sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

E agora???

E agora??? perguntam em tom angustiado aqueles tomarenses interessados nas coisas da sua terra. Que também não são assim tantos. Os da esmagadora maioria estão como sempre foram: amorfos, imobilistas, medularmente conservadores e seguidistas. Agora, para tentar perceber o que aí vem na área política nabantina, parece-me indispensável proceder como na medicina -efectuar um diagnóstico tão completo quanto possível e só depois prescrever uma terapêutica.
Uma vez que no fim de contas isto anda tudo ligado, começo por ter em conta que também desta vez a informação local escrita (que a outra nem a oiço) esteve ao seu nível habitual. Só o Mirante é que apresenta uma cobertura escorreita e suficiente da crise em curso. Mas o Mirante não é um semanário tomarense...
Indo à crise. Sejamos argutos: Esta crise tem afinal duas componentes que convém separar. Há por um lado a luta política de Bruno Graça, visando afastar Luís Ferreira, por já ter percebido há muito que é ele a cabeça e o motor da actual maioria relativa. E o único travão eficaz no que se refere às legítimas ambições da CDU a nível local. Por outro lado, em simultâneo, vai-se desenrolando um drama edipiano, que a CDU tem sabido aproveitar. Os filhos políticos de Luís Ferreira, que são afinal todos os membros do executivo, excepto a CDU e o PSD, apaixonaram-se pela mãe, não em termos físicos, mas apenas enquanto símbolo do poder, e tentam por isso "matar" o pai. Não por mero sadismo. Como condição indispensável para se verem finalmente livres de um tutor demasiado exigente e excessivamente prepotente, porque ultra-inteligente e com enorme traquejo político, mas infelizmente também cabotino até à medula. O que retira protagonismo aos tutelados...
Para já, graças à tenacidade obstinada do vereador Bruno Graça, ambos os sectores conseguiram uma vitória importante, porém parcelar e transitória. Atingiram o companheiro e tutor da presidente na carteira, sem contudo lhe retirar a sua capacidade principal -governar por interposta pessoa. Gravemente ferido onde menos lhe convinha, o ex-chefe de gabinete dispõe contudo de recursos intelectuais como nenhum outro (excepto talvez Bruno Graça) para tentar "dar a volta por cima". Não me surpreenderia por aí além se fosse o próprio PS a provocar eleições intercalares, aproveitando a evidente anemia das restantes forças locais, bem como a manifesta incapacidade da CDU para ir além de um vereador.
A não ser assim, vamos continuar neste lamaçal até final do mandato. Com todos os intervenientes agarrados à gamela, uns por isto, outros por aquilo, outros ainda por isto e mais aquilo.
Haveria ainda, é verdade,  a hipótese de fortes protestos da população, susceptíveis de forçar uma mudança a curto prazo. Mas isso aqui em Tomar é como esperar calor tórrido num dos polos...

Contacto: anfrarebelo@gmail.com

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