sexta-feira, 25 de março de 2016

A doença política tomarense não tem cura

Confirma-se. A doença política tomarense não tem cura. Numa entrevista ao Cidade de Tomar, Pedro Marques foi lapidar. Afirmou que só a relativa maioria PS, amparada pela muleta CDU, toma decisões. E confessou logo a seguir que, mesmo nesse núcleo, não sabe quem decide efectivamente. Temos assim um autarca com vasta experiência que vem assistindo diariamente ao exercício do poder, que teoricamente é democrático, de forma autocrática, mas não protesta. Não age em conformidade. Limita-se a denunciar a posteriori. Como se fora a coisa mais natural. Apesar de lamentar também que vão às reuniões do executivo apenas os assuntos que legalmente ali têm de ser apresentados.
O que já se suspeitava. Uma presidente de câmara de uma cidade com passado brilhante, que recusa submeter à discussão propostas apresentadas pela oposição, está a mostrar o que vale. Tem medo do debate. De não estar à altura. De revelar o que não quer. Prefere agir como uma ditadora, porque aparentemente é mais fácil.
Perante sucessivos atropelos graves, contrariando o que seria normal, a oposição no seu todo (PSD + IpT) comporta-se reiteradamente como um rebanho de cordeiros pascais, prontos para a degola. Em vez de protestarem, de registarem em acta, de abandonarem a reuniões, de em suma incomodarem os autocratas aprendizes de ditador, não senhor. Os eleitos na oposição aceitam tudo com santa pachorra cristã. Parecem dizer "Perdoa-lhe pai que ela não sabe o que faz". Só que sabe muito bem. E até está atravessando, por razões conhecidas, mas de índole privada, uma fase emocional muito complicada, nada propícia ao ponderado exercício do poder. A necessitar portanto de uma oposição rija e eficaz, de forma a evitar na medida do possível a repetição dos erros paivinos, fruto da falta de oposição capaz. 
Ao que isto chegou! Manuel Alegre disse uma vez em plena Assembleia da República que quem tolera sistemáticos comportamentos autocráticos "ou tem feitio de ditador ou alma de lacaio; ou até os dois". 
É afinal a usual e endémica doença política tomarense...

anfrarebelo@gmail.com

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