sábado, 9 de abril de 2016

Acabar com o problema dos ciganos tomarenses

Há mais de 40 anos que existe e se vai ampliando aquele vergonhoso acampamento cigano, ali à entrada de Tomar, para quem vem de Lisboa. E há mais de 40 anos também que se sucedem as ciganices, por parte de eleitos não ciganos, que é como quem diz gajos e/ou gajas em calé, o dialecto dos ciganos. As duas mais recentes são a promessa interesseira de Anabela Freitas e a proposta do seu companheiro, o deputado municipal socialista Luís Ferreira. Interligadas, uma resulta afinal da outra e destina-se visivelmente a apalpar terreno.
A actual presidente afiançou, durante a campanha eleitoral que caso vencesse, resolveria de vez a situação dramática dos ciganos tomarenses, acampados há mais de quatro décadas nas margens do Nabão. Venceu. Decorrido mais de meio mandato, veio agora informar a comunidade que afinal não há verbas europeias para tal efeito. O que é falso.
Pouco tempo depois, o eleito socialista Luís Ferreira publicou no seu blogue uma proposta de resolução para o problema cigano nabantino. Segundo esse documento, a autarquia deve providenciar a edificação de um bairro exclusivamente destinado a ciganos, situado nos terrenos anexos à GNR.
Trata-se de uma evidente ilegalidade. Nos termos da legislação portuguesa e europeia, ninguém pode ser discriminado, seja de que forma for. De resto, somos useiros e vezeiros nestas asneiras crassas. Já António Paiva caiu no mesmo erro, agravado pela circunstância de pretender instalar habitação social numa zona industrial, o que também é estritamente proibido. Agora o ex-chefe de gabinete vem com a ideia genial de instalar os ciganos num conjunto vigiado em permanência pela GNR. Ele há cada patusco...
Quanto à nossa simpática presidente, mente ao afirmar que não há verbas, eventualmente sem disso se dar conta. Na verdade, há fundos nacionais e europeus disponíveis para realojar os ciganos e outros casos sociais. Apenas têm os senhores autarcas, assessorados pelos seus adjuntos de confiança, de saber onde e como obtê-las. É pura perda de tempo ir por exemplo a uma farmácia pedir alpista para o canário. Mas foi na prática o que a autarquia fez. Candidatou-se a verbas europeias para instalar um parque para nómadas no concelho, quando afinal os serviços da Comissão europeia, pelo menos de acordo com documentos em francês a que tive acesso, sustentam que os ciganos portugueses já não são nómadas, uma vez que se sedentarizaram há décadas. E não havendo nómadas, a candidatura foi rejeitada. Porque afinal, o dito parque serviria para quê? Para estacionamento durante a festa do tabuleiros, de 4 em 4 anos? Para os campistas fugindo das taxas proibitivas praticadas no parque respectivo? Por favor, deixem-se de brincadeiras com coisas sérias.
Tendo deixado portanto de ser nómadas, ou gente da viagem, os ciganos continuam todavia a ser, infelizmente, casos sociais. E como tal devem ser tratados. É o que tem procurado fazer, sem alardes mas com algum sucesso, o vereador Cristóvão. Duas ou três famílias antes no acampamento do Flecheiro já estão a viver no Bairro 1º de Maio. O problema é que, mesmo mantendo o ritmo actual e sempre com igual êxito, dentro de 20 ou 30 anos ainda teremos acampamento habitado no Flecheiro. É por isso urgente encontrar um solução muito mais rápida e definitiva. Sem ciganices, claro!

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