terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre o momento político local

Concluídas as eleições locais nos partidos que contam -PS e PSD- tudo como dantes, com os mesmos representantes. Mau sinal portanto. Sobretudo quando se pensa um bocadinho e se conclui que, em mais de 40 anos de democracia, os tomarenses ainda não conseguiram eleger uma única vez um presidente da câmara capaz. Houve o Murta, pela AD, que fez umas coisitas, como a iluminação do então estádio ou o Património da humanidade para o Convento. Houve bastante depois o Paiva, que fez muitas obras, a maioria asneiras de todo o tamanho. E pronto. Dos outros é melhor, mais fácil e mais confortável nem falar. Melhor, porque dá menos trabalho. Mais fácil, porque dispensa morosas pesquisas em busca de realizações inexistentes. Mais confortável enfim, porque a cidade é pequena e todos os ex-presidentes nela têm familiares e amigos...
Mais de quarenta anos de erros, portanto. Culpa exclusiva de quem vota "mal" por ignorância? Creio que não. Sobretudo culpa das direcções partidárias, que nunca apresentaram candidatos credíveis. Tiveram receio de vir a ser ultrapassadas, ou até atropeladas e esmagadas. O seguro morreu de velho!  Vai daí, os eleitores são forçados a optar não pelo melhor, mas pelo menos mau dos cavalos presentes na corrida. Por isso, temos agora o executivo municipal e a AM que temos. Tanto na maioria como na oposição. Com a câmara a ser liderada, de facto e à distância, por um eleito que faz parte da Assembleia Municipal. Lindo, não é? E com resultados brilhantes!
Tudo isto porque os nossos aprendizes políticos ainda não se terão dado conta de que os computadores e a Net vieram alterar totalmente e para sempre as regras do jogo. Dantes, bastava afastar alguém. Agora, mesmo exilado à força, qualquer um pode continuar a governar na sombra. Basta para isso dispor de um computador, da respectiva senha de acesso, e controlar o governante titular sem autonomia ideológica.
Daqui decorre, parece-me, que em Outubro de 2017, já ali adiante, corremos fortes riscos de termos direito a mais do mesmo. Sermos forçados a escolher entre vários montes de sucata, quando o lógico seria optar entre peças novas e sem defeitos. Ora sucede que, no meu entender, em termos de sucata, a actual ganha. Por três motivos principais: 1 - O eleitorado tomarense detesta a mudança. Só em último caso. 2 - Os funcionários públicos, no activo ou aposentados, com os respectivos familiares, constituem a maioria do eleitorado concelhio, e já perceberam que o PS é quem melhor os defende. 3 - As sucatas laranja anteriores foram bem piores, como todos sabemos e ainda não esquecemos. Para não falar do governo Passos Coelho e da sua detestada austeridade.
Assim sendo, ou o PSD local arranja maneira de meter o medo no roupeiro e ousa escolher quem melhor o represente, ou já perdeu sem apelo nem agravo possível. E para escolher um candidato credível, desenxovalhado e ganhador, só conheço um método eficaz e inatacável -uma eleição primária, aberta e sem ratoeiras dissimuladas. Sem isso nada feito. A derrota é certa. 

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