porque será?
Haverá alguma relação com os estrondosos êxitos da Festa dos Tabuleiros, da Festa Templária, do Politécnico, da ADIRN e da actual maioria camarária?  Parece-me bem que sim. Infelizmente!
 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Sem querer opor-me às festas...

Ora então muito boa noite! Regressei ontem da outra margem do Atlântico, após dois meses felizes com caminhada diária no calçadão da avenida Beira Mar, em Fortaleza. E nem tencionava sequer regressar à escrita blogueira nos tempos mais próximos. Sucede contudo que o acaso levou a melhor, forçando-me a romper o silêncio prematuramente.
Tenha a bondade de ver com atenção as fotos seguintes, colhidas esta tarde na Cerca, mais conhecida como Mata Nacional dos 7 Montes.










Camelos a comer rama na própria oliveira a que estão presos; acampamento improvisado em local proibido; carros estacionados dentro de uma mata vedada ao trânsito; um jumento imobilizado dentro de um camião de transporte de cavalos, aparentemente sem água nem alimento; árvores centenárias cortadas... tudo em prol da anunciada Festa Templária.
É capaz de ser a última moda em termos de eventos para atrair turistas. Seja como for, confesso que não entendo  tanto improviso, tanta asneira, tudo com a melhor das intenções. Agradecia por isso que alguém me explicasse o que determinou o abate de 5 árvores centenárias situadas a mais de 4 metros da muralha do castelo templário. Terá sido apenas para facilitar eventuais filmagens?