sexta-feira, 18 de março de 2016

Até que enfim, mas cuidado!

Li a entrevista de João Tenreiro no Templário desta semana e devo confessar que fiquei agradado. Não pelo teor geral da dita, naturalmente com as banalidades do costume. A política é assim. Sobretudo a nível local voa, mas é sempre muito baixinho. Como o crocodilo da história, praticamente rasteja.
Mas apreciei a coragem do lider laranja ao colocar finalmente o dedo na ferida: Nesta santa terrinha há anos que é turismo para aqui, turismo para ali, mas vai-se a ver e nicles. Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma. Vai daí Tenreiro teve a coragem de dizer o óbvio -criticou a actual maioria por nunca ter mandado elaborar um plano municipal de turismo. Deixou assim implícito que o PSD local vai agir nessa área, o que só pecará por ser tardio.
Caso os social-democratas nabantinos resolvam mesmo dotar-se atempadamente de um plano local de turismo, e se quiserem ter êxito, como é lógico que queiram, vão ter necessidade de agir com cautelas de índio. De boas intenções está o inferno cheio e o turismo é uma área extremamente escorregadia. Quero dizer que tratando-se de uma indústria recente, proliferam os oportunistas de todas as áreas, que proclamam e oferecem tudo e mais alguma coisa. E então quando há dinheiro em jogo, é uma verdadeira desgraça. Ninguém olha a meios para atingir os seus fins. De forma que o risco maior é cairmos num plano muito bem escrito, elaborado por eminências do melhor que temos, mas totalmente inoperante por manifesta inadequação à realidade envolvente. Esse trambolho praticamente inútil, salvo para complicar, pomposamente designado PDM - Plano director municipal, elaborado pelas melhores cabeças da época e que custou uns bons sacos de massa, aí está para demonstrar o que acabo de escrever. 
Tal como sucedeu nas guerras africanas, é meu entendimento que, para travar e vencer a batalha do desenvolvimento ordenado do turismo concelhio e regional, é forçoso começar por escolher os autores do apregoado plano com rigor, com coragem e com a noção da realidade. Por outras palavras, há que evitar entregar a dita elaboração a gente de gabinete, ornada com títulos pomposos e exibindo currículos impressionantes, virando-se antes para os outros. Aqueles que pela calada também estudaram, se diplomaram e trabalharam durante anos no turismo, na área operacional. Andando com os turistas no terreno. Dizendo sempre "sigam-me que vamos por aqui para fazer assim", em vez de "Vão lá indo que depois logo se vê".
Cuidado portanto, João Tenreiro e acólitos. Pior do que não haver plano será haver um plano que custou dezenas de milhares de euros e que só serve para ornamentar...

ADENDA
Parece-me óbvio, mas se calhar é melhor deixar escrito. Estou aposentado e por conseguinte afastado das lides locais como praticante. Continuo todavia aficionado. Treinador de bancada, em suma. Podendo contudo dar uma ajuda em caso de necessidade. Porém não mais que isso. Façam o favor de anotar que usei deliberadamente quatro adversativas: Mas, porém, todavia, contudo...

anfrarebelo@gmail.com

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